12: O clique

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    Bella

     Loren colocava às malas no carro, iria para a Califórnia estudar em uma escola para jovens peculiares como ela, dotados de poderes especiais, quando se virou para mim antes de eu dizer uma palavra, eu tinha acabado de chegar, ela fazia isso de vez em quando, sabia quando eu estava por perto, ela olhou em meus olhos e depois seu olhar percorreu a calçada procurando alguma coisa invisível a meus olhos a minha volta.
-Ele não está mais por aqui... estranho, ele não desgrudava de você. Disse ela para si colocando algumas caixas no porta-malas, eu a ajudei.
-Ele quem?. Perguntei, ela riu sombria.
-O fantasminha tímido que vivia se escondendo atrás de você. Disse ela, com essa a ficha caiu, aquele foi o clique que faltava, eu parei e olhei para ela magoada.
-Porque nunca me contou que podia vê-lo?
-Você sabe que ele existe?
-Sim... Clarie me contou. Falei, ela suspirou e sorriu.
-Bom eu não contei porque... geralmente as pessoas se assustam quando tem ciência de que espíritos rondam a seu redor, eu não queria ser bizarra... estava lhe poupando de um susto.
-Então... ele não esta mais por aqui?. Perguntei, Loren tinha habilidades sensitivas, ela sentia coisas, podia ver outro tipo de realidade além desta, um mundo entre o mundo, o mundo dos mortos e o dos vivos e uma espécie de exílio, um purgatório... dentre muitas outras habilidades especiais que desconhecia, ela nunca se sentiu muito confortável para falar sobre suas peculiaridades, como se não fosse ela, sentia que isso a causa certa estranheza mas com o tempo e treino acredito que possa mudar, já a imaginava como uma grande feiticeira como a Imperatriz da Luz.
      Me deixava louca ela poder ver meu filho e eu não, mas se ela não podia mais vê-lo... eu toquei disfarçadamente minha barriga... ele estava comigo, sempre soube que estava, desde que Clarie, a garota de manto, a Imperatriz da Luz do Reino da magia e também minha amiga me contara dessa figurinha misteriosa que me seguia, mas agora era diferente, ele não era mais um sonho, nem fruto das minhas imaginações, era real.
    Loren franziu a testa de irritação para as caixas e depois olhou para mim.
-Não... e isso é bem estranho, mas o que é mais estranho é que espíritos de luz não costumam se ligar a nada... eles partem assim que morrem para o céu ou algo do tipo, mas o pequenino não... ele esteve com você a bastante tempo... desde que eu a conheço, desde que nos vimos pela primeira vez ele sempre esteve a seu lado, era bonito de se ver... cheguei a pensar que ele era um anjo da guarda protegendo você mas ele não tinha asas.
-Você já viu um anjo de verdade?. Perguntei perplexa e fascinada com minha amiga e seus dons extraordinários.
-Já... eles aparecem quando a pessoa está chegando ao final de sua jornada, ficam ao lado dela o tempo todo até o fim... por isso eu sei quando uma pessoa vai morrer mas você não morreu então... ele não era um anjo, você sabe o que era?. Perguntou Loren confusa, eu ri.
-Clarie me contou o porque.
-O que a Imperatriz lhe contou?. Perguntou ela, os olhos brilhando de curiosidade.
-Ele é um não-nascido... ainda não nasceu. Disse, ela me olhou sem entender, olhei a rua... Carl o motorista conversava com Allen e Toddy que riam incontidamente das piadas de Carl, nós duas estávamos do outro lado e se eles olhassem não perceberiam o que eu estava prestes a fazer, já a senhora Watson estava dentro de casa pegando algumas caixas de costas, eu peguei a mão de Loren e a coloquei em cima da minha barriga.
-Acho que sei porque você não consegue mais vê-lo. Falei, o queixo dela caiu em entendimento e ela me abraçou... eu não consegui evitar, Adam seria o quarto a saber além de mim que fui a primeira a descobrir... depois que Loren partiu, uma despedida regada com muitas lágrimas  e promessas de reencontro, é que eu tive a ideia do exame.

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