6: O exame

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Bella

     Eu fui como todos os dias ao hospital, sempre dava uma passadinha lá para ver as crianças, brincar com elas, encantava-me seus mundinhos despreocupados, era revigorante passar a tarde com eles, mas naquele dia eu só lhes dei um beijo e não fiquei para contar histórias,
Dr. Richard McKinley Maquiavéll, meu pai, ele estava passando pelo corredor quando eu o interceptei no meio do caminho e o puxei para um canto sem chance de discussão, me sentia como alguém que estava negociando coisas ilícitas.
-Bella o que...
-Preciso de um favor. Falei olhando para os lados para conferir se ninguém que havia por ali tinha a capacidade de ouvir mais do que um ser humano comum, por isso eu deixei Allen e Tobey na cantina, meus seguranças, era afastado o suficiente, o hospital estava movimentado, muitas pessoas circulando e conversando então não teria chance de me ouvirem... eu ri tentando disfarçar a tensão, Dr. Richard imediatamente ficou preocupado e acionou o modo pai.
-O que foi querida? Parece nervosa, algum problema?. Perguntou ele, eu tentei diminuir um pouquinho da minha intensidade para não gritar "Você vai ser vovô!", aí sim Allen e Tobey ouviriam e viriam correndo me encontrar... se fosse preciso tinha certeza que eles atravessariam paredes, com seus tamanhos e massas musculares e a força descomunal isso não seria tão difícil... não enquanto eu tivesse bem viva em minha memória as lembranças de seus embates no coliseu medieval onde eles caíam na porrada... o lugar servia de terapia para descontrair a tensão que a espécie carregava. Eram lobisomens tinham instintos que não podiam ser represados, caso contrário, se não tivessem uma maneira de extravasar sua raiva ficariam incontroláveis, quase loucos.
-Não nenhum... só preciso que faça uma coisa por mim mas tem que guardar segredo, estou confiando no seu sigilo médico papai. Confidenciei, meu pai ficou surpreso com meu pedido mas concordou curioso.
-O que posso fazer pela senhora?. Perguntou ele, eu não queria fazer um teste de farmácia queria uma prova tangível, por escrito, com todas as letras para acreditar e fazer uma surpresa ao meu marido.
-Tem como saber o resultado de um exame sem precisar daquele prazo para entrega...?
-Depende do exame que quer fazer... tem um laboratório por aqui... mas porque?. Perguntou meu pai sem entender, eu abaixei os olhos comovida.
-É que estou com pressa, não quero esperar... tem que ser antes que ele perceba. Disse voltando-me para o semblante confuso e afetuoso do meu pai... o normal seria partilhar isso primeiramente com outra mulher, uma mãe, mas eu me sentia mais segura para falar sobre isso com pai do que com qualquer outra pessoa, eu ainda estava assustada com a novidade e sensível demais, talvez alguém um pouco mais forte do que eu poderia me manter emocionalmente estável, firme e de pé até me atirar aos prantos nos braços de Adam e contar a notícia mais doce e terna... e...
-Quem perceba o quê? E que exame quer fazer?. Perguntou, eu ri olhando para os lados.
-Um exame de sangue... mas preciso do resultado hoje, agora. Falei, ele pegou meu rosto virando-me para ele, eu respirei fundo, era fácil ficar calma quando olhava para aquele rosto familiar e tranquilo.
-O que quer saber? E para quem é o exame?. Perguntou ele, eu achei que a essa altura já era para ele ter entendido, mas nem se quer desconfiava, não conseguia nem adivinhar... os homens são tão lentos e ingênuos, crianças.
-É para mim. Falei, saiu estranhamente como uma súplica.
-Está se sentindo bem?. Perguntou, agora ele estava realmente preocupado.
-Estou ótima, o senhor nem faz ideia do quanto.
-Se sentiu mal?. Perguntou, eu revirei os olhos quase impaciente com minha euforia implacável e tentei ser mais clara.
-Não... na verdade eu nem perceberia, não tive enjoo, nem tontura... estou muito bem mas é que eu estou tão feliz que tenho vontade de chorar toda hora... eu não consegui olhar os patinhos no lago. Falei perdendo o gás relembrando de outro momento, estranho...

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