♚ II - 50 ♛

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PV: Manuella 

 — Onde cê tá?!

—Acabei de chegar, não atormenta!— Respondo e desligo no mesmo momento que o 2k para atrás de um corola na fila de entrada do porto.

Já era a quinta vez que respondia um chamado do PL, a preocupação o consumia há dias e ele acabava me sufocando mais do que já fazia. As brigas e ameças entre ele e meu irmão começaram assim que uma das exigências na troca foi revelada. Pras armas entrarem no Vidigal, alguém tinha que ir buscar bem na toca do rato. E era a onde eu estava, bem no ninho a quase uma da madrugada. Não tinha prova maior de amor, que quase fazer o meu "marido" infartar por causa do Conan.

No mesmo dia que recebi carta verde pra pedir as armas, liguei para a Barbara, uma amiga no meio da policia federal. Isso mesmo, Polícia federal, a vadia era tão ilegal quanto eu dentro do crime. Ela tinha entrado lá por causa do pai, e ficado por causa dos favores que o pai prestava aos "montado na grana". Além de toda a sujeirada de família, ela quebrava alguns galhos quando a louca aqui, resolvia dar uma de traficante.

O pedido foi feito, mas as armas não conseguiriam chegar no Rio nem que eu pedisse com uma semana de antecedência. E era justamente por isso que eu estava bem na porta de entrada do porto do Rio de Janeiro, com um carro de faxada e mais um caminhão roubado que tiraria dali as armas pra um confronto entre facções.
O porto do Rio já era conhecido pela apreensão de drogas e armas, porem, sabíamos que nem todas as cargas eram bloqueadas e levadas no mesmo dia. Além de toda a documentação necessária, sempre tinha alguém mais esperto querendo lucrar com a desgraça de outros.

O carro a nossa frente consegue entrar e chega a nossa vez, só quando o carro se vai noto o policial bem diante da cancela. Nosso carro para e o cara bem armado e irreconhecível, se aproxima. Tentando mostrar tranquilidade entrego minha identidade ao 2K, que a deposita na mão do guarda na guarita a nossa esquerda, encaro o homem uniformizado vistoriar o meu carro pelo lado de fora.

"—Respira, só respira... — Repito mentalmente sentindo o mal estar começar — ele não vai olhar dentro do carro.

PL tinha abastecido o carro, tinha colocado armas e munições por todos os buracos que tinha encontrado, a única parte limpa eram as mais visíveis. Se o soldadinho resolvesse dar uma de perfeito, não só eu estaria fodida, mas todo o plano de abastecer o Vidigal.

Recoloco o óculos de sol, fazendo a egípcia quando o policial se dirige à parte traseira. Observo ele fazer sinal para o porta malas, o 2K aperta o botão destravando-a como se tudo fosse normal. O guarda agora está no telefone, não consigo ler seus lábios pela distância e só espero tudo aquilo como se fosse a pessoal mais confiável do mundo.

Alguns minutos depois o guarda volta, mais sério do que antes, entrega o meu documento e balança a cabeça para o 2K. A cancela levanta no mesmo momento que o porta malas bate as nossas costas, encaro a minha frente tentando manter a pose de rica. Uma etapa já tinha dado certo, entrei, agora era só sair. Com vida, se fosse possível.

— Fica de boa. — 2k abre a boca pela primeira vez no trajeto. Apenas confirmo com a cabeça. 

Ele sabia o que aconteceria se desse alguma coisa errada, a gente morreria no confronto ou apenas eu sairia da cadeia com vida. E esse era um dos meus maiores medos. A ideia idiota de mandar o 2K comigo foi dele mesmo, como se isso fosse tranquilizar tanto o PL quanto a mim. "Mais experiencia" Respondeu. Eu tinha experiencia naquele meio e tava me borrando inteira, como algo assim mantêm a mente de um bandido no lugar? Confronto dentro do seu morro era uma coisa, agora entrar no meio deles com armamento contado? Parecia suicídio até pra mim.

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora