Bella
O estranho a porta era um homem alto e robusto com o usual uniforme de segurança, terno preto com um ponto no ouvido ligado por um fio que desaparecia no colarinho da camisa branca, escondido... o novo guarda-costas... o rosto inexpressivo quase frio sem sentimentos era lindo emoldurado por um cabelo escuro e liso na altura do pescoço em camadas que se ajustavam ao redor do rosto, os olhos azuis sinceros que transmitiam confiança traziam um certo ar sereno, meditativo, de tranquilidade de quem refletia muito sobre as coisas... havia alguma coisa naqueles olhos que me era familiar, algo que eu não conseguia explicar, decifrar o que era... não era tão fácil por em palavras, talvez fosse procurando por uma resposta que eu tive que olhar mais de perto, estava diante dele procurando explicar a mim mesma a reação que tive a sensação que me levou a ele e porque ele me fez lembrar do garotinho perdido, meu filho... como se eu o conhecesse mas era impossível, eu me lembraria dele, àquele não era o rosto de alguém que se podia esquecer.
-Senhora? Senhora? Sua bolsa. Disse Branca ao meu lado, eu me dei conta vagamente de sua presença ali e estendi a mão e ela me entregou a alça da bolsa enquanto ainda o olhava atordoada.
-Quem é você?. Perguntei, pude ver perfeitamente seus lábios se afastarem na expressão inalterável e ele pretender dizer algo mas...
-Que bom que já tenham sido apresentados, como vai senhor Volga?. Perguntou Adam vindo até mim, eu me virei olhando desnorteada ao redor antes de focar o rosto de Adam... ele cumprimentou o homem a minha frente com um meneio e um meio sorriso, o estranho assentiu uma vez sem sorrir.
-Na verdade ele estava prestes a si apresentar até que o senhor apareceu. Falei, Adam me beijou e sorriu tocando meu rosto.
-Desculpe a intromissão mas permita-me consertar as coisas... este é Derek Volga, o senhor Volga será seu novo guarda-costas. Disse Adam, eu me virei para o segurança, ele me cumprimentou com um gesto de cabeça, inclinando-se em minha direção uma única vez sem se aproximar.
-Senhora.
-Como vai Derek?. Perguntou Matt, eu o olhei se aproximar.
-Muito bem Matt, obrigado. Disse o senhor Volga, olhei de um para o outro.
-Vocês já se conhecem?
-Ele esteve uma temporada conosco na Ilha, saiu a alguns meses. Disse Matt sorrindo, Derek assentiu confirmando.
-Matt que prazer revê-lo, vejo que minha irmã e o senhor me devem muitos esclarecimentos a respeito dessa agradável surpresa, Rosemary me contou um trecho realmente interessante sobre sua ressureição. Disse Adam fitando Matt com um ar inquisidor, olhos semicerrados, matt concordou engolindo em seco... olhei de relance novamente para o estranho, ele tinha voltado ao deque discretamente.
-Gostaria de ter uma conversar com você senhor Stanley mas infelizmente tenho um compromisso agora mas quero que continue frequentando a casa, por favor venha nos visitar adoraria ouvir uma boa explicação, seja bem-vindo. Disse Adam a Matt, um pouco mais brando, Adam sorriu para ele, notei Matt relaxar visivelmente... ele devia pensar em Adam como um diretor de escola austero e implacável, eu teria dito algo para conforta-lo mas ainda me sentia especialmente inquieta com a presença do estranho... e o que me causou.
-Sim como desejar, até mais Bella. Disse Matt, eu assenti distraída enquanto os dois se despediam.
-Senhor Lichtenfels... foi um prazer conhecê-lo.
-O mesmo Matt... volte mais vezes. Disse Adam, Matt se despediu com um sorriso e saiu pela porta da cozinha para o deque conversar com o Volga.
-Vai sair?. Perguntou Adam envolvendo minha cintura exigindo minha atenção, eu o olhei.
-O que foi? Você me parece um pouco pálida. Notou ele, eu toquei seu rosto divino e balancei a cabeça.
-Estou bem... vou levar Branca a madame Lenine para tirar as medidas necessárias para o uniforme novo... ela será nossa governanta daqui em diante, não sei se eu conseguiria sozinha e ela sempre esteve com Alfred, ele a treinou muito bem... sabe bem mais do que eu em relação a casa, achei que foi uma boa ideia.
-É uma boa ideia. Disse ele inclinando-se para mim, eu segurei seu queixo e o trouxe para mais perto.
-Vou passar no hospital e levar a mamãe para almoçar enquanto o ateliê não abre, e como foram as coisas com Mikael?. Perguntei, sua expressão mudou da água para um vinho amargo e sem sabor, acariciei seu rosto subindo das costeletas até afundar os dedos em seu cabelo na nuca.
-Ainda está chateado não é?. Perguntei, ele olhou o teto, e balançou a cabeça... não queria falar.
-Tudo bem conversamos depois então querido, estarei no celular se precisar de mim... eu te amo. Disse olhando o relógio de pulso era quase uma da tarde.
Adam me abraçou por mais um segundo e se afastou segurando minha mão enquanto eu seguia até a porta da cozinha, nossas dedos se soltaram.
-Cuide-se por favor. Pediu ele acompanhando-me até a porta, eu sorri para tranquiliza-lo e sai para o deque onde Branca e Derek me aguardavam...
-Vamos Branca... senhor Volga. Chamei, os dois me acompanharam pelo jardim dos fundos, olhei para trás Adam estava na porta, encostado na soleira com as mãos nos bolsos e um sorriso leve, mais contente e relaxado do que nunca... como aquele outro homem que me acompanhava um instante atrás estivera antes embora ele estivesse em uma postura mais séria que Adam, os braços ao lado corpo com as mãos livres indicando que ele pudesse agir quando fosse necessário, e sem contar no fato de que ele não sorriu nenhuma vez, profundamente sério, ainda que o olhar fosse sereno o rosto era uma transcrição perfeita da face do meu marido, isso que me perturba... não sei porque eu estava comparando os dois, embora fossem parecidos fisicamente, os dois eram absolutamente diferentes a começar pelos olhos, os de Adam eram negros e os dele eram mais parecidos com os meus, por isso talvez achasse familiar demais mas as semelhanças acabavam por aí... Adam e Derek eram o oposto um do outro, como uma moeda um era cara e o outro coroa, a distinção se devia que enquanto Adam parecia absolutamente feliz que exala-se isso o tempo todo com naturalidade como a água transpirando na superfie de um lago aos primeiros raios do sol do amanhecer após uma noite longa e fria... Derek me parecia sério talvez infeliz, um mistério... ele exercia bem sua profissão, rigorosamente diria, os outros por me conhecerem a bastante tempo são como se pode dizer mais soltos, talvez fosse isso, ele ainda não me conhecia, não tinha tanta confiança para se soltar, fomos apresentados a menos de uma hora, era cedo para tirar qualquer conclusão...
Ainda continuava me perguntando porque fazia comparações com os dois, mas provavelmente isso acontecia da mesma forma que fiz com Tobey e Allen a pouco tempo, fazendo analogias, comparações para ver como seriam meus próximos filhos com Adam... porque eu já sabia como seria o primeiro. No almoço com a Dr. Susana, mamãe ainda estava abalada com a visita de Mikael, era compreensível sendo ela mãe, deparar-se com uma pessoa que machucou seu filho de uma maneira que modificou por completo toda a sua vida sempre, não foi a melhor das experiências para ela... mamãe estava triste porém uma expressão de conformidade se assumia em seu rosto enquanto falávamos sobre o assunto, ela se distraía conversando com Branca sobre culinária, Branca tinha um talento especial para doces.
-Sabe fazer torta de maçã querida Branca?. Perguntou minha mãe, era seu prato favorito, Branca fitou o prato, a pele de marfim das maçãs do rosto ficando rosadas.
-Sim senhora mas não é uma fruta que eu goste de trabalhar.
-Porque?. Perguntou mamãe, Branca pousou os talheres no prato parecia desconfortável de repente.
-Não gosto de maçãs. Disse ela, os olhos claros baixos.
-É uma pena porque eu adoro.
-Cada um tem seus gostos mamãe. Falei em defesa de Branca, ela sorriu agradecida quando mudamos de assunto, de vez em quando eu me permitia uma rápida olhada na direção de Derek ainda curiosa com sua presença e as impressões que tive a seu respeito, durante o almoço reparei mamãe olhando-o com atenção enquanto comia, Derek tinha se sentado em uma mesa distante da nossa ele no canto de uma janela que dava para calçada e a rua lá fora, seu olhar corria o restaurante, ele havia pedido somente uma água e a bebia aos goles.
-Tem alguma coisa nele. Começou minha mãe estreitando o olhar para Derek como se tentasse enxerga-lo melhor e então parou.
-O quê?. Perguntei, ele não nos olhava diretamente em sua ronda, ela sorriu e balançou a cabeça.
-Nada, esqueça é bobagem minha, querida.
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A Presença
RandomLivro II Bella encontrou seu verdadeiro amor, a metade que lhe faltava e que sem ela sua vida seria uma desilusão emoldurada pela tristeza, com a nova chance de viver a paixão que foi antes interrompida pela morte da moça, onde puderam recomeçar de...