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Ouvir Apolo dizer aquelas palavras me fez perceber que eu não queria aquilo... Não queria machucar minha irmã, não do jeito que eu fui machucada... De nenhum jeito possível.

Ela estava morta e mesmo assim eu queria machucá-la, mas não vou, dou um passo para trás e volto ao meu corpo... Deixando com que o acontecimento daquela noite acontecesse normalmente.

Vejo Bruno aparecer em cima de um cavalo com três homens com ele, ele joga feitiços atrás de feitiços em cima dos caçadores que nós perseguia.

Assim que tudo fica tranquilo, Bruno corre até mim, verifica se eu estou bem e foca na Sam.

Era a primeira vez que eles se viam, Sam e eu não morávamos na mesma vila... Ela vivia mais com meu pai do que comigo e minha mãe.

Nunca vi Bruno me olhar daquela maneira, ela sorriu, fazendo o sorrir... Era bonito, de alguma forma, mesmo pensando que Bruno era meu companheiro, eu fiquei feliz de ver aquilo.

Eu queria que eles ficassem juntos, mas na real... Não sei o que é isso que nós conecta, pode se dizer maldição ou amor, até mesmo praga... Mas é forte.

Abro meus olhos me vendo na mesma sala cheia de gaiolas de novo, me sento e encaro Gaia.

A abracei assim que me levantei, achei que jamas veria ela, ela sorri me encarando.

-Demorou demais. — Ela afirma me fazendo negar. -Você sabe que assim que voltar a destruição irá voltar também.

-O que eu faço? Eu já me aceitei Gaia, eu sei que tenho um lobo dentro de mim e uma feiticeira.

-Essa destruição é parte de você, Melissa! — Ela afirma brava. -Já se perguntou como tudo ainda está intacto?

-Não... Não tive tempo. — Afirmei vendo a mesma negar.

-É a marca. — Ela diz me mostrando a pulseira em meu braço.

A pulseira com a marca da Sona, ela suga toda sua magia... Mas porque não sugou tudo? Essa marca me deixa controlada... É isso.

-Não achou que essa marca era uma arma... Ou achou? — Ela pergunta me fazendo rir. -Não tire essa pulseira e você ficará bem... Você e o resto do mundo.

-Eu vou te ver? — Sussurrei sentindo que ela iria embora.

-Claro que vamos nós ver. — Ela afirma tocando meu rosto. -Nossos filhos cresceram... Eles viram até você, não se prepupa... Tá?

-Me prometa que eu voltarei a vê-los.

-Eu prometo.

-Eu te amo. — Sussurrei. -Minha outra metade. — Falei rindo.

-Eu também. — Ela diz chorando e me abraça. -Cuida desse bebê agora. — Ela tocou minha barriga e sorriu sumindo em seguida.

Limpei minhas lágrimas e suspirei fechando os olhos, precisava me conectar com meu corpo, não só a mente.

Senti o formigamento tomar meu corpo e um longo suspiro me tomar, ao abrir os olhos... Percebo que estou ajoelhada no chão.

-Eeeii. — Tomo um susto com o toque no meu rosto, mas ao perceber que era Apolo, meu coração se encheu de alegria.

-Me desculpa... Não queria...

-Tudo bem! — Me interrompe tocando minha boca. -Eu te amo. — Ouví-lo dizer aquilo significa que ele não me odeia por querer machucar minha irmã.

-Eu também... Também te amo. — Falei desesperadamente tomando sua boca.

Sorri ao terminar o beijo, toquei seu rosto sentindo sua barba espetar minha mão... Gostei disso, ri o abraçando.

-Vamos para casa! — Falei e o encarei. -Todos nós. — Ele sorriu.

Como senti falta daquele sorriso, era uma iluminação ver aquilo... Seu sorriso se tornou tão importante quanto o meu respirar.

{……}

-Como assim não vamos atrás dele? — Apolo pergunta me fazendo encará-lo.

-Voltou surdo, é? — Pergunto indignada. -Não vamos, Arthur precisa encontrar seu caminho de volta, sozinho. — O vejo negar enquanto me limpo.

Onde estávamos era um predio antigo, tinha muitos quartos e banheiros, colocamos todos os feiticeiros nas gaiolas que eles nos colocou e estamos criando forças para começar nossa caminhada.

Tiro o vestido sujo e rasgado do meu corpo e vou até a lareira pegando o ferro que estava queimando ali.

Se a marca de sona é minha chave para viver e não destruir nada, essa seria minha única opção.

Uma pulseira facilmente poderiam tirar, já uma marca em sua pele... Isso jamais, a marca pareceria uma cicatriz... Como uma qualquer.

-O que fará com isso? — Apolo sussurra se aproximando.

-Você irá fazer. — Afirmei entregando o ferro a ele. -Me marca, aqui. — Toquei nas minhas costas e suspirei prestes a sentir a dor.

-Você iria se curar assim que eu colocasse isso em você. — Apolo afirmou voltando o ferro para lareira.

-Já se perguntou como os lobos tem a marca de escravos? — Pergunto tocando suas costas por cima da blusa. -É um feitiço antigo e que pode ser feito por qualquer um.

-O que significa? — Ele se vira tocando meu rosto, mas percebo seu olhar vacilar para meu corpo.

-Significa que eu estarei viva com meu poder e não iria destruir nada... Eu não iria perder o controle. — Sussurrei sorrindo.

-Mas você iria viver sem magia?

-Não amor, a marca da sona funciona diferente em mim. — Afirmei. -Ela me dá o poder que preciso e pega o qual não é necessário para ela. É uma troca... Magia por magia.

-Eu... Eu não posso fazer isso... Não com você. — Ele afirmou me fazendo beijá-lo. -Não posso te fazer sofrer. — Sussurrou terminando o beijo.

-Mas preciso da sua ajuda... Senão terei que chamar outra e ele me veria assim. — Rodo o vendo negar, me aproximo da lareira e pego o ferro novamente. -Vamos lá Apolo, uma coisa pequena para conseguir algo grande. — Afirmei lhe estendendo o ferro.

Apolo respirou fundo e tocou levemente, com sua mão, minhas costas, meu corpo todo correspondeu ao seu toque.

Parecia decadas que ele não me tocava, ele se aproximou o bastante para que eu pudesse sentir seu calor.

-Isso vai doer. — O ouço sussurrar e antes que eu conseguisse falar sinto o ferro tocar minha pele.

Eu gritei como jamais gritei antes, minha pele toda parecia pegar fogo e então Apolo separou minha pele do ferro, soltando o do meu lado e me puxando para ele.

-Sinto muito. — Pedi me abraçando.

Aquilo doía tanto que mal conseguia respirar de tanto soluço que dei, mas nada se comparava a perder meu filho.

Eu poderia sentir aquela dor mil vezes que não doeria tanto como perder meu filho.

Apolo sabia do porque tanto choro, eu não aguentava mais ser forte... Não aguentava fingir que acordar e descobri que matei meu filho não doía.

Apolo me apertou fortemente em seus braços demonstrando que sentia a dor também, não como eu, mas sentia.

O Supremo Alfa ~APOLO E MELISSA~ (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora