18. Não é ele, é ela

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-PoV Lena-

O feriado de Ação de Graças chegou e assim como todos os anos fiquei trabalhando no meu escritório. O prédio estava praticamente vazio e pouquíssimas pessoas trabalhavam além da segurança, manutenção e limpeza.

Aproveitei a tranquilidade do dia e me desconectei de tudo, de telefones, e-mails, relógio e até a Hope eu desliguei. Aproveitei pra ler as dezenas de documentos que eu tinha pra assinar e analisar as planilhas mensais de contabilidade que a Sam sempre me manda.

Na hora do almoço pedi uma comida simples e abri um bom vinho. Nem fiz questão de ir pra algum lugar, comi na minha própria mesa enquanto continuava meu trabalho.

Eu tinha acabado de dar um gole no meu vinho e estava digitando algumas observações pra Sam no computador quando ouvi a porta do meu escritório abrir e em seguida a voz da minha mãe.

-Que visão deprimente. -ela disse.

-Eu já sou acostumada a comemorar os feriados sozinha na minha mesa, você sabe bem disso. -respondi devolvendo o mesmo sorriso sarcástico que ela tinha nos lábios.

-Trabalhar demais sempre foi algo de família. Por isso vim te visitar, eu sabia que você estaria aqui. -minha mãe se serviu com um pouco de vinho também e sentou na cadeira à minha frente.

-Geralmente esse tipo de comentário vem acompanhado de algo sobre como eu não sou uma Luthor de verdade. Você nunca me deixou esquecer que eu sou adotada, nem um único dia sequer. -eu a encarei e percebi quando ela engoliu o vinho com mais força. -Lex sempre foi o seu filho favorito. -continuei.

-E você, sempre foi a favorita do seu pai.

-Você nunca conseguiu esconder seu ciúme, não foi? -sorri.

-Não é nada pessoal, Lena. Essa história de mães amarem seus filhos igualmente é tudo mentira, mas mesmo eu amando o Lex um pouco mais, é claro que eu amo você também. Do meu jeito... mas amo.

-Você é uma mentirosa, assim como o seu filho. -tirei a atenção da minha mãe e voltei a olhar minhas planilhas.

-E por que você acha isso? -sua voz tinha um tom curioso.

-Simplesmente porque você disse que me ama. E nós duas sabemos que isso não é verdade. No mínimo, você tá querendo alguma coisa de mim.

-Eu sei que nunca fui uma grande mãe, mas eu juro a você que fiz o melhor que eu pude. -ela me olhou no fundo dos olhos, mas eu não contive meu sorriso de deboche.

-A única coisa que você fez durante toda a minha vida, foi fazer com que eu me sentisse rejeitada. Como se eu fosse uma intrusa no meio de vocês. -algumas lágrimas desceram involuntariamente no meu rosto e minha voz saía com tanta raiva que a impressão era de que eu cuspia as palavras nela.

-Você que não quer acreditar, mas eu sempre tentei proteger você. -os olhos dela também se encheram de lágrimas e eu não suportava ver toda aquela falsidade na minha frente.

-Se o papai pudesse ouvir o que você tá dizendo agora...

-Você é muito inocente em achar que o Lionel é um santo. Mas ele estava bem longe disso. Ele nunca foi santo, Lena.

Eu senti meu sangue ferver quando ela falou do meu pai e meu punho se fechou em cima da mesa.

-Não menospreze o meu pai. Ele tinha seus defeitos, mas ele era um homem bom. -defendi.

-Se ele fosse mesmo um homem bom, ele teria te contado a verdade. -ela disse também com raiva.

Um dos cadernos do meu pai ele contava sobre todo o relacionamento que ele teve com a minha mãe, sobre eu ser a filha dele fora do casamento e do dia que ele me levou pra casa depois que minha mãe morreu.

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