50. Não me testa

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-PoV Kara-

Depois da notícia do falecimento da Isabel Nal, eu larguei tudo na CatCo e fui com o Brainy pra o interior da família da Nia.

Faltavam poucas horas para o velório quando chegamos lá, e era mais do que compreensível ver minha amiga num estado inconsolável. Porém, o que me chamou atenção mesmo, foi a forma seca com que sua irmã mais velha, Maeve, lhe tratava.

Aquele com certeza era o momento mais doloroso pra todo mundo e ainda assim, Maeve parecia muito mais empenhada em tratar mal a irmã, do que em se despedir da mãe e ter alguns segundos de paz com a família.

Como estávamos um pouco longe da cidade, eu pensei que Nia iria passar a noite com o pai e com a irmã, mas ela parou ao meu lado quando todo mundo saiu da sala e pediu pra voltar a National City comigo.

-Kara, você se importaria se eu pegasse carona com você?

-Não, amiga. Claro que não. Não é problema nenhum. É só que... eu achei que você iria querer passar esse tempo com a sua família.

-Eu até gostaria, mas a convivência com a minha irmã é quase impossível. Eu não me sinto bem-vinda aqui, então eu queria muito ir pra minha casa.

-Tudo bem. É claro que eu te levo. -respondi com um sorriso de canto e Nia agradeceu parecendo mais tranquila.

-Eu vou só me despedir do Brainy, tá? -ela continuou. -Eu pedi pra ele ficar porque meu pai pode precisar de ajuda, é tanta coisa pra resolver...

-Claro, não tem pressa. Eu vou te esperar no carro, okay?

-Okay, obrigada.

Enquanto eu esperava a Nia chegar, aproveitei pra mandar mensagem pra Lena avisando que já estava voltando, mas que iria demorar um pouco.

Assim que enviei a última mensagem, a porta do lado do carona foi aberta e minha amiga entrou parecendo contar os segundos pra sair dali.

-Vamos?! -ela perguntou meio impaciente e eu guardei o celular na mesma hora pra poder ligar o carro.

Nosso primeiro minuto de estrada foi de extremo silêncio, mas logo depois, Nia respirou fundo colocando todo o ar pra fora de seus pulmões. Seu coração desacelerou depois disso e ela continuou em completo silêncio.

-Você quer que eu coloque música ou alguma coisa? -perguntei.

-Não, assim tá ótimo. -ela respondeu apoiando a cabeça no banco e encarando a janela.

-Okay. Eu sei que você não tá bem, Nia. Eu conheço essa sensação. Mas se você quiser conversar...

-Eu tô bem, Kara. Obrigada. Eu só quero ir pra casa. -minha amiga deixou sair de forma mais seca e quase não me olhava, mas eu não desistiria de tentar deixá-la mais à vontade.

-Se você não quiser falar, eu entendo. Mas você não precisa fingir que tá tudo bem, não pra mim.

Nia me olhou com os olhos cheios de lágrimas e começou a chorar de soluçar por pelo menos uns trinta minutos. Eu segurei a mão dela por todo esse tempo até ela colocar tudo pra fora e o silêncio mais uma vez reinar dentro do carro.

Claro que Nia ainda iria chorar muito pela perda da mãe, mas eu sabia que tinha algo além disso acontecendo. Então depois de mais alguns minutos de silêncio eu resolvi perguntar.

-Por que a sua irmã te tratou tão mal o dia inteiro? Vocês não se dão bem?

Nia apoiou melhor sua cabeça no banco e respondeu:

-Tem uma coisa sobre mim que você ainda não sabe, Kara. Eu nasci aqui na Terra, mas a minha mãe nasceu em Naltor, então eu sou uma híbrida. Meu pai é humano, minha mãe naltoriana...

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