A Presença

102: O Quarto do Bebê

Bella

-É possível que ela tenha se esquecido. Disse Derek procurando me tranquilizar, eu estava preocupada, não queria ser tranquilizada eu precisava de respostas.
-Não... eu não acredito nisso Derek, Rô tem uma memória de elefante e além do mais ela sabe como eu fico preocupada quando não atende meus telefonemas, ela entraria em contato. Disse a ele caminhando apressadamente, ele me seguia como sempre.
Derek e Leônidas me acompanhavam pelos corredores da mansão após termos ido visitar os aposentos da minha cunhada na esperança de encontra-la, mas ela não estava lá... ela havia combinado comigo que sairiamos hoje de manhã até o centro da cidade, ela não atendia às minhas ligações e nem respondia às minhas mensagens, ela nunca fez isso antes, ela não iria me dar um bolo, jamais faria isso comigo, não acreditava que ela podia ter se esquecido, Rô nunca se esquece de nada, sabia que ela teria cancelado se tivesse algum compromisso de última hora... eu tentava explicar a mim mesma o desaparecimento inexplicável de Rosemary a caminho do escritório para relatar o sumiço dela ao irmão, quando vi algo suspeito no corredor... Branca arrastando algo grande e pesado que eu conhecia por toda a minha vida olhando de um lado para o outro como se não quisesse ser vista.
-Mas o que é aquilo? Parece mais uma baleia empanada do que um leão, não é Pernalonga?. Perguntou Leônidas a Derek, os dois se conheciam da onde eu não sabia e muito menos porque o senhor Leonino o saudou chamando-o de "Cavaleiro Prateado" ou "Pernalonga" desde que se encontraram após o episódio escandaloso da primeira impressão que Leônidas causou a todos que ainda o olhavam com temor e receio, eu estava preocupada demais para perguntar aos dois como haviam se conhecido e apesar disso ver Branca arrastando meu antigo amigo Teddy o leão de pelúcia pelo corredor me fez parar abruptamente e a curiosidade me venceu, uma enxurrada de lembranças doces me inundaram... Branca parou quando nos viu no corredor sua expressão era de quem havia sido pego fazendo algo às escondidas, me aproximei para olhar o leão de pelúcia idoso que meu pai me dera quando ainda era pequena de perto, me abaixei para tocar meu velho amigo.
-Devo admitir que você está em péssimo estado amigo. Disse Leônidas, eu sorri levemente.
-Meu pai me deu isso no zoológico a muitos anos... na época eu tinha cinco anos e me perdi no parque, ou meu pai me perdeu de vista... deveria ter sido uma grande aventura invadir os recintos dos animais mas o que ele está fazendo aqui? Faz tanto tempo que não o vejo. Disse ainda encantada com o reencontro com minha infância.
-A senhora Susana... sua mãe, trouxe algumas coisas suas a pedido de Rosemary senhora. Disse Branca colocando-se na frente de uma porta em um atitude suspeita, a olhei curiosa me colocando de pé.
-O que tem atrás dessa porta Branca?
-Bom é que... era segredo. Seus ombros caíram e ela parecia culpada.
-Segredo?
-Bem senhora é que a senhorita Lichtenfels e sua mãe... elas estavam trabalhando juntas em uma coisa e me pediram para guardar segredo. Disse Branca parecia estar com dificuldade para dizer o que era.
-O que essas duas andaram aprontando?. Perguntei, Branca deu um passo para o lado desistindo e eu coloquei a mão sobre a maçaneta girando-a com cuidado... fiquei muda quando vi do que se tratava olhando primeiro com assombro o quarto azul e branco para depois admirar cada cantinho daquele mundo novo... abarrotado de brinquedos por toda parte, ursos de pelúcia, carrinhos incontáveis, bolas de todas as cores, o berço no centro com o mosquiteiro, o trenzinho que dava voltas e mais voltas ao redor do quarto, as estantes com volumes infantis, os móveis, tudo novinho em folha...
-Quando Rosemary estava planejando me contar sobre... tudo isso?. Arfei sem fôlego olhando o quarto do bebê.