25: Diário de bordo

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Allan Schneider

    Aquele era o primeiro dia de observação, não podia esperar tanto... não trouxe equipamento noturno, a vigília durante a noite não seria possível sem ele, eu precisava de um pouco sorte... segundo as imagens que recebera não havia hora marcada para uma aparição do astro, claro que não... se não haveria fila para o ingresso da grande atração, eu não estava desapontado com isso, eu não contava com o dia e a hora programado, e o local que aconteceria... aquilo era puramente uma questão de sorte e muita paciência então voltei ao meu posto.
-O que você está procurando?. Perguntou Martin me pregando um baita de um susto que eu quase deixei a câmera escapar das minhas mãos, ele se desculpou e se sentou ali comigo, o sol estava se pondo.
-A algumas semanas recebi relatos de uma criatura marinha, um espécime diferente talvez pré-histórica... queria poder vê-la e registrar isso, seria interessante para uma matéria.
-O monstro que aterroriza os mares. Sussurrou Martin olhando o convés, lá embaixo os homens começavam a dar por encerrada às atividades do dia.
-Já viu algum?
-Não no mar... se quer um concelho eu não ficaria aqui fora depois do pôr do sol se fosse você, as noites são um pouquinho agitadas por aqui. Disse ele se colocando de pé.
-Porque?. Perguntei, ele olhou em meus olhos e estendeu a mão para mim.
-Não é seguro. Disse ele, eu segurei sua mão e me levantei, comecei a juntar minhas coisas sem entender... toque de recolher? Aquela hora? Tudo bem que a noite não tardaria a cair, mas ainda era dia.
   Martin me ajudou carregando a bolsa para mim quando descemos e eu reparei nas expressões de dois homens conversando aos sussurros em um canto.
-Bobby?... não sei cara, eu o procurei por toda a parte com Adolf... acho que ele sumiu, todos estão sumindo desde que aportamos em Port Elizabeth e aquela garota veio a bordo.
-Talvez seja melhor não perambular mais sozinho por aí doutor. Disse o homem de galochas ao senhor de óculos e jaleco, os dois estavam tão aflitos que nem me viram passar com Martin e depois que entramos decidi perguntar a ele o que era que tanto aqueles homens temiam.
-O que está acontecendo? Porque eles estão com medo?. Perguntei, Martin me entregou minhas coisas também no mesmo grau de aflição.
-Eu tenho que informar ao capitão Allan, já volto. Disse ele saindo em disparada.
      Desde que escolhera para minha vida fazer o que eu fazia, perseguir o sombrio, relatar os fatos mais impossíveis, eu quase nunca em toda a minha carreira estava errado e aquele não seria o primeiro momento que começaria a pensar que estava enganado... havia algo errado ali...

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