74: Na Mira

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Bella









-Ainda falta uma hora para o evento Carl... não poderíamos passar na casa de Sol um instante por favor?. Perguntei olhando o espelho retrovisor.
-Claro senhora é caminho. Disse ele sem me olhar virando em uma rua no centro, as lojas começavam a fechar e os restaurantes a abrir suas portas, passamos pela rua do café onde Tita trabalhava, ela se despedia de seus colegas acenando ao sair... com a partida de Zack para a Universidade, Tita dividia seu turno durante a tarde com outra garota... Carl buzinou em cumprimento ao passar por ela que acenou de volta com um largo sorriso, estava tão linda com seu corte de cabelo curto desfiado.
     Um quarteirão depois em frente ao parque paramos em frente a um prédio de três andares, Derek desceu primeiro segurando a porta para mim.
-Terceiro andar apartamento número 6 senhora. Disse Carl, eu assenti e desci do carro com Emma, ela segurou minha mão novamente, subimos às escadas não havia elevador, nem recepção, nem interfone, era um lugar modesto, a pintura de tons claros trazia certa naturalidade ao lugar combinando com às portas brancas, a porta número 6 tinha um tapete branco na porta escrito bem-vindos, eu bati a porta, ouvi um arrastar de passos, olhei meu relógio de pulso ainda era cedo, a porta foi aberta por um senhora de cabelos pretos e uma expressão de espanto.
-Acho que já podemos dizer boa noite, não?. Perguntei, ela piscou e sorriu agraciada.
-Senhora Lichtenfels... é um imenso prazer enfim conhecê-la, boa noite... entrem por favor, sou a mãe de Sol... meu nome é Carine. Disse ela, eu entrei no pequeno e aconchegante apartamento acompanhada de Emma e Derek, Carine me conduziu pelo lugar oferecendo bebidas e petiscos mas eu recusei a gentileza.
-E como Sol está?. Perguntei, seu semblante contente ficou um tanto pesaroso.
-Madame Lenine era como um ídolo para minha filha, era uma grande admiradora do trabalho de Ivy... tudo isso foi como... o fim de um sonho para ela, Sol está deprimida e eu estou preocupada. Disse Carine, olhei a porta do quarto cheia de corações enfeitados com o nome quarto da Sol, ela estava deitada de costas para nós, não se mexeu... pousei a mão no ombro de Carine como apoio, ela agradeceu o gesto envolvendo minha mão por um instante.
-Eu vou ver como ela está. Disse, Carine concordou e eu entrei no quarto, a mãe de Sol levou Emma a cozinha oferecendo biscoitos a pequena... eu me sentei na beirada da cama de Sol, toquei seu braço e ela se virou devagar, ela estava chorando... eu peguei sua mão puxando-a para meus braços, ela chorou em meu ombro enquanto eu acariciava seu cabelo macio em suas costas...
-Tudo bem querida, está tudo bem agora. Disse, ela se afastou... os olhos vermelhos inchados pelas lágrimas que derramara... eu segurei sua mão.
-Foi tudo tão rápido... a explosão, eu bati a cabeça... os policiais queriam saber o que aconteceu mas... e madame Lenine...
-Você está bem e Ivy... bom agora ela está bem também, não existiria esperança se não acreditasse nisso. Disse, olhando Sol como ela estava, seu carinho e afeto por Ivy sofriam a perda, me sentia melhor por saber que ela não teve que lidar com a imagem de Ivy ao ser retirada do incêndio porque estava desacordada e saiu antes, lutava para não pensar em como devem ter sido seus últimos instantes de vida, a dor da agonia da morte horrível que teve, rezava para que ela não tenha sofrido, que ela não tivesse sentido a dor... assombrada em meus sonhos, eu não conseguia esquecer talvez nunca esquecesse, ver alguém tão querida daquela maneira abrira mais um talho em minha alma, uma ferida que nunca deixaria de sentir... seria uma luta para que a imagem que tinha de madame Lenine como ela era de verdade, a dama clássica de olhar espirituoso e inspirador prevalece-se em minha mente, que não fosse manchada, porque a última vez que a vira... aquela cena me marcaria para sempre...
-Eu não tenho uma religião, nunca me importei com isso, achava que tudo não passasse de uma invenção da humanidade para ter um motivo para continuar acreditando, para onde vamos após a morte?. Ela deu de ombros e continuou.
