59: Nas Sombras

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No limite da dor, vencendo os mares.
Matthew Stanley









        Não sei que dia é hoje, só sei que estamos viajando a muito em um navio, estou em um quarto sombrio e frio de paredes de metal sem luz e não penso em mais nada além da dor... não é que eu seja um bebé chorão mas é difícil suportar quando seus ossos estão quebrando...
       Onde eu estava na escuridão em minha inconsciência; eu estava morto ou a beira da morte, me sentia dessa maneira, como um moribundo perecendo em sua demência, eu estava da mesma forma, morrendo de tristeza enquanto a loucura me cercava porque havia mais alguma coisa lá no escuro comigo e por mais que a voz me trouxesse a calmaria naquele inferno, eu estava me afogando em mim mesmo. Ela me disse que precisaríamos pegar um navio, era a única maneira de chegar ao tal lugar, a Ilha em que eu passaria algum tempo mas nesse período os pesadelos foram uma tortura... além dela, da voz... havia outra coisa na escuridão, cercando-me na névoa, aparecendo por todos os lados como se tivesse em uma sala cheia de espelhos, deslizando nas sombras comigo enquanto tentava escapar, tinha momentos que chegava tão perto que poderia me tocar, a coisa como o chamo chega mais perto a cada dia...
          Era como ter o bem e o mal tagalerando em meus ombros, o carinha sinistro com um espeto do lado, a coisa que tentava me pegar e o mocinho com a auréola do outro, ou mocinha no caso... a voz dela era a única coisa que podia me apoiar naquela escuridão, em meio a dor e o frio... eu não sei seu nome, é difícil saber que é uma pessoa por isso a chamo de voz.
-Ele vai me pegar. Consegui dizer enquanto tremia no escuro, eu não sentia calor só o frio congelante e a dor entorpecente... os espasmos, a dor, como dói, tudo dói.
-Não, não vai.
-Ele está vindo. Falei para o escuro com a voz falha, a coisa animalesca estava vindo, estava vindo de novo, ele vinha com a dor quando eu estava indefeso, prostrado, alucinando... me contorcia de dor todas às vezes que começava a quebrar... abrindo, partindo, afastando com estalos... eu conseguia suportar ficar calado às vezes, sufocar os gritos cerrando os dentes até apenas suspiros doloridos escaparem por entre meus lábios, mas quando a dor era demais eu gritava...
-Ah! Ah! Ah!
       Ah de novo não! Abrindo, partindo, afastando tudo dentro de mim parecia se mover... se deslocando como continentes sobre as placas tectônicas, só que mais rápido, mais forte... mais dor!
-Esta tudo bem Matt. Disse ela, sua voz era como um tranquilizante mas nesses instantes ela não conseguia me convencer de que estava tudo bem, no fundo ela parecia angustiada comigo, não queria que ela se machucasse... a voz era a única coisa que eu tinha.
-Ele vai machucar você também... você tem que fugir. Avisei... as correntes que me prendiam pareciam tão frágeis como se fossem de plástico, sentia que não poderiam resistir a mim... me segurar... depois não tive mais como escapar quando ele finalmente me alcançou com um último espasmo que quase me fez vomitar, com a dor não havia como resistir ser assombrado pelo monstro... pensava que o medo terminaria assim que ele encosta-se em mim mas era pior, medonho... e por um momento imensurável eu apaguei do mapa, como se não existisse mais, vagando no silêncio das sombras.

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