Chemical Hearts - Supercorp

39. Você tem a mim

-PoV Kara-

Minha irmã ficou em silêncio depois que falei que não queria conversar e o elevador se fechou. Ela me olhava sem entender nada e me esforcei pra explicar que eu não estava sentindo dor nenhuma, era só uma tontura forte pela confusão que estava minha mente. Eu sabia que a Alex estava formulando centenas de perguntas, mas ela me poupou de mais estresse naquele momento e me levou pra casa sem mais questionamentos.

Eu venho tentando lidar com o medo e com as inseguranças sozinha, mas depois de passar mal na CatCo na frente de todo mundo daquele jeito, eu sabia que tinha que começar a falar e até a pedir ajuda, se fosse o caso.

Eu odeio me sentir fraca desse jeito, odeio não conseguir lidar com meus problemas sozinha, mas eu tenho que admitir que tudo está fora de controle.

Desde que o Metallo me atingiu com kryptonita que eu não consigo mais controlar meus poderes com a segurança que eu tinha antes. Minhas mãos tremem sempre que tenho que usá-los e a minha mente nunca descansa pensando em certas coisas que me deixam ainda pior...

Quando descobri do acidente e entendi que mesmo que indiretamente eu fui responsável pela morte do Corben e pela existência do Metallo, passei a questionar também, minha utilidade como super-heroína. Que benefícios eu posso oferecer quando eu mesma sei que não tô pronta pra uma responsabilidade tão grande como essa?

Por isso eu fiz a escolha responsável de abandonar a capa, mesmo com a insistência de todos eu não voltei. Como eu vou salvar a vida de alguém se eu não consigo nem controlar as minhas mãos trêmulas e as tonturas?

Deixar a Supergirl de lado foi uma decisão difícil e que eu queria muito acreditar ter sido a melhor, mas no fundo eu não tinha tanta certeza. Por isso, eu tentava continuar sendo só a Kara, eu queria me sentir suficiente sendo apenas ela, mas não estava dando certo. É impossível a Supergirl não interferir na vida da Kara e vice-versa, então terminei deixando todas as frustrações de uma super-heroína que não deu certo influenciar no meu trabalho como repórter, no meu relacionamento com a Lena, na minha relação com a minha família... eu mesma estou me destruindo e não consigo evitar.

O ápice do meu estresse foi chegar na CatCo e ver o meu ex namorado trabalhando lá. Eu tinha acabado de brigar com a Lena por conta do meu ciúme exagerado, mas depois de me deparar com o Mike na empresa, eu sabia que mesmo sendo errado, meu ciúme não era tão exagerado assim, porque não existe outra explicação pra aquilo que não seja o James querendo criar alguma situação embaraçosa entre mim e o meu ex pra me distanciar da Lena.

Distância essa que agora eu mesma venho tentando manter. Eu sei que eu quem devo desculpas a minha namorada e por isso ela não tentou falar comigo ontem e nem hoje, mas foi uma opção minha manter essa distância.

Outra decisão errada que tomei? Provavelmente. Mas também prefiro acreditar que foi pra o melhor.

Quando eu disse a Alex no elevador que não queria a companhia de ninguém além da dela, eu vi a Lena travar. Conhecendo a minha namorada, ela deve se sentir culpada de alguma forma por ainda estarmos brigadas. Aquilo fez o meu coração doer, porque a pessoa menos culpada nessa bagunça toda que está minha vida, é a Lena.

Eu entrei em casa jogando minhas coisas na mesa e largando meus sapatos por qualquer lugar, sentei no tapete da sala e minutos depois minha irmã me passou um copo com água.

-Você e a Lena brigaram? -Alex estava sentada na minha frente e provavelmente queria me olhar, mas não desviei os olhos das minhas mãos que seguravam o copo.

-Eu não quero falar disso agora, por favor. -pedi.

-Okay... vamos falar de outra coisa então. Algum dia você pretende me contar que está tendo ataques de pânico?