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LN

Tirei o boné e passei a mão no cabelo nervoso vendo o táxi se afastar. Olhei para os lados como um gesto de desespero e foi ali que a ficha caiu...ela foi embora.

Tantas vezes ela disse que iria e realmente se foi. Eu admito, nem tava acreditando não. Tava achando que era papo pra boi dormir, só foi ver o menorzinho ir na boca pedindo a permissão que eu saquei tudo!

Voltei andando para onde todo mundo estava, senti minhas mãos soarem e meu coração bater forte. Não era brisa de nada, eu só estava com aquela merda de sentimento de perda.

Lucão : Tá feliz ? - Gritou atraindo minha atenção. - Ó, Parabéns! - Disse batendo palmas. - Até hoje não vi ninguém mais vacilao que tu.

LN : E quem tá te perguntando alguma coisa ? Tá achando que tu é quem?

Lucão : Isso aí é você que sabe. Tua mente é fraca e cuidado pra não morrer envenenado. - Ele olha para Léo que estava sentando no chão e sai.

LN : Aí, Laranja. - Gritei chamando atenção do mesmo. - Cola naquele teu amigo que acha gente até no cu de Judas.

Léo : Tu ainda vai fazer isso?

LN : Tu cala boca. To bom contigo não, caralho. - Digo chutando suas pernas. Ele solta um gemido de dor mas não fala nada.

Laranja : Tu quer mesmo?

LN : Quero e tu tem até às seis pra me passar tudo.

Mt : Tu vai fazer o que ?

LN : Vou atrás da minha mulher! - Disse subindo o morro.

Larissa.

Sabe aquela sensação de alívio? Era o que eu estava sentindo naquele exato momento. Era como se um passarinho fosse solto de uma gaiola.

Não se rema um barco sozinho, não se voa com apenas uma pena. Ele quis assim, foi ele que escolheu..quantas e mais quantas chances eu dei e que foram tudo levadas ao deboche. Agora ele que viva com o Léo e assuma ele.

Vou viver minha vida e vou aproveitar tudo com a minha filha, a única merecedora do meu amor. Quem eu sei que não iria me decepcionar.

Quando eu percebi estava sorrindo atoa, o táxi parou em frente à praia eu logo abri a mochila tirando celular e o dinheiro que eu tinha furtado de LN. Depois de tudo que eu passei um pouco não faria falta, paguei o taxista e logo o mesmo deu partida. Liguei para a minha mãe avisando sobre o ocorrido e logo a mesma marcou de me encontrar em um quiosque. Me sentei ali e pedi uma água de coco enquanto esperava as duas.

Rafaela : Larissa ? - Olhei para trás vendo as duas se aproximando em passos rápidos.- Ele te fez alguma coisa ? - Neguei voltando a tomar minha água de coco.

Larissa : Eu tenho que ligar para a dona Carmem, ela tem que saber.

Rafaela : Olha, Larissa. LN já está atrás de você, não pense que só porque você saiu do morro que ele vai desistir de te encontrar.

Larissa : Eu não posso voltar pra lá. Agora sim ele me mata!

Valeria : Ele não vai matar ninguém.

Rafaela : Já resolvemos tudo!

Valeria : Compramos a sua passagem, seu ônibus sairá às dez.

Larissa : Mas ainda vai demorar muito, e se ele...- Rafaela me interrompeu.

Rafaela : MT disse que vai enrolar ele, só disse pra gente não ficar dando sopa.

Ficamos à tarde toda conversando e quando deu a hora pedimos o táxi e fomos para a rodoviária. O trajeto foi bem rápido até porque estávamos conversando então nem vi as horas passarem, assim que chegamos lá fomos para a lanchonete comemos e ficamos esperando na fila.

Valeria : Aquele ali é o seu ônibus. - Disse apontando para um ônibus branco com azul.

Larissa : Acho que já estão entrando. - Olho o número do meu lugar e logo Bufei vendo que era o último, mas era ao lado do banheiro algo que já é ótimo pra mim.

Rafaela : Promete que não vai se esquecer de mim? - Olho para a mesma que já chorava. - Não acredito que a minha única amiga vai embora. - Abraço ela forte não contendo o choro.

