55: Nas Sombras

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        Uma memória anterior, arredores de Half Moom City.
Matthew Stanley

   








       Quando não doía mais tanto assim, minha mente cansada me permitia vagar pelas lembranças anteriores a dor quando estava vivo e minha existência era imperturbável, comum... passado e presente pareciam tão distantes e ao mesmo tempo tão próximos...
       Ao despertar de mais um sonho, se é que estava mesmo acordado parecia um pesadelo ou somente uma lembrança dolorosa, ao relento debruçado na terra molhada de uma floresta escura com uma dor infernal no ombro e o frio começava dali irradiando do meu ombro debilitado e ensanguentado, eu ouvi os sons de passos, queria levantar a cabeça para ver mas meu corpo não me obedecia, continuei inerte, boiando na superfície mas eles me acharam sem precisar que eu dissesse ou fizesse alguma coisa.
-Encontramos alguém aqui!. Gritou alguém, a voz grossa ecoando pelas árvores como um trovão.
-Oh! Não... é o filho de Elie. Disse uma voz doce, ela me conhecia? Ela sabe quem eu sou.
    Alívio, eu não estou sozinho... tinha uma coisa antes, algo perturbador, medonho me atacou enquanto eu corria, a coisa veio das árvores, não era um urso, era grande demais, medonho, bestial... a criatura avançou sobre mim e me tragou para as sombras da floresta, os dentes em meus ombro, a dor... queria poder dizer alguma coisa mas ouvir o nome da minha mãe me deixou mais desperto, eu não podia ver seus rostos, meus olhos estavam no chão e nem mesmo consegui mexe-los nas órbitas.
-Acha que foi o Item?. Perguntou a voz mais doce, a voz de uma mulher, ela parecia preocupada... mas do que ela está falando?
-Consigo pensar em mais alguém que poderia ter feito isso. Disse o homem de voz grossa.
         Eu queria tê-los avisado sobre o perigo que havia ali, do animal no bosque, a besta medonha, mas também não consegui achar minha própria voz...
-Ele está vivo. Disse ela, algo em sua voz de alívio e pesar me fez clarear mais a mente turva, ficar mais atento.
-Com certeza ele vai preferir que fosse o contrário... olhe os danos, se sobreviver a isto...
-Vamos cuidar dele. Disse ela interrompendo o que o homem queria dizer... se bem que eu concordo com ele, queria estar morto, nunca senti tanta dor até sinto meus próprios ossos protestarem de uma maneira gritante.
-Se ele descobrir que o garoto sobreviveu... vai tentar acabar com ele. Disse ela... o quê? Como assim vai tentar de novo? Será que já não foi o suficiente? Porque eles não saem daqui? Ele deve estar perto, ainda deve estar por aqui... eu queria gritar isso.
-Não sabemos se isso é mesmo verdade.
-Eu já me enganei alguma vez?. Perguntou o homem, pelo tom de sua voz potente, ele parecia ofendido... queria saber sobre o que eles estavam discutindo, eu queria perguntar mas não sabia como... mas de certa forma, mesmo que não soubesse o que era... parecia algo importante.
-Não mas...
-A garota também corre perigo e Adam não vai gostar nada disso.
-Por enquanto vamos manter isso em segredo... até que tudo seja esclarecido. Disse ela em tom de decisão, depois que eu senti seus dedos mornos na minha pele fria o sono se recaiu sobre mim... eu sabia que ao menos aquela parte do meu passado era real, era distante mas era real, a única coisa que parecia real, era reconfortante saber que algum dia, lá atrás... eu tive uma vida... ela é a voz, voz me acompanha, a voz me guarda...

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