-Mas agora me preocupa saber dessas coisas, não digo isso por mim mas para Ivy... desejo o melhor, o paraíso? Porque não?. Perguntou ela, os olhos sonhadores e entristecidos.
-Também desejo o mesmo Sol... que Deus a tenha. Disse beijando o alto de sua cabeça.
-Agradeço que a senhora tenha vindo... estou muito feliz por vê-la, como todas às vezes... vê-la sempre me trouxe paz, não se atormente minha senhora, fique bem pelos que ainda precisam de seu consolo e amparo. Disse ela... seria difícil mas não quero mais fugir, nem ter medo, por sorte eu não estou sozinha... o pensamento me fez olhar para Derek, sozinho... era isso que via em seus olhos, solidão... ele tinha Emma mas como foi para ele antes dela? Foi tão sombrio assim? Para uma criança é sempre mais difícil estar sozinho, se sentir só... olhei os braços cobertos por ataduras de Sol, afaguei sua mão delicadamente.
-Também lhe faço o mesmo pedido querida, não fique deprimida... sei que não está sendo nada fácil para você como está sendo para mim, mas pense em você, em sua família e em Ivy... ela não iria querer vê-la infeliz, ela também ama você e sabe disso... eu preciso ir agora mas virei vê-la em breve... lembre-se de que não está sozinha, até logo querida. Disse, ela assentiu com emoção apertando minha mão uma vez, eu sorri e me dirigi a porta.
-Senhora Lichtenfels?. Chamou Sol, eu me virei e fitei sua expressão confusa.
-Sim.
-Eu vi Ruth no café ao lado do ateliê quarta-feira de manhã, ela usava óculos escuros e mesmo sendo de manhã o dia estava quente demais para usar sobretudo, mas ela sempre usou tantas roupas... ela estava estranha um pouco pálida talvez e dizia coisas... eu não entendi era como se ela não estivesse me vendo ali parada ao seu lado... seu comportamento foi estranho, achei que ela estivesse delirando.
-A que horas você a viu?. Perguntei, senti minha testa crispar.
-Às oito da manhã quando fui comprar pão e novamente às 13h00 antes de abrir o ateliê para comprar um suco... Lucas, o garçom do café disse que ela passou a manhã inteira lá sentada, não comeu e não bebeu, ele até pensou que ela estivesse drogada por isso me pediu para tentar falar com ela mas ela não me ouvia, só ficava repetindo a mesma coisa.
-O que ela disse?. Perguntei... quarta-feira foi o dia do incêndio, Ruth esteve no café ao lado no dia do incêndio... Sol a viu e disse que ela estava estranha... estranha naquele dia.
-Coisas como... "Ele é meu desde o começo", "Fomos feitos para ficar juntos, para sempre" e "Ele é meu"... ela repetia isso sem parar... acho que devia ser problemas com namorado talvez.
-Ruth não tem namorado. Sussurrei automaticamente, as palavras saíram da minha boca sem que eu sentisse... a lembrança da mensagem no espelho veio até mim estabelecendo uma conexão medonha e inaceitável... "Você vai morrer Bella"... "Ele é meu!"...
-Ah... devo ter entendido errado, só queria saber se ela está bem?
-Ela estava na cozinha quarta ajudando às outras... enquanto eu conversava com um amigo... eu não a vi sair... obrigada Sol, preciso ir agora. Disse saindo em seguida a passos lentos, pensando...
       Ruth esteve na cozinha e depois não a vi mais pelas casa... ela esteve no café ao lado do ateliê... uma mulher foi flagrada pelas câmeras de segurança... a mulher que provocou o incêndio...
       Uma tentativa de assassinato na qual eu era o alvo, uma tentativa mal sucedida, Ivy estava morta, mas porque me eliminar? Ódio como Rô disse mas pelo que? O que eu fiz?... era a mim que ela queria morta como a mensagem no espelho dizia... mas porque Ruth iria querer minha morte? O que ganharia? O que nos liga? O que Ruth tem a ver com isso? Não... deve haver algum engano... eu a conheço, sei quem ela é, e a Ruth que eu conheço jamais faria ou se quer pensaria em fazer uma coisa dessas... ferir alguém na tentativa de me ferir, pôr que motivo? Essa não era Ruth... não, não podia ser.
