31. O sol é para todos

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-PoV Lena-

Como prometido, entrei na minha casa e a primeira coisa que fiz foi avisar a Kara. Mesmo algo dentro de mim dizendo que ela já sabia muito bem que eu havia chegado.

As vezes eu finjo que não sei que ela vem atrás de mim pra garantir que eu chegue em segurança, principalmente se eu estiver viajando de helicóptero ou avião. Mas é o jeito dela, Kara se preocupa muito comigo desde o primeiro atentado e não acho que seja justo eu tirar dela esse direito de se preocupar.

A gente sempre termina discutindo quando o assunto é esse, porque eu tento evitar que a situação se torne algo mais exagerado do que isso, às vezes ela me trata como se eu pudesse me partir ao meio a qualquer momento, e talvez seja assim mesmo que ela veja qualquer humano. No geral, eu não me importo que a Kara me siga de vez em quando quando sei que ela realmente está preocupada, por isso eu só finjo que não sei.

Quando entrei no meu quarto a primeira coisa que fiz foi pegar meu notebook, minha digital tocou o sensor da gaveta e no mesmo instante ela abriu. Fiquei na dúvida se eu iria pra o escritório ou pra sala porque no quarto eu sempre termino dormindo, mas aqueles lençóis da cama me convidavam a ficar lá, eu sabia que seria uma péssima ideia, mas mesmo assim fiquei. Em poucos segundos me livrei dos sapatos e me acomodei na cama com o computador no colo apoiado a um travesseiro.

A caixa de e-mail foi aberta e eu me assustei com a quantidade de coisas que tinha. A primeira mensagem que chamou minha atenção era do Jack, ele havia me mandado uma espécie de QRCode para o meu acesso ao evento. Então, aproveitei a oportunidade e respondi perguntando se ele aceitaria que sua palestra saísse como notícia na CatCo e mandei com antecedência o nome da Kara como a repórter responsável, caso a resposta fosse positiva.

-Kara... -eu disse suspirando igual uma adolescente.

Lembrar dela mesmo que por alguns segundos era a coisa mais prazerosa da vida, mas lembrar das coisas que ela me disse pra tentar me fazer ficar em sua casa, era tortura. Sua voz quase manhosa dizendo que queria dormir sentindo meu gosto não saía da minha cabeça, seus olhares pra mim eram penetrantes e eu sabia que tinha perdido uma noite fantástica de sexo pra ler e-mails.

Meu corpo inteiro tencionou sentindo meu meio pulsar levemente, aquela kryptoniana mexe comigo de todas as formas possíveis. Olhei pra o meu celular algumas vezes e minha vontade era só de dizer que estava esperando por ela na minha cama, em menos de um minuto ela apareceria e me livraria de toda essa tensão até eu dormir em seus braços. Vantagens de namorar uma alienígena que tem super velocidade...

Escutei um som de notificação no meu computador e aquilo me fez soltar o celular, mais um e-mail havia chegado. Esse era importantíssimo, era da Universidade de National City mandando os procedimentos que eu precisava fazer para ter acesso aos materiais biológicos de testes. Como corações, cérebros, fígados... Muito em breve eu começaria os testes com o Harun-El e iria precisar desses órgãos que são doados justamente para estudos.

Na segunda frase do texto da mensagem eu já estava impaciente, algo faltava pra eu ter minha concentração de volta e não demorei a admitir que era a bebida.

-Droga! Não consigo fazer nada sem whisky. -murmurei saindo da cama e indo direto pra o carrinho de bebidas da sala me servir com uma dose.

Mesmo "irritada" com a minha incapacidade de trabalhar cinco minutos sem álcool, olhei rapidamente para o espelho à minha frente e fiquei impressionada com a Lena que eu vi. Meus cabelos estavam soltos, até um pouco assanhados e o meu semblante era no mínimo curioso. Eu estava sorrindo, sem motivo nenhum aparente, eu estava apenas feliz.

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora