Bia Narrando
- Bom dia seu Neco - Falei ao chegar na barbearia.
- Fala galega - Acenou com a cabeça - Como foi o final de semana?
- Foi bom e o seu?
- Bom demais - Respondeu.
- Eita que a anaconda não saiu do buraco né - Falei e ele gargalhou - Tá certo, passa nada e nem pode, aproveitar enquanto ele fica em pé.
- Isso aqui ainda vai aguentar muito tempo - Falou e eu neguei com a cabeça.
- Deus lhe ajude - Respondi, me sentei e fiquei esperando algum cliente chegar. Chegou um senhor de idade e eu fui atendê-lo.
- O que o senhor deseja? - Falei.
- Cortar o cabelo e fazer a barba - Falou devagar passando a mão no cabelo e na barba.
- Quer pintar o cabelo para ficar chavoso não? - Falei o fazendo sorrir.
- Não adianta minha filha, to com os cabelos tudo branco. - Respondeu.
- Então vamos cortar e fazer essa barba primeiro - Falei e me afastei para preparar o creme de barbear, peguei o pincel, arrumando o encosto da cabeça fazendo com que ficasse inclinada. Passei o creme e depois peguei a navalha.
Tirava a barba dele com todo o cuidado, porque a pele de idosos é mais sensível.
- E as mulher seu João? Tá dando coro nelas ainda? - Perguntou seu Neco.
- Ié toda hora meu fí - Falou e eu não aguente, comecei a gargalhar.
- Ainda funciona a pingola? - Seu Neco perguntou de novo.
- Só precisa de um remedinho, mas funciona bão, e é bão mesmo. - Respondeu, eita que senhor saliente gente, acho que vou ser assim quando ficar idosa, uma senhora sem vergonha.
Terminei de fazer a barba, cortei o cabelo dele deixando bem baixinho e peguei o espelho para ele olhar.
- Tô bonito minha filha? - Perguntou pra mim.
- Tá um gato.
- Então tenho uma chance com você - Piscou, mais gente, que que isso.
- Me desculpa meu senhor, além de ter idade de meu avô que Deus o tenha. - Falei apontando pra cima - Se eu der uma sentada no senhor o senhor dá um infarto.
- Pelo menos vou morrer feliz. - Respondeu e eu neguei com a cabeça.
- Não foi dessa vez - Falei negando com a cabeça, ele acertou com seu Neco e foi embora devagar e sempre.
O movimento hoje foi favorável, cortei uma quantidade boa de cabelo, quando deu minha hora, peguei minha bolsa me despedindo de seu Neco indo para casa.
No Rio de Janeiro o sol é escaldante e eu ainda de calça e blusa preta, só pra lascar com o ser humano mesmo, fiz um coque no cabelo e amarrei a blusa acima do umbigo deixando a barriga a mostra.
- Tá porra, essa é a mulher dos meus sonhos, deixo ela toda muída - Falou um menino que aparentava ter uns 15 anos todo se achando, ele estava junto de uma rodinha de amigos.
Deixa eu acabar com a graça dele, perainda.
- Só cuidado pra não cair da cama, porque na realidade isso não vai acontecer. Olha meu tamanho pro seu, eu te desmonto menino, vai estudar vá.
Ele ficou todo sem graça e seus colegas começaram a zoar ele, continuei meu caminho e logo estava em casa.
Não aguento horário de verão, o sol demora a ir embora deixando a gente cansada de pouca caminhada.
Quando abri a porta corri para o banheiro, não gostava de me sentir suada. Igual em período de menstruação, eu tenho que banhar umas 3 vezes por dia se não sinto que estou fedendo. Quando estou na faculdade, dou uma abaixada de leve para verificar o cheiro. Fico toda paranóica.
Terminei o banho e fui para a sala me jogando no sofá, fiquei pensando no que comer, decidi pedir uma jantinha da tia daqui que eu havia pegado o número, fazer comida pra uma pessoa é o erro.
Pedi a jantinha e minha barriga já roncou, misericórdia. Fiquei mexendo nas redes sociais até ouvi batidas na porta. Corri pensando que era a jantinha mas não era.
Assim que abri a porta me deparei com Juliano, a cena que eu vi foi de partir o coração, meu amigo estava com o olho roxo e a boca cortada, meu coração doeu, minha garganta deu um nó, minha vontade era de chorar, mas eu segurei.
Ele correu para meus braços e começou a chorar feito um bebê, ai eu não consegui segurar o choro, puxei ele pra dentro fechando a porta com o pé e me sentei no sofá com ele abraçado a mim.
Esperei ele se acalmar e me encarar, me levantei fui a cozinha fazer uma água com açúcar, voltei entregando para ele beber.
- O que fizeram com você? - Perguntei após ele terminar de tomar a água.
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Tadinho do nosso Juju. O que fizeram com ele?
Quero que me respondam essas 3 questões.
1. Como acham que o Dodô é e deve ser.
2. Como acham que a Bia é e deve ser.
3. O que acham que deve acontecer no decorrer da história.
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Amor Marginal
Fiksi RemajaRespirando mágoas de uma outra dor, do nosso caso imoral. Para calar o sexo mais banal, pra virar poesia. Desse amor, desse amor marginal eu vou. Plágio é crime, eu denuncio e ainda faço um barraco.