Larissa : Para com isso, Rafaela. Você tem as meninas. - Ela nega. - Olha, você pode me visitar quando quiser. Não se esqueça que você é a madrinha da minha filha.

Rafaela : Débora e a Carol vão matar a gente. - Disse rindo.

Larissa : Fala para elas não deu tempo. - Ela assente. - Quando a Lorena nascer, quero que você leve a Luna pra conhecer ela.

Rafaela : É claro que vou! Não iria perder essa de jeito nenhum. Qualquer coisa que precisar já sabe!- Dou um sorriso. Olho para minha mãe.

Larissa : Eu não tenho palavras para agradecer pelo o que a senhora está fazendo por mim.

Valeria : E desde quando precisa ? Eu tenho que te pedir desculpas, se eu tivesse apoiado e conversando com você. Você não estaria nessa situação, eu sinto muito, minha menina. - Ela me abraça forte me fazendo chorar, sinto sua mão acariciando minha barriga. - Cuida dela.

Larissa : Eu vou sim. - O ônibus foi ligado e eu logo olhei para trás. Rafaela atendeu uma chamada e não demorou muito arregalar os olhos.

Rafaela : Já tirou o chip? - Neguei. - Então tira.

Valeria : Me da aqui, eu tiro. - Ela diz quando me ver toda enrolada. Ela tira meu chip e quebra o mesmo o jogando longe. Ela devolve meu celular e eu coloco na mochila. Ouço o barulho do ônibus sendo ligado e dou um Suspiro. - Escuta, sua tia vai está te esperando com uma plaquinha com o seu nome, toma cuidado.

Larissa : Tudo bem. - Eu pensei em desistir em perceber que em tantos anos demorei para conseguir o colo da minha mãe de novo e lá estava eu me afastando dela. Dei um último abraço nas duas e caminhei em direção ao ônibus entreguei minha passagem mas antes de entrar dei uma olhada para trás olhando as duas pela última vez.

(...)

Já estávamos algumas horas na estrada, algumas pessoas dormiam enquanto outras conversam animadamente. Fechei meus olhos e tentei afastar todos os meus pensamentos quando o ônibus parou. Ouvi alguma gritaria e quando ia me levantar a senhora que estava ao meu lado me puxou.

XXX : Não faça isso, podem ser bandidos querendo roubar todo mundo.

Larissa : Era só isso que me faltava, eu já não tenho nada. - Ouvi passos e logo aquela voz arrepiou todo o meu corpo.

LN: Procura, ela tem que tá aqui. - Arregalei os olhos me encolhendo.

Larissa : Não pode ser! - Sussurrei.

LN: Se não achar ela eu vou arrancar a cabeça de cada um.

Vi Tuco e Guilherme olhando o rosto de cada um e ali eu percebi que eu iria voltar para aquele inferno. Fechei os olhos e comecei a orar pedindo a Deus que não me deixasse voltar para aquele lugar. Foi quando abri os olhos e vi os olhos de Guilherme me encarando sério, o mesmo cutucou Tuco e logo ele me encarou assustado. Ele virou o rosto e abriu a boca parecia que ia gritar.

Larissa : Não faz isso, por favor! - Sussurrei. - Tuco....- Ele me olha com pena e suspira.

Laranja : Encontrou alguma coisa aí? - Senti meu nariz arder, mas me segurei. Tuco olhou para mim e depois voltou ao olhar para Laranja.

Tuco : Avisa que ela não tá aqui não! Foi engano, parece que o maluco lá errou! - Olhei para Guilherme que deu um sorriso de lado e saiu andando junto à Tuco.

Eles desceram do ônibus e eu logo aproveitei que o vidro era fume e puxei a cortina vendo Lorenzo, em um gesto nervoso ele passou a mão pelos cabelos e deu um soco no capô do carro. Ele levantou a cabeça e seus olhos fixaram a onde eu estava, ficamos nos "encarando" até o ônibus ligar novamente e da partida fazendo todos eles sumirem do meu campo de visão.

Espero que tenham gostado! ❤️
Três capítulos frescos ❤️

A FielOnde histórias criam vida. Descubra agora