Dodô Narrando.
Tava foda ver Bia daquele jeito parcero, dona que é porra louca, quando fica quieta é ruim demais.
Quando eu vi a mensagem que ela havia mandado, me liguei que ela ia precisar de alguém ta ligado, nessas horas uma companhia faz bem.
Como não podia dar grave indo para a pista, fui para a casa dela esperar. Quando ela chegou, ou, preferia que ela me xingasse todinho, bagulho ruim ver a dona chorando parcero, ideia mermo.
Depois que ela dormiu, peguei o celular e mandei mensagem pro Pereira segurar as pontas lá, não podia ficar muita cota fora do morro, mas tem exceções.
Fiquei fazendo carinho nela até eu pegar no sono.
- Não, não, solta meu amigo, para, não machuquem ele - Acordei com Bia gritando e se debatendo na cama, me sentei na cama, a encarei e ela tava tendo pesadelo.
Toquei em seu braço devagar e acabei levando foi um murro nos peitos, caralho doeu, quase fico sem ar no bagulho, quando digo que a dona é uma cavala.
- Eita porra mermão - Falei alto e ela abriu os olhos, tava toda suada. - Venho cuidar da dona e ela faz e me bater, tu tá é doido moço, que é isso parceira - Coloquei a mão onde levei um murro e ela se sentou na cama e me abraçou.
- Me desculpa - Falou - Eu estava sonhando com o que aconteceu. - Falou abaixando a cabeça, na moral, tava ruim pra caralho ver a mina assim, papo retão.
- Desculpo é porra - Falei me levantando - Vou me sair é ligeiro mermão, sou nem saco de pancada. - Na moral eu dava certinho para ator, diz aê, mas era só pra ver se ela esquecia pelo menos um pouco.
- Não Dodô, por favor não vai não, fica aqui - Pediu vindo atrás de mim e eu me virei para ela, fui me aproximando devagar tomando seu rosto em minhas mãos.
- Tu acha que eu sou doido de te deixar nesse momento rapá? - Perguntei a encarando - Claro que não porra, vou só dar uma mijada ali com dificuldade porque o bruto tá acordado - Selei nossos lábios e fui em direção ao banheiro.
Quando voltei ela estava deitada na cama olhando para o teto, me deitei do seu lado e a abracei. Ela se virou para mim e sorriu de lado.
- Eu só queria que fosse um pesadelo ruim, e quando eu acordasse meu amigo estivesse aqui, me atentando e fazendo graça. - Falou e as lágrimas já começaram a descer por seu rosto.
- Se liga, já pensou se o cara acordasse e tivesse perdido o movimento das pernas ou braços? Se uma parte do cérebro desse pt? Logo ele um cara que não gosta de ficar parado. Toda a dor que ele passou quando apanhou acabou. Pode pá que ele está num lugar melhor que a gente. Guarde as fitas boas que tiveram e quando se lembrar dele, sorria po, boto fé que ele amava te ver feliz papo retão. Se pá ele tá olhando por ti no bagulho. - Mandei a real, moleque era firmeza.
Ela me olhou e sorriu quando ia dizer algo...
- Bia minha filha - Ouvi uma voz feminina.
- É a minha mãe - Falou e eu fiquei do mermo jeito, se tem disposição pra ficar com a filha, tem que ter pra encarar a mãe. - To no quarto - Gritou.
Logo ela apareceu no quarto junto de um cara que deduzi ser o pai, Bia tinha uns traços dele, eles a abraçaram e depois me encararam.
- Oi - Falei cumprimentando eles, tem que ter educação né fi.
- Oi - Responderam.
- Aê, vou me sair, ta ligada que não vou poder ir lá no cemitério né? - Ela assentiu. - Quando terminar, se quiser colar lá em casa, vou ficar no aguardo beleza?
- Tá bom - Selou nossos lábios sem nem se importar com a presença dos pais ali, ih rapá, tamo fluindo - Obrigada mais uma vez. - Selou de novo e eu assenti com a cabeça.
Dei tchau pros pais dela e me saí.
- Namorado? -Ouvi o pai dela perguntar.
- Um caso indefinido mais rola paixão - Respondeu e eu sorri de lado negando com a cabeça.
Bia Narrando.
- Ele parece mexer com coisa errada. - Meu pai disse
- Pelo amor de Deus querido, nossa filha precisando da gente e você querendo bancar de pai ciumento? - Minha mãe disse se deitando ao meu lado - E se mexer? Nossa filha é grande e vacinada, tudo bem que não devemos deixar de nos preocupar e se precisar até uns tapas ela leva. Mais as vezes um desses vale mais que esses riquinhos, ou tu se esqueceu do que aquele embuste fez com nossa filha? - Meu pai não disse mais nada apenas se deitou do meu outro lado e me abraçou forte.
A mãe de Juliano havia mandado mensagem informando sobre o velório.
(...)
Eu não parava de chorar em momento nenhum olhando para meu amigo ali naquele caixão, tão lindo, a mãe dele havia maquiado ele para esconder os hematomas.
Eu não sai momento algum do lado dele durante o velório, tiveram que me segurar na hora de descer o caixão, a hora mais desesperadora, a certeza que eu não veria mais ele. Havia comprado uma coroa de flores rosas com uma faixa escrito " Alegria é saber que na minha vida tive pessoas como você. Eterno em nossos corações"
Agora eu não viveria somente por mim, viveria pelo meu amigo. Se a missão dele nessa terra era me fazer feliz, foi realizada com sucesso.
Agora ele será meu eterno anjo com as asas do arco-íris.
》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》
Boa tarde mores.
To querendo escrever mais. Me dêem idéias.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Marginal
Teen FictionRespirando mágoas de uma outra dor, do nosso caso imoral. Para calar o sexo mais banal, pra virar poesia. Desse amor, desse amor marginal eu vou. Plágio é crime, eu denuncio e ainda faço um barraco.