-Tudo bem senhora?. Perguntou Derek, não tinha me dado conta de que havia parado... olhei seu rosto preocupado e isso me tranquilizou, ajudou a me acalmar mas as conclusões que havia chegado, se é que eu havia chegado a alguma conclusão giravam caóticas em minha mente.
-Não sei Derek... não sei, vamos.
     Na recepção do evento a primeira dama nos recebeu na porta de sua casa, carros luxuosos de figurões que eu não conhecia formavam fila na porta, vindos de outras cidades ansiosos para o dia da corrida, a mudança deve tê-los animado, um incentivo, Elizabeth era mesmo um gênio, usando de persuasão para convencê-los a comparecer.
-Chegou a hora deles contribuírem com algo realmente honrando e mais importante do que seus mimos luxuosos... não passam de coroas mimados, crianças eufóricas com seus brinquedinhos caros. Disse Elizabeth em um sussurro para mim olhando às pessoas desfilarem com elegância pelo tapete vermelho sendo recepcionados pela filha dos Greenberg, Elizabeth Greenberg, a primeira dama me abraçou por um instante e se afastou sorridente ao me receber em um canto.
-Que bom que vieram fico muitíssimo grata... você está maravilhosa. Elogiou ela, eu sorri por cortesia mesmo sem qualquer vontade... Ah Ruth, por favor, que não seja você... você não... não, não.
-Adam não pode vir ainda mas chegará mais tarde. Disse, ela me olhou sem entender e olhou Derek a meu lado com mais atenção por longos segundos, avaliando-o, olhando melhor... ela me olhou como se tivesse cometido uma gafe terrível.
-Ah Deus! Por um instante pensei que este homem fosse seu marido... eu devo estar precisando marcar uma consulta com o médico, estou ficando cega... deve ser a idade. Disse Elizabeth, eu sorri novamente sem muita convicção segurando a mão de Emma que sorria de orelha a orelha olhando às pessoas passarem como se estivesse em um mundo encantado.
-Mais quem é essa preciosidade?. Perguntou Elizabeth, Emma se escondeu atrás de mim ao perceber a atenção da primeira dama.
-É a filha do meu novo guarda-costas... senhor Volga está é a primeira dama. Apresentei-os, ele se aproximou quando Elizabeth estendeu a mão... sem esperar pelo gesto Derek encostou os lábios delicadamente nas costas da mão primeira dama... ela ficou lisonjeada.
-Um nobre cavalheiro... já não fazem mais homens assim como antigamente... venham meus queridos entrem e fiquem a vontade, Maya irá acomoda-los a sua mesa. Disse ela ficando de prontidão na porta ao lado da filha.
        Ao entrar na mansão do prefeito, uma mulher jovem muito elegante de vermelho, a pele dourada, o sorriso resplandecente, ela nos acompanhou pelo hall apinhado de cavalheiros em seus ternos de gala e damas vistosas trajando belos vestidos e cobertas de brilhantes... eu devia ser a mulher casada mais jovem e mais simples dali, eu não tinha hábito de usar jóias apesar de sempre ser presenteada por Adam com elas pelo menos às que eu não achava um exagero como o conjunto de rubis que me dera no primeiro mês de casados que sinceramente me deixou assustada quanto a sua riqueza, como recém-casada com um homem tão rico eu não conseguia lidar muito bem com tudo isso logo depois de ter recebido uma herança milionária do meu falecido amigo Dummont que já era demais... eu não estava pronta para toda essa grandeza, nunca me importei com luxo, nem com dinheiro, achava que não era necessário para nós dois, e temos demais... só o amor é o que o importa, o mais fica em segundo plano, desde então, afeiçoado aos meus gostos Adam procurou se conter um pouco quanto a presentes que me deixariam intimidada, ele não podia ter uma empatia completa porque nasceu em um berço de ouro, jamais poderia me entender mas se esforçava para entender e me deixar feliz e era tão carinhoso, amável, gentil, bondoso... orgulha-me poder chama-lo de meu, meu príncipe.
         Fiquei feliz de estar pensando em outro assunto que não fosse a questão de Ruth, talvez no fundo eu soubesse que estava enganada...
