Capítulo 36

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Dodô Narrando.

Meu escroto tava era dolorido, porra a mina agarra logo no ponto fraco do cara, tu tá é doido moço, quando ela saiu, esperei a dor amenizar e vim pra boca.

Eu estava contrariado, tava meio perturbado da cabeça, ideia mesmo, minha vontade era de dar uns tapas nela, mas não consegui, na hora que estava ali apertando o pescoço dela olhando para aqueles olhos cinzas, não funfou a parada, tive que soltar.

Fora que foram raras as vezes que bati em mulher, na maioria das vezes elas estavam aprontando aqui dentro da favela, querendo pagar de pá e não eram porra nenhuma.

Nunca havia topado com uma mina tão segura de si,  não se intimida diante do mundo, nem dos desafios da vida, tem homem que tem medo de mulher assim, mas eu acho massa. Só não gosto dos afrontas dela, fico é doido com esses bagulhos.

Já to ligado que ela faz faculdade, tá procurando crescer na vida, no mundão de hoje tem que ser assim memo, 2º grau tá valendo muita coisa naõ.

 Eu fico imaginando se eu não estivesse nessa vida, o que eu estaria fazendo, quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, eu dizia que queria ser veterinário, gostava de animal pra caramba. 

Ficava com o coração na mão quando via um abandonado na rua, papo dez mermo.

Mas como as coisas se contradizem, estou eu aqui, dono de morro, levo o primeiro trecho da música Entre o Amor e O Ódio , porque ela me define.

Cê apenas foi mais um que se encanto, olho, achou, lindo maravilhoso os cordão de ouro primo. Pra que faculdade universidade escola se aqui no gueto nos também temos jóias, dólares embora diferente num é que sempre cheio febroso o que os mano que no mundo é dinheiro loco!  

Viajo nessa música, uma realidade cantada,  lembro dos parceiros que se foram nas invasões, no ataques dos inimigos, pra alguns é ilusão para outros a única saída para o sustento de sí, da família, da casa e outros entram por que gostam desse estilo de vida. 

Tava lá fumando um e pensando quanto entram sem nem bater na porta, olhei e era Pereira, esse é de fé, desde pequeno na contenção, caminhando lado a lado comigo. 

- Folgado pra caralho tu em filha da puta - Falei e ele sorriu. 

- Porra nenhuma, quero saber do que rolou com Samuel . - Se sentou de frente pra mim e veio querendo pegar o basé que tava na minha boca. 

- Quer sentir o gosto da minha saliva é porra, se saia parceiro, vem com viadagem pra cá não - Abri a gaveta peguei a seda, o esqueiro e a dolinha jogando pra ele.

- Ih, cheio das frescuras, tá mudando de assunto porque mermão, manda o papo logo porra - O encarei. 

Contei pra ele e ele ficou pensando um tempo. 

- Ih caralho, tu tá apaixonado parceiro, se fudeu otário - Falou me zombando, olhas as ideias tortas do cara moço. 

- Que apaixonado o que rapá, vai tomar no cú filha da puta, tá fumando bosta de vaca ao invés de maconha é desgraçado? - Meti logo o brabo. 

- E não adianta se estressar não porra, to te mandando a real parceiro, meteu tiro no cara por causa de uma mina mermão, esse amor é roxo. - Acendeu o basé e deu uma bola. - Quero experimentar essa mina que essa xoxota é de mel. 

Aqui não é mel, é dendê. - Lembrei da mandada falando.

- Amor é o caralho pau no cú, se saia, vai atentar o cão mizerávi, tem mais o que fazer não filha da puta - Me levantei e apontei pra porta - Uma hora concerto esse teu dente torto num murro desgraçado. 

- Fala do meu dente não em porra - Falou e se levantou, abriu a porta - Ae galera, patrão tá apaixonado nessa porra em, mexe com ele não e se souberem quem é a mina, se saiam em, que ele vai meter pipoco. 

Me apressei e cheguei nele, meti a bicuda o fazendo ir pra frente e sair da porta da boca. 

- Vaza filha da puta - Bati a porta e quando ia voltando ouvi foguetes e o rádio começou a apitar. 

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Boa noite.

saudades mores

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