Três anos antes, final de fevereiro de 2016, em um quarto de um navio em algum lugar do oceano.
O Despertar das Sombras
Matthew Stanley
Eu sabia que ele estava lá comigo nas sombras, mas estava... esperando que eu cometesse algum ato de imprudência em um momento de estupidez, um ato estúpido de coragem como uma lebre que se arrisca ao sair da toca sabendo que seu algoz está lá, a espreita, aguardando paciente que o próximo erro fosse cometido, ele quer a mim mas eu preciso fugir dele...
Não é mais como qualquer medo de infância que me obrigasse a cobrir a cabeça com o cobertor, e eu não sou mais um garotinho, e por mais que eu quisesse fugir, que eu tentasse... ele sempre sabe onde estou. Se eu estivesse apavorado ou não, não importava, não era relevante, todos diziam que quando se está no escuro devemos enfrentar nossos próprios medos, dar a cara a tapa como dizem, mas isso eu não podia enfrentar e eu estou sozinho aqui, perdido nas sombras com a besta medonha que me encara de frente...
Enquanto estivera lá no purgatório, na prisão com o monstro pagando por sabe se lá Deus que pecados tivera cometido em minha vida anterior, eu era mais um refém da besta, ele é meu carrasco e eu sou uma presa indefesa jogada na escuridão com àquele monstro, estou preso como um cordeirinho em suas garras impiedosas, às vezes eu penso que era o fim do mundo, todos estão mortos e eu ainda estou aqui vagando, eu fui esquecido neste inferno com um demônio... se os anjos vieram enquanto eu dormia eu não sei, talvez todos foram levados para o céu, os bons e os justos, e para o inferno os corações mais sombrios, e eu fiquei para trás para ser punido em alguma dimensão de tortura, então o mundo acabou para mim, não há mais nada que reste, não sei onde estou, tudo é escuro, nunca mais vou ver o sol... não é como aquele garotinho que os pais esqueciam no filme, sozinho tendo que lutar contra seus perseguidores, por que foi eu que tive que deixá-los, eu tive que deixar meus pais para trás para protegê-los... e este não é um filme, não sou uma criança, e só há um algoz contra quem não tenho armas para lutar.
Ele sabia que eu era fraco demais, sabia dos meus medos, eu via isso em seus olhos mais vezes do que um dia percebi em mim mesmo enquanto olhava o medo em meus olhos no espelho... às vezes a morte é a melhor das soluções, mesmo que a desistência de toda uma vida seja por mera covardia, seria melhor, eu acho... é melhor do que viver um pesadelo.
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A Presença
SonstigesLivro II Bella encontrou seu verdadeiro amor, a metade que lhe faltava e que sem ela sua vida seria uma desilusão emoldurada pela tristeza, com a nova chance de viver a paixão que foi antes interrompida pela morte da moça, onde puderam recomeçar de...