Capítulo 51

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Aviso de gatilho: Depressão profunda; Pensamentos depressivos; Pensamentos suicidas.


Jimin não estava bem.

Haviam se passado uma semana desde que Taehyung tinha sido arrastado para a caverna e mesmo estando perto dos amigos e do marido, ele não reagia mais a nada. Hoseok tinha lhe dado uma licença do trabalho — mesmo que não fosse algo tão comum —, e todos se alternavam para estar sempre com o professor, porém na maioria dos dias, a sereia nem da cama saía, como era o caso daquele dia.

— Ele precisa de um psicólogo e remédios — Yoongi afirmou certa noite, tentando falar baixo para a sereia não escutar. — É grave o estado que ele está.

— E-eu sei, mas... aqui não temos esses recursos — Jungkook murmurou. Ele estava tão abatido quanto o marido, mas se forçava a aparentar estar bem enquanto cortava porções pequenas de maçã para alimentar Jimin. — Devíamos ter fugido...

As lágrimas tomaram os olhos do rapaz, mas ele fingiu que não estavam lá e continuou a cortar as maçãs.

Namjoon e Yoongi se fitaram, sem saber muito o que falar naquela situação.

— Você tem feito o chá de Damiana? — Namjoon perguntou.

— Tenho, hyung. Mas mesmo assim, a dor d-dele... Ele precisa de remédios fortes, cházinho não resolve.

— Eu sei... Desculpa...

Jungkook deixou de cortar a maçã, fitando os humanos.

— Tenho medo de perder meu outro marido, hyungs.

— Você não irá perdê-lo. — Namjoon afirmou, puxando o caçula para si, deixando-o esconder o rosto em sua barriga enquanto afagava os cabelos compridos da sereia. — E logo vocês três estarão reunidos, okay? Seja forte só mais um pouquinho, Kookie.

O mais novo concordou, mas no fundo não confiava muito naquilo. As sereias estavam cada vez mais ariscas e irritadas, duvidava que Hoseok conseguisse realmente aprovar a lei. A única chance que tiveram foi a fuga, mas agora provavelmente era tarde demais.

— Eu vou levar a maçã para Jimin. Quem sabe ele não come algo?

O rapaz suspirou pesado, levantou-se da cadeira e se afastou dos humanos, pegando o prato e seguindo para o quarto — não era bem um quarto, somente uma divisória de cortina, mas não se importava.

A primeira coisa que Jungkook viu foi Pena na janela, cantarolando para Jimin, mesmo que a sereia na cama não mostrasse reação.

— Oi, amigo.

— Oi, Pena. Você está cada vez mais afinada — Jungkook elogiou, sorrindo o tanto que conseguiu para a ave, o que não foi muito.

— Obrigado, amigo. — Pena deu um piado. — Vou deixar você sozinhos. Tchau, amigo Jimin.

Não houve resposta, mas isso não pareceu abalar a ave, que somente voou de volta para a sua casa na árvore.

Jungkook suspirou e se sentou na beirada, ao lado do marido, deixando o prato de maçã em cima do móvel.

— Amor, eu trouxe comida...

A falta de resposta já era comum naquela semana, mas Jungkook não podia dizer que não doía.

— É maçã e está bem docinha do jeitinho que você gosta. — Jungkook sorriu, tentando animar Jimin de alguma maneira, mesmo sabendo que não era exatamente assim que as coisas funcionavam. — Vou te levantar, tudo bem? Não dá para comer deitado, amor...

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