15: Erick

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Erick

-Esse lugar não mudou em nada. Constatei, era o mesmo lugar de sempre, nunca mudaria, Mohamed era o tipo de dono de estabelecimento cuja poeira seria retirada e nada mudaria de lugar, era a figura inalterável de um lar, fiquei contente por isso... a muito tempo não me sentia assim, em casa, desde Setembro de 2001 e o acidente das torres gêmeas que fiquei desabrigado para sempre, sentindo o frio da solidão irreparável...
    Mohamed e eu ficamos jogando conversa fora, contando histórias das aventuras que vivia com seus quatro filhos no tumultuado estabelecimento, a noite lotava, o tempo passava enquanto eu esperava o próximo entrevistado, já era bem tarde, Mohamed disse que teria de ter acontecido algo para aquele atraso, eu queria ir embora e pedi a ele que mandasse o homem me procurar no porto, despedi-me do meu amigo sabendo que não tornarei a vê-lo durante alguns longos meses, eu estava cansado, aquele tinha sido um longo dia, o mais longo da minha vida enquanto me arrastava pelas ruas na noite escura e fria das ilumadas deficientemente, vi alguém encostado em um poste, uma mochila grande nas costas, uma gravata amarela horrenda, o chapéu escondendo o rosto, eu passei por ele.
-Desculpe pelo atraso. Disse ele, eu me virei, ele andou até mim, o sorriso reluzente e branco.
-E você quem é?. Perguntei ao estranho, ele sorriu, os olhos escondidos pelo chapéu.
-Sou Klaus Shevchenko. Disse ele, o tal Klaus sorriu erguendo os olhos para mim, ainda na cobertura das sombras, olhos escuros... sem vida.

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