63. Bem-vinda de volta

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-PoV Lena-

Quando fiquei sozinha na sala, minhas emoções oscilavam o tempo inteiro de raiva pra medo. Eu tinha acabado de ser sequestrada pela minha mãe, mas o pior era estar com o meu irmão, que é o próprio diabo reencarnado.

Mais um vez eu pensei na Kara e me senti uma idiota, eu só terminei naquele lugar porque depois que brigamos eu estava pouco me lixando pra o que poderia acontecer comigo. Eu só queria sumir, mas não dessa forma.

Eu precisei ficar frente a frente com o Lex pra entender o quão problemático aquilo era. Eu supus que não tinha mais nada a perder por conta de uma briga com a Kara que eu até já imaginava que aconteceria.

Por isso as vezes é melhor você ficar triste com alguém do que decepcionada. A decepção sempre vem acompanhada de um desacreditamento.

Essa era a verdade, eu não conseguia mais acreditar que a Kara estava ao meu lado porque ela sempre demonstrava o oposto. Então, eu sentia muita raiva por ter tirado minha proteção pra alguém que está sempre duvidando de mim, mas também sentia raiva por amá-la tanto e por ficar em pedaços todas as vezes que me decepciono com ela.

Em vários momentos eu cheguei a dizer que a Kara agiu de forma infantil, mas vamos ser realistas, eu não sou muito diferente dela. Se fosse, eu não estaria amarrada numa torre revestida de chumbo, prestes a fazer tudo o que meu irmão quer porque eu não soube lidar com uma discussão.

Mas não adiantava ficar remoendo aquilo, eu precisava ao menos entender onde eu estava.

Apesar de ainda me sentir um pouco tonta e com a visão turva, era óbvio que eu estava dentro de um laboratório. Haviam várias mesas com computadores, microscópios, soldas, centrífugas, freezers, câmeras por todo lado e vários bloqueadores de sinal. Aquele lugar era completamente irrastreável não só pra Supergirl, mas pra qualquer pessoa.

-Ei, tá pronta? -Lex entrou na sala desamarrando minhas mãos e a marca do nó destacou nitidamente nos meus pulsos, mas não doía. Ou, eu não conseguia sentir dor.

-Pronta pra fazer o quê? -perguntei depois de me levantar.

-Conhecer a pessoa que tanto te quer morta. Eu no seu lugar estaria morrendo de curiosidade.

Eu não consegui responder, eu estava arrependida de estar ali e tentando imaginar qual preço eu teria que pagar por dever minha vida ao Lex e a Lillian. E se essa pessoa fosse alguém próxima? Como eu teria forças pra passar por tudo o que ainda iria enfrentar.

Mas eu sabia que não havia escolha. Aquela pergunta era apenas um aviso, independente da minha resposta.

Continuei imóvel olhando pra o meu irmão e ele se adiantou respondendo com um "sim" por mim e entrelaçou meu braço ao dele.

Nós andamos por pelo menos dois corredores até que eu vi a sala de vidro completamente impenetrável e com um homem que andava de um lado pra o outro.

Mesmo ainda estando longe, eu conseguia ver algumas características suas, muito bem vestido, pele escura, alto, forte e cabelos negros e lisos.

Meu coração parou de bater por alguns segundos e novamente eu me senti um pouco tonta.

-Jack? -perguntei pra mim mesma tão baixinho que tenho certeza que nem meu irmão ouviu.

Lex ficou esperando minha reação como se estivesse aguardando um grande espetáculo, mas depois que chegamos exatamente na frente da parede de vidro, eu percebi que não era o Jack, era o amigo da Kara.

-Não é possível. Você tem certeza? -perguntei achando que poderia ainda ser resultado da minha visão turva.

-Bem surpreendente, não acha? Confesso que custei a acreditar que um qualquer como ele conseguiu tantas coisas. E a propósito, ele não consegue ver a gente lá de dentro. Nem nos ouvir. Você lembra dele? William Dey.

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora