74. Ela é o meu sol

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-PoV Lena-

Permaneci na ponta do penhasco até que realmente vi os seguranças do meu irmão se aproximarem. Eu não fazia ideia do que aconteceria comigo se eu pulasse, mas o pior cenário seria eu cair ou bater em alguma pedra e não morrer. Os outros cenários eram: viver ou morrer.

Eu não tinha tempo pra pensar, nem muito menos condições de ficar mais uma noite nas mãos do Lex, então eu pulei.

O engraçado da força da gravidade é que ela realmente nos puxa em direção ao centro da terra. Esse campo eletromagnético mantém a terra em equilíbrio e ele é tão perfeito que acelera o processo pra que nada saia de ordem.

Eu achei que teria medo do antes da queda, mas a velocidade é tão grande que parecia que eu estava parada no ar.

Senti o impacto da queda mas não foi tão gelado quanto eu imaginei, na verdade, nem ao menos foi molhado. Eu estava nos braços da Kara e ela abaixou o capacete do traje anti-kryptonita pra usar sua visão de calor nos dois homens que ainda tentaram atirar em mim.

Eu olhei pra os dois desmaiados no chão na beira do penhasco, olhei pra baixo onde estava o enorme lago e depois encontrei os olhos da Kara.

Provavelmente meu corpo estava todo paralisado e eu não consegui mover nenhum músculo, nem mesmo pra falar.

Kara voou comigo pra outro local perto dali, mas longe o suficiente daqueles homens. Antes de me colocar no chão ela me abraçou e o alívio que ela deixava transparecer era palpável, mas eu não consegui abraçá-la de volta.

-Você tá bem? -ela perguntou depois que me colocou de pé e segurou meu rosto com as mãos.

Sinalizei que sim só balançando minha cabeça e ela me abraçou novamente. Dessa vez senti alguns beijos pela minha cabeça e quando ela me olhou, secou algumas lágrimas que eu nem tinha notado que estavam ali.

-Cadê a Lillian? E o William? Ele tava com vocês também? -Kara perguntou.

Ouvir o nome da minha mãe me fez chorar de uma forma que eu não queria, não na frente da Kara.

-Os dois morreram. -eu respondi no meio do meu choro e ela não fez mais nenhuma pergunta. Só continuou me abraçando.

Kara me abraçava como se eu fosse uma coisa tão importante pra ela, mas isso doía. Doía porque nem sempre eu recebo esse carinho, doía porque parece que preciso me esforçar duas vezes mais pra poder merecer.

Eu me afastei daquele abraço tentando respirar um pouco melhor, já que eu não parava de chorar. E Kara recebeu alguma informação na escuta.

-O que foi? -perguntei.

-O DOE localizou o seu irmão.

-Pega ele, Kara. Lex precisa ser parado, ou ele ainda vai machucar muita gente.

-O John já tem essa localização, ele vem te buscar. Você vai ficar bem?

-Claro. Para o Lex, por favor. -pedi novamente.

Kara deixou um beijo na minha testa e voou tão alto e rápido que nem consegui ver pra que lado ela foi. Mas pela sua confiança, ela estava pronta pra vencer.

-PoV Kara-

Depois da ajuda do Brainy com as localizações, fui direto pra onde o Lex estava. O aeroporto com o jatinho ainda em pouso estava sem movimentação alguma, mas de longe eu o vi ao lado do corpo da Lillian.

Ele não estava chorando, nem nada parecido, mas sua expressão não era boa. Eu poderia dizer que era arrependimento, mas vindo do Lex, não tinha como ser.

Lex me olhou assustado e apertou seu relógio fazendo a armadura cobrir seu corpo novamente.

-Não pode ser. Como você conseguiu? -ele questionou apertando os próprios olhos.

-Agradeça a sua irmã. -sorri.

Ele não entendeu muito bem o que tinha acontecido, mas me acertou com kryptonita. A diferença é que agora aquela roupa me protegia completamente. Eu nem ao menos me sentia fraca, porque a radiação na roupa funcionava de forma contrária, igual quando tentamos unir os lados opostos de dois ímãs.

Dentro do traje ainda havia uma inteligência artificial que me ajuda a identificar a qualidade e quantidade de kryptonita na roupa do Lex. E pra minha felicidade, ela estava quase acabando.

Em meio ao desespero, Lex começou a atirar tudo de uma vez em mim e foi a minha vez de rir. Eu gargalhei da expressão aterrorizada que ele estava e alguns socos foram suficientes pra ele apagar.

Não demorou muito para toda a equipe do DOE chegar e ele ser sedado da forma correta. Lex precisaria de prisão especial por conta de seus poderes e talvez até de um tratamento diferenciado, pra aquilo ser retirado dele.

Depois que garanti que tudo estava sob controle, não perdi nem mais um segundo de tempo e voltei pra o DOE.

Algumas pessoas me aplaudiram no salão por eu ter pego o Lex, mas aquilo só foi possível graças a Lena.

Subi as escadas pra o primeiro andar em busca dela e a vi numa sala junto com a Sam e com a Nia.

-Você conseguiu? -Lena perguntou ficando de pé e eu confirmei com um sorriso de canto e balançando a cabeça positivamente. -Finalmente!!! -ela completou aliviada.

-Acabou, Lena. Eu sei que não deve ter sido nada fácil esses dias, mas acabou. -reforcei me aproximando dela e mais uma vez lhe dei um abraço.

Aquela sensação era a melhor do mundo e se eu pudesse nunca mais a soltaria. Lena encaixava perfeitamente nos meus braços e o som do coração dela tão pertinho do meu, me fazia lembrar de que eu estava disposta a qualquer coisa só pra senti-la em meus braços novamente.

Lena se afastou um pouco de mim com seus olhos fixos nos meus e então aproximei meu rosto para beijá-la. Mas ela desviou fazendo com que o beijo fosse deixado em sua bochecha.

-O que foi? -perguntei tentando entender o que tinha acontecido.

-Eu quero ir pra minha casa. Acho que preciso descansar.

-Pode ser que a polícia ainda queira conversar com você, Lena. -Nia disse um pouco sem jeito e era mesmo verdade, mas eu podia resolver aquilo.

-Se você quiser mesmo ir, eu resolvo com a Alex. Você passou por muita coisa e precisa mesmo descansar, eles vão entender. Amanhã você pode dar o seu depoimento. Posso te acompanhar até em casa então?

-Eu prefiro que não, Kara. Mas obrigada, por tudo.

Aquela última frase da Lena foi como levar um golpe no estômago. Aquilo tinha o tom de uma despedida mas eu não consegui reagir.

Eu disse um "okay" e ela saiu da sala com pressa.

-Senti a mão da Sam nas minhas costas logo em seguida e ela tentou me tranquilizar dizendo que ia deixar a Lena em casa, mas nem consegui lhe agradecer.

Me senti completamente perdida sem ela nos meus braços e principalmente sem saber o que estava acontecendo.

A sensação de vazio e solidão me quebrou completamente. Eu dizia pra mim todos os dias que precisava salvar a Lena, mas a verdade é que ela quem precisava voltar pra me salvar. Ela é o meu sol. 

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora