1: Drew e Antoine

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Caça Fantasma









-É por aqui vem...!
-Estamos andando a horas Drew... onde é que fica esse maldito lugar?. Perguntou Antoine a seu amigo, ele carregava a maioria do equipamento de filmagem em uma mochila grande nas costas, o tripé nas mãos... o colete que vestia cheio de bolsas trazia outras bugigangas como parte do material de cinegrafista. Drew seguia na frente guiando-os pela mata usando o GPS do celular, uma lanterna em mãos e também vestia um colete com múltiplos bolsos como o de Antoine. Juntos formavam o DPI - Departamento de Investigações Paranormais, como Drew intitulou. Antoine estava zangado, sempre topava de cara qualquer missão que Drew os metia, por mais que fossem arriscadas e sinistras nunca abandonou o amigo desde que se formaram na faculdade, como trabalho eles faziam filmagens de todos os tipos mas o que Drew realmente gostava era de mistério, seu hobby pessoal e passatempo nas horas vagas, no fim de semana retrasado eles receberam um contato no blog de um dos fãs que lhe deu a dica de um lugar específico em uma floresta ao redor de uma cidade que eles nunca ouviram falar. Antoine não estava gostando nada de perambular no meio daquele lugar a noite, estava frio na mata e pior era de madrugada, quantas coisas ele não poderia estar fazendo nesse momento... dormir, acordar, assaltar a geladeira no meio da noite, jogar RPG ou assistir alguma série... mas não ele estava ali, porque? Só Deus sabe, "deveria tê-lo deixado vir sozinho" pensava, mas temia que Drew fosse sozinho e se mete-se em encrenca como era bem típico... quantas vezes ele já fora acordado de madrugada com uma ligação do amigo dizendo que estava preso e que precisava de ajuda? Incontáveis.
-É uma clareira no meio da floresta... há um totem estranho no centro onde se fazem rituais de bruxaria, dizem que o lugar é assombrado... é um bom lugar para rodar um filme, não acha? Quero dar uma olhada... vamos Antoine, só mais pouco, coragem amigo. Incentivou Drew na expectativa.
-Só mais um pouco... a três horas ouço a mesma coisa Drew, eu não sou burro de carga sabia? Estou cansado e com fome e quero voltar para casa. Reclamou Antoine, Drew ainda seguia na frente usando o mapa digital... eles estavam na direção certa, mas porque não estavam chegando? Foi quando olhou para frente no limiar de uma clareira.
-O que é aquilo?. Perguntou ele parando subitamente, Antoine quase esbarrou nele e soltou um palavrão.
-O que é agora?
-Olha só... parece uma igreja. Disse Drew olhando admirado a construção em ruínas iluminada pela luz tênue da lua.
-É uma igreja cabeção.
-Um templo erguido no meio do nada? Isso não é comum... parece mediavel, da idade média, século XV... isso não devia estar aqui.
-Não é o tal ponto de referência?
-Não, não é... no email dizia uma clareira limpa com um totem no meio... mas é magnífica, não é?. Perguntou Drew fascinado.
-Não é não... esta mais para arruinada e caída aos pedaços, não tem nada de magnífico nisso.
-Você não sabe apreciar antiguidades... há histórias presentes em cada bloco de pedra daquelas paredes... eu vou dar uma olhada. Disse Drew tirando a mochila das costas e colocando-a ali encostada em uma árvore, Antoine revirou os olhos... é claro que ele tinha que parar para dar uma olhada.
-Ótimo... eu espero aqui e vê se não demora, quero sair logo desse lugar.
-Está bem. Concordou Drew ao galgar os degraus de pedras da construção abandonada e empurrar a porta de ferro.
-Que cheiro estranho é esse?. Perguntou Drew cobrindo a boca com a mão.
-Não fui eu.
-Não, não é isso... é outra coisa, você não é tão podre assim. Disse Drew sondando a escuridão lá dentro.
-Obrigado.
-É como se alguma coisa tivesse morrido aqui dentro... que fedor.
-Quer mesmo entrar aí cara?
-Eu já volto. Disse Drew penetrando na escuridão das ruínas e desaparecendo de vista. Antoine ficou esperando do lado de fora como disse que faria, colocou a mochila pesada um pouco no chão e se espreguiçou... andou um pouco pelo átrio da igreja, o chão de pedras coberto de folhas mortas, foi até às escadarias esfregando às mãos gélidas uma na outra, o ar saindo em lufadas de fumaça com a respiração. Chegou ao topo da escadaria ainda esperando.
-Vai demorar muito? Não quero ficar aqui a noite toda. Olhou o relógio andando de um lado a outro falando com o amigo que explorava o interior da igreja, resmungando.
-Você e essa sua mania de estrelado Drew Barrymore... você vai acabar se dando mal um dia desses e eu também com essa coisa de caça fantasma, sua mamãe não deveria tê-lo encorajado com coisas como cinema, fama, prestígio e reconhecimento... tudo besteira, deveria cair na real assim me poupa de embarcar nessas suas expedições em busca de coisas macabras, não sei como me convenceu a fazer o mesmo curso... que grande estupidez, idiotice... eu poderia ter me formado em outra coisa, algo mais saudável para meu coração... toda essa caça a demônios, fantasmas, bruxas é tão absurda... droga cara, eu já estou me sentindo sozinho aqui. Disse Antoine tentando preencher o silêncio sem ficar preocupado.
-Não pense que me esqueci daquela vez que você me deixou dentro daquela casa mal assombrada sozinho, sua mãe não lhe ensinou a não brincar com essas coisas?!... Drew?. Chamou ele cansado de esperar, olhou o relógio se passaram cinco minutos... viu os corvos nas árvores, pássaros pretos escondidos nas sombras da noite fazendo aquele barulho de arrepiar.
-Cara qual é... eu estou cansado e com fome você sabe como é que eu fico quando estou com fome então vamos logo lá procurar aquele totem sinistro e voltar por favor?... Drew? Você sabe como eu fico ansioso quando você não responde... tudo bem estou entrando. Falou ele, Antoine se aproximou da entrada, lançou uma olhar longo a espera de uma resposta como não obteve se aproximou da porta pesada, puxou um arco que servia como maçaneta... a porta se abriu devagar rangendo com as dobradiças enferrujadas, olhou exasperado a escuridão... um cheiro ruim invadiu suas narinas e ele levou a mão ao nariz.
-Que cheiro podre é esse? Drew?... isso não tem graça cara, será que podemos ir logo de uma vez?. Perguntou, só houve o silêncio como resposta... Antoine pegou o celular no bolso e usou o brilho da tela para iluminar o caminho ao entrar, viu os destroços do que parecia ser mobília arcaica e do teto cobertos por poeira e teias de aranhas, deu alguns passos para dentro, iluminando o chão e afastando as teias de aranhas que entravam em seu caminho... depois viu uma coisa... manchas escuras que estendiam como se algo tivesse sido arrastado no piso, se abaixou e tocou com o dedo, era molhado e tinha um cheiro familiar e grosseiro que fazia seu estômago se agitar.
-Isso é... sangue.
-Ah!. Um grito penetrante de dor e agonia do outro lado o fez se erguer no mesmo instante, era Drew.
-Drew?!. Chamou ele, Antoine correu em direção aos gritos saltando uma pilha de madeira no caminho, a luz fraca do celular iluminou algo... Drew estava no chão, havia sangue por toda parte e havia alguma coisa a mais ali, na escuridão, algo sombrio e sinistro que se movia com rapidez, olhos cintilantes vinham em sua direção e essa seria a última coisa que veria em sua vida.

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