         Havia uma escada com um tapete vermelho, fomos conduzidos por ela até um salão repleto de mesas, Maya nos guiou por entre às mesas até um lugar reservado com o nome Lichtenfels em um cartão com letras douradas, coloquei Emma em meu colo assim que sentei, ela admirava o ambiente com seus brilhantes olhos azuis, olhei Derek ali de pé olhando a sua volta vigilante.
-Pode se sentar conosco se quiser senhor Volga. Sugeri, ele não me olhou.
-Estou bem assim senhora... obrigado. Disse ele circunspecto... rodadas de aperitivos foram servidas para a degustação dos convidados com drinques, as bandejas circulavam entre as mesas por garçons habilidosos. Eu ergui a mão enquanto um deles se aproximava e ele veio diretamente a mim.
-Um drinque madame?. Perguntou sorrindo gentilmente.
-Tem álcool?. Perguntei, ele negou com a cabeça e peguei uma taça com um líquido alaranjado e um chapeuzinho amarelo e o entreguei a Emma, ela bebericou o que me parecia ser um suco sentada tranquilamente em meu colo, a festa tinha uma estrutura refinada, a cara da primeira dama, às mesas eram cobertas por um tecido cinza que parecia cetim, vasos com flores decoravam o centro aliás como toda a festa, arranjos florais espelhados por toda parte exibindo a exuberância clássica da mansão dos Greenberg.
-Senhora Lichtenfels... que prazer vê-la por aqui. Disse uma mulher loura de cabelos ondulados, a filha de Elizabeth, eu me levantei para abraça-la colocando Emma em minha cadeira.
-Como vai Lola?. Perguntei, ela sorriu... Lola Amélia Greenberg era casada com um importante empresário do ramo de telecomunicações, tinha dois filhos, os gémeos Alexander e Alejandro, Lola estava acompanhada por um homem... ela o apresentou.
-Bella... este é Rick Williams, Rick é meu primo piloto... sobrinho da mamãe e Rick esta é Bella Lichtenfels. Disse Lola com orgulho, olhei o senhor Williams... ele estava pálido, os lábios entreabertos, os olhos azuis em mim.
-Senhor Williams... tudo bem?. Perguntei olhando seu rosto sem cor, estendi a mão e ele parecia perdido.
-Não seja grosseiro Rick... cumprimente a dama. Disse Lola dando um empurrãozinho no ombro do primo, ele piscou, tossiu e sorriu para mim pegando minha mão.
-Senhora... casada?. Perguntou ele olhando a aliança dourada em meu dedo, ele recuou quando assenti.
-Como estão os gêmeos Lola?. Perguntei, Lola sorriu... falar dos filhos era seu assunto favorito, me sentei novamente trazendo Emma para meu colo ouvindo Lola sem ouvi-la realmente... não gosto da direção que meus pensamentos estão tomando, eu tinha que falar com Ruth de qualquer jeito o mais rápido o possível, também não podia ser nada, ela estava em um café ao lado do ateliê, e daí? Nada demais, todos frequentam àquele café... mas o que Sol disse sobre o delírio de Ruth... o que Ruth disse a ela... não, não podia acusar alguém assim, meu inconsciente a acusava e meu coração a defendia.
        Os convidados já estavam todos a mesa quando Elizabeth subiu no pequeno palco para anunciar a chegada dos pilotos de corrida que subiram um a um dizendo estar ansiosos para a corrida, eu me obriguei a prestar mais atenção ao que acontecia ao meu redor, em seguida deram abertura ao evento com um vídeo feito na ala hospitalar dedicada ao tratamento do câncer, várias crianças vinham de diversas partes do país para o tratamento no hospital da cidade que era um dos mais especializados e bem preparados da área, a verba das doações seria aplicada em equipamentos, e também haviam os chamados Padrinhos do Coração que escolhiam uma das crianças para financiar seu tratamento, com a corrida, cada um dos carros para às apostas representaria uma criança diferente, o objetivo é arrecadar o máximo de fundos para cada uma delas efetuar o tratamento.
