Capítulo 67

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Anahí não suportou quando ouviu os soluços de Ruth, ela queria ficar e apoiar o marido a dar a noticia, mas quando fazer isso se ela mesma se sentia ferida, angustiada e com medo, sem saber o que pensar, o que fazer e como reagir, a dor que comprimia seu peito era sufocante e insuportável.

Assim que saíram do hospital o caminho até a casa fora silencioso, ela sabia e entendia o marido, por isso não forçou uma conversa, o deixou em sua própria dor, ambos estavam sofrendo, mas ainda sim ela nem conseguia imaginar o que Alfonso estava sentindo. Fora decisão dele chamar os pais e os irmãos para contar e ela respeitou, mas não suportou ver Alfonso chorar nos braços da mãe e os irmãos em choque, assim como Marcelo que chorava, ninguém queria acreditar que aquela grave doença estava de volta a família que todo o sofrendo que passaram vendo o pai de Marcelo e avô dos meninos, tinha voltado.

Anahí debruçada na cama, chorando nem sentiu quando uma pessoa a abraçou e o choro só intensificou quando viu Tisha ali. ainda sem entender o que sua mãe estaria fazendo ali, ela se agarrou a ela e permitiu que o choro viesse com ainda mais força. Tisha ouviu cada soluço, cada tremor e oscilação no corpo da filha, ainda sem entender o que tinha acontecido.

Tisha: O que foi? O que aconteceu, minha filha?

Anahi: Mamãe, não sei o que vou fazer sem ele. Desabou de vez

Tisha: O que esta acontecendo? Alfonso me ligou pedindo para ficar com você, quando eu chego aqui todos chorando, tristes, o que foi que aconteceu? Perguntou preocupada.

Anahí: O Poncho...ele..ele está doente. Leucemia, mamãe. Disse aos prantos e Tisha ficou sem reação. Alfonso era como um filho para ela, conhecia aquele menino desde de pequeno, o viu crescer correndo pelo jardim de sua casa e agora era seu genro, seu filho emprestado e estava doente. Ela se lembrou da dor que a família sentiu quando Anthony morreu, quando após meses de sofrimento ele se fora e de como todos ficaram devastados, fora difícil se recuperar e agora não era justo que Alfonso passasse o mesmo. Por isso ela só permitiu que a filha chorasse e adormecesse na própria dor, viu Anahi dormir e ainda soluçar no sono. Quando saiu do quarto viu Alfonso parado no corredor com olhar vago, os olhos vermelhos e inchados pelo choro.

Alfonso: Como ela esta?

Tisha: Mal, triste, abatida, abalada. Como era de se esperar. Tisha se aproximou - O que é normal na situação, mas eu quero saiba que estamos aqui, para te ajudar a vencer essa doença. Tisha o abraçou não controlando suas emoções. - Você é o meu menino também, é aquele menino teimoso e inteligente que vi crescer, aquele que partiu o coração da minha caçula e que ao mesmo tempo a protegia na escola, que roubava os biscoitos na minha cozinha, que me deixava preocupada com suas noitadas e que faz a minha menina feliz.

Alfonso: Você é como uma outra mãe para mim, sabe disso né?

Tisha: Eu sei, e eu amo você da mesma forma que amo minhas filhas, é o menino que nunca tive. Você é forte, Poncho, vai conseguir passar por isso. Alfonso só assentiu se permitindo ser consolado .

Tisha ainda ficou mais algum tempo com ele, até descer e precisar passar força para família do genro, os irmãos ainda em choque, Oscar sempre brincalhão agora com o olhar vazio, abatido, o mesmo acontecia com Alejandro, que era abraçado pela esposa, mas nada se comparava aos soluços de uma mãe que sofria pelo seu filho, assim como um pai perdido que sofria pelo filho, que já tinha perdido o próprio pai para o câncer e agora era seu filho que enfrentava aquela maldita doença.

Ruth só abraçou a amiga, o momento não pedia palavras, ninguém precisava dizer nada, eles sabiam e sentiam, a dor que estava presente naquela família não dava espaços para palavras.

A noticia chegou aos amigos como gosto amargo em suas bocas, como uma ferida que dói e não se cura, era difícil de imaginar e acredita que o rapaz como Poncho, que estava feliz, recém casado com tudo pela frente a se viver pudesse estar com câncer, como um jovem alegre, cheio de vida e no auge da vida tivesse que enfrentar uma doença dessas, Aquilo era injusto.

