92: Futuro Perfeito

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Bella
      
   






        O almoço foi tranquilo, só nós dois e os cães sentados conosco a sombra do salgueiro chorão a beira da piscina, Branca já tinha se recuperado do acidente proposital e nos serviu na manta estendida na grama, como sempre muito gentil.
-E como foi com minha babá? Derek disse que você tinha ido procurá-la. Falei, Adam já tinha terminado de almoçar estava sentado atrás de mim mexendo em meu cabelo... sentia seus lábios em meu ombro, em meu pescoço.
-Eu queria saber o que ela ia fazer.
-Isso eu posso adivinhar mas a questão é ela se prestou a lhe contar o que iria fazer? Cada detalhe?. Perguntei achando ridículo, ele riu em meu ombro e parou pousando o queixo ali.
-Não... mas eu estou preocupado, não sei como proteger você de algo assim... não tenho conhecimento sobre tal coisa e nem recursos para impedir que se aproxime de nós mas por outro lado Maria sabe dessas coisas melhor do que eu... ela tem razão de estar brava comigo por não ter lhe contado o que estava acontecendo, agora sei que foi um erro... se tivesse contado a ela quando Alfred morreu teríamos mais chances de nos prevenir contra isso e quem sabe descobrir quem é o culpado... provavelmente teria impedido que Ruth, madame Lenine...
-Pare!. Falei quando comecei a ouvir a culpa descontrolada em sua voz, me virei tocando seu rosto, o cabelo dele se agitava levemente com a brisa... estava um pouco mais comprido do que ele usualmente prefere mas eu gostava assim... o cabelo quase tocava a base do pescoço, peguei uma mecha que caía em seu rosto e a coloquei para trás ajeitando com os dedos, o corte se ajeitava em camadas só com uma passada de mãos para ficar tudo no lugar, seu cabelo era liso mas não totalmente tinha movimento... era muito parecido com o cabelo de Derek mas o tom puxava o da cor do meu cabelo castanho escuro, o de Adam era mais avermelhado... se eu fosse parar para comparar às semelhanças entre os dois eram tantas, o queixo, o nariz, os lábios... era assombroso.
      Seus olhos de noite escura fitavam os meus através dos cílios longos, eu deixei o potinho de sorvete de lado.
-Vamos combinar uma coisa aqui entre nós, nossa sobrevivência nesse período conturbado das nossas vidas depende disso... nem eu nem você tem a obrigação de carregar culpas que sabemos que não são nossas... o que aconteceu existe apenas um culpado e a culpa dele ou dela não é nossa obrigação senti-la, nos culpar só vai tornar a situação mais desgastante do que já é... eu não quero mais me culpar Adam e não vou, isso não ajuda em nada e você deve fazer o mesmo também... não se culpe. Pedi, ele beijou minha mão em seu rosto.
-O que Maria decidiu fazer?. Perguntei cruzando os braços atrás de seu pescoço.
-Ela fará um encantamento está noite... segundo ela é um feitiço de proteção que envolve a propriedade e todas às dependências que há nela.
-Isso deve ser difícil... leva muito tempo?
-Ela diz que é bastante simples mas precisa se preparar, isso envolve o concelho das bruxas.
-Você ainda me parece preocupado. Disse beijando o canto de seu lábio e depois sua testa franzida.
-Gostaria de falar sobre algo com você... já faz algum tempo que estou nesta cidade, às pessoas me conhecem a alguns anos apesar de estar por aqui a mais tempo do que eles podem sonhar, por muito tempo ninguém nunca soube sobre os moradores que residem aqui, Rosemary inventou a maioria das histórias que poderiam ser divulgadas sobre nossas identidades e nossas vidas, às pessoas acreditam a gerações que os "pais" de nossa família enviam seus filhos para estudar no exterior está é a história pública sobre nós... que somos reclusos... durante décadas me satisfez o isolamento, eu aprendi a gostar dessa terra, dessa cidade... nesses últimos anos, eu comecei a aparecer publicamente convivendo com a sociedade porque eu estava cansado, deprimido de viver sempre sozinho e comecei aos poucos a andar por aí, falar com às pessoas, visitar às crianças no hospital me fazia bem, ajudou a apartar a dor da solidão mas ainda vivia nas sombras da tristeza até o dia em que reencontrei você. Disse Adam, eu já sabia o que ele queria dizer.
-Vivemos anos felizes e estou imensamente satisfeito com o que tenho agora... por ter você, mas Bella você sabe que eu não posso envelhecer, faz parte da maldição que carrego viver para sempre... não queria ter que ir embora mas é necessário... logo teremos de partir.
-E eu entendo.
-Não gostaria de ter que tirá-la da sua vida. Disse ele entristecido, olhei os galhos finos do salgueiro que nos cobria... eu sabia que um dia isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde teríamos que partir.
-Então é isso que o preocupa? Tem medo de me tirar algo... mas Adam minha vida é você é por isso que estou aqui, se tivermos que ir... eu vou com você para onde você for. Disse, ele sorriu me beijando, eu o puxei para a manta.
-É o sonho de todo o homem ouvir estas palavras da mulher que ama... Ah Bella nem imagina o quão feliz me faz minha doce esposa, senhora do meu coração... minha bela dona... que tal se nos mudassemos para a Itália?. Perguntou ele, eu sorri vendo seu entusiasmo crescer.
-Por mim tudo bem.
-Penso que você talvez quisesse cursar música na escola de Giovanni... ele mencionou esse desejo a alguns anos lembra?. Perguntou ele, eu recuei um pouco pensando no meu filho.
-Sim mas agora? O bebê... não vou deixá-lo, não posso... tenho que cuidar dele.
-Você pode estudar e cuidar dele, e quando não puder eu posso ficar com nosso filho querida... eu já a vi fazendo várias coisas ao mesmo tempo amor, sei que pode fazer isso também. Disse ele confiante, eu ri e o beijei.
-Mas Adam... um bebê precisa de atenção e cuidado, não pode ir para o escritório e deixá-lo sozinho, e eu não quero que ele seja criado por mais ninguém além de nós dois... não vamos contratar uma babá.
-Se você não quer não vamos... faremos nós dois, vou cuidar dele Bella e posso adiar por algumas horas o trabalho enquanto você estuda... você vai se sair bem, não terá problemas com às duas coisas, você pode ser mãe e ter uma vida a parte sabia? Temos uma propriedade em Gênova... ficaríamos bem na Itália não acha?. Perguntou ele, eu pensei... não era tão complicado quanto parecia... na verdade parecia lindo imaginar esse futuro perfeito para nós, quando chegasse em casa depois aula... imaginar Adam sem camisa com o nosso bebê nos braços sentindo o calor do seu peito, fazendo-o dormir... era uma visão até sensual, sabia que meu medo injustificado era por outra coisa... algo que me causava agonia, a criança corre perigo dissera Maria... mas havia algo pior do que às palavras da minha babá, um sonho.
-Amor, o bebê vai ficar bem... não confia em mim?.
-Confio, claro que confio.
-Porque está preocupada?. Perguntou ele segurando meu rosto... eu afastei seu cabelo e ele roçou de leve o nariz no meu.
-Não sei Adam... é que o sonho...
-É só um sonho, eu jamais permitiria que isso acontecesse a nós.

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