        Elizabeth se empenhava na busca de padrinhos para elas e explicava sobre o assunto aos presentes, o valor que uma doação dessas tinha para a continuidade da vida de doente era alto, uma vida poderia ser salva e isso não tinha preço, o filme que passava no telão ao lado dela mostrava algumas dessas crianças cuja vida dependia de uma dessas doações, a espera de um milagre, mas esse milagre dependia de uma daquelas ricas pessoas... era comovente ver o quanto Elizabeth estava empenhada no projeto para ajudar às famílias que não podiam arcar com as despesas do tratamento, em um momento de forte emoção algumas lágrimas caíram de seus olhos e um homem próximo a ela lhe estendeu um lenço, era notável o quanto isso era importante para ela, o quanto a causa era de extrema importância... vendo aquelas imagens dos rostinhos sorridentes mas cansados com a cabeça sem nenhum único fio de cabelo, notava-se o desgaste porém mais ainda a perseverança deles, um sorriso em meio a desolação e a falta de esperança era incrível de se ver, uma flor pode sobreviver no deserto, era o mesmo com a esperança... vi o que Elizabeth pretendia com isso, motivar as doações, não era chantagem emocial ela só mostrou a todos uma realidade diferente da deles, os grandes milionários com suas toneladas de dólares guardadas em cofres de segurança máxima, estoquistas de dinheiro, papel, nenhum deles estava preparado para a realidade como ela é... seja como for, Elizabeth queria causar esse choque neles mostrando-lhes o quanto a vida parecia não valer nada para eles, mas o dinheiro por outro lado...
        Depois do filme e como para causar mais impacto, uma menina subiu ao palco com um lenço na cabeça, os olhos brilhando mais que às luzes do ambiente, ninguém estava preparado, ninguém tinha noção do que ela iria fazer se a primeira dama fosse apresenta-la e pedir por ela uma doação mas não foi isso... ela se posicionou no meio do palco e deram um microfone a ela, não disse seu nome, quem era ou de onde vinha... e quando a música da pequena orquestra ao lado do palco começou a tocar suas primeiras notas ela começou a cantar... sua voz... afinada de cantora lírica surpreendeu os ouvintes, as melodias se envolvendo em construções harmônicas era divino, não tinha uma palavra melhor para descrever o que ela fazia no palco simplesmente divino, o canto do céu... às pessoas estavam chorando.
-Está chorando... porque?. Perguntou Emma tocando meu rosto sem entender, eu beijei seu rosto.
-Quer me acompanhar ao toalete?. Perguntei, ela assentiu e a coloquei no chão, peguei sua mãozinha e saímos do salão em direção ao banheiro com Derek como escolta.
-Tudo bem senhora?. Perguntou Derek, eu sorri olhando seu rosto sem emoções.
-É somente meu coração falando mais alto... a gravidez tem me deixado mais sensível ultimamente. Expliquei, ele assentiu com seriedade e eu entrei no banheiro com Emma, Derek ficou do lado de fora.
      Emma encarou as portas dos três banheiros femininos separados em divisórias na parte detrás da mansão perto da piscina, como o banheiro de um colégio... Elizabeth disse que não era uma opção ter construído alguns banheiros naquela área era uma questão de vida ou morte fazê-los já  que seus filhos viviam dando festas na piscina e ela dizia que a casa ficava inundada por lagoas que os banhistas deixavam no meio do caminho até os banheiros mais próximos que ficavam no andar de cima, ela já havia caído e quebrado a perna na escada por isso.
-Quer ir?. Perguntei, ela assentiu apertando às pernas.
-Precisa de ajuda ou consegue ir sozinha?. Perguntei, ela sorriu e soltou minha mão.
-Sou crescida... posso ir?
-Vai querida. Falei, eu vi a pequena adulta entrar e fechar a porta e me virei para o espelho... maquiagem a prova d'água salvava a vida de uma mulher, mesmo assim eu abri minha bolsa de mão e comecei a retocar o batom quando ouvi o som de uma das portas do reservado ranger... pensei que fosse Emma mas não era, a porta ao lado do reservado que ela estava tinha sido aberta, alguém saiu... eu a olhei mais do que surpresa, chocada, seus olhos me assustaram eram estranhos, brancos, um olhar lívido como se ela estivesse morta... comecei a andar em sua direção preocupada quando ela sacou uma arma que escondia atrás de si, eu parei fitando a pistola apontada para mim, eu era o alvo, na mira de seus olhos sem vida, de alguém que eu bem conhecia...
-Ruth. Sussurrei olhando diretamente em seu rosto frio... Oh não Ruth, você não...

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