Mas a vida não é justa, não quando pessoas cheias de vida com um mundo pela frente enfrentava um câncer, não quando crianças enfrentavam o câncer, quando pessoas inocentes morem em acidentes de inúmeras formas, mas fatalidades e coisas ruins em sua maioria acontecem com pessoas boas e inocentes, as vezes pensamos ser um teste de fé, para aqueles que tem, ou pensamos ser apenas mais um obstáculos da vida, e em grande parte desses momentos nos questionamos qual o sentido de tantas coisas ruins, porém o mais importante é nos apegarmos em coisas que nos façam crer no amanha, que assim como coisas ruins acontecem, as boas também, é manter a esperança viva, mesmo quando tudo aponta para desistirmos, não importa se essa esperança é na fé na vida, em uma religião, em sua capacidade e força de vontade, no universo ou no destino, o importante é crer em alguma coisa, ter uma convicção na vida, algo que ajude a levantar quando tudo parece estar desabando. Sera disso que eles irão precisar para enfrentar os obstáculos que Alfonso teria que superar.

Na noite daquele dia tão triste, assim quando Tisha voltou para casa todos a encheram de perguntas, ainda muito abalados com a noticia.

Maite: Não é justo, eles estavam tão felizes. Se lamentou com o namorado, enquanto estavam sentados no sofá.

Dylan: Não, não é. Assim como muitas coisas na vida não são, mas ele é forte, vai conseguir sair dessa e todos estaremos aqui para apoia-lo, o que ele vai enfrentar será muito difícil e doloroso, por isso vamos estar aqui para ajudá-lo quando as coisas ficarem difficiles, mostrando que ele não vai estar sozinho. Maite sorriu de leve.

Maite: Eu agradeço todos os dias por ter te conhecido, você é um homem incrível, Dylan.

Dylan: Sem elogios, tenho meus defeitos também, mas gosto de saber o que pensa ao meu respeito.

Maite: Só penso coisas boas ao seu respeito. Ele a puxou para que ela deitasse em seu peito.

Dylan: Pode chorar, eu sei que se controlou a noite toda. Disse carinhoso. - A sua amiga esta passando um dos piores momento que alguém pode ter e você acabou se afeiçoando ao Alfonso também, ele te conquistou, não foi?

Maite: Sim, no inicio eu o odiava pelas coisas que fez a Annie sofrer, mas quando o conheci gostei do jeito dele, sabe? Alegre, divertido, um bom amigo. Mas tinha um pé atras pelas coisas que a Annie me contou, então eu fui o conhecendo e fui gostando do jeito dele, eu via o quanto a minha amiga era feliz quando estava ao lado dele, ele me defendeu, mesmo quando não eramos próximos, ficou do meu lado, então fomos nos aproximando aos poucos, eu vejo como eles são felizes juntos, e não é justo, não com eles. Eles demoraram tanto para encontrar essa felicidade e agora acontece isso, ele acabou se tornando um amigo, um irmão, sabe? Assim como a Annie é para mim.

Dylan: Então chora, desaba se for preciso, não guarde isso, você esta triste por um amigo, pelo seus amigos, ele vai precisar de todos nós, mas para isso temos que ser fortes também, então se quer chorar, colocar a dor para fora, chore, chore o quanto quiser, eu vou estar aqui para secar suas lágrimas. Maite não suportou mais segurar o choro, e fez como ele pediu parou de esconder, para de evitar e tentar ser forte.

E não muito longe dali Alfonso entrava no quarto e abraçava a esposa na cama. O que fez com que Anahi despertasse.

Alfonso: Não queria te acordar. Falou em tom de desculpas.

Anahi: Tudo bem, não importa a forma eu sempre gosto de ser acordada por você. Ele deu um selinho nela.

Alfonso: Eu te amo.

Anahí: Eu também te amo.

Alfonso: Estou com medo. Confessou a olhando nos olhos.

Anahi: Eu também, mas já passamos por tantas coisas, vamos superar mais essa. Eu estou com você e eu farei de tudo para te ver bem, não importa o que aconteça eu sempre vou amar você e sempre vou lutar por você. Ele sorriu emocionado, ela o puxou e deixou que ele deitasse em seu peito, fazendo cafuné até que ele dormisse. 

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