4. Você não queria?

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-PoV Lena-

Eu sei que eu deveria estar com medo depois do último acontecimento na L-Corp, mas eu odeio me sentir presa, a segurança agora está dobrada e eu moro e trabalho no mesmo prédio, então passo 24h lá. Quando eu preciso sair é sempre acompanhada do motorista e de mais dois seguranças. Nos dias em que eu vejo a Kara no meu escritório, não me sinto tão presa, mas hoje não tínhamos marcado nada e achei melhor não chamá-la, eu não queria parecer grudenta e nem que ela aceitasse só por educação. A verdade é que eu estou acostumando com a companhia dela cada dia mais, e por mais que eu a deseje, sua amizade tem sido uma das melhores coisas que já me aconteceu e eu não quero estragá-la.

Como hoje eu não tinha a companhia dela, resolvi andar pela cidade, talvez comer alguma coisa na rua, comprar uma revista numa banca... qualquer coisa que faça minha vida parecer mais normal.

Não sei se é o destino me testando por eu ter acabado de pensar na Kara apenas como uma amiga e não estragar nossa relação levando ela pra minha cama só por algumas noites. Mas, eu jurei ouvir a voz dela me chamando enquanto eu andava na calçada, olhei pra trás e realmente era ela, mas linda do que nunca e com uma cara brava que achei super fofa, mas quando ela começou a falar... a raiva estampava em sua voz.

-O quê você tá fazendo aqui no meio da rua? E sozinha... Cadê seus seguranças? Você não pode andar assim, é perigoso, Lena. -Kara atropelava as próprias palavras enquanto reclamava comigo.

-Eu preciso sair! Eu não vou viver presa. -me defendi.

-Mas e se tentarem alguma coisa contra você? -ela insistia.

-Eu sei os riscos que eu tô correndo, Kara. Não sou nenhuma criança.

-Mas tá agindo igualzinha a uma! -ela disse cruzando os braços e sua expressão nem estava mais fofa, agora era apenas a raiva lhe consumindo.

Eu tentei fazer uma cara séria arqueando uma sobrancelha que eu sabia que a deixaria sem graça, mas dessa vez ela não ficou intimidada. Ela realmente estava me dando uma bronca por sair sozinha.

-Não adianta fazer essa cara pra mim, aqui fora você não é a minha chefe e eu não tenho que te obedecer. -ela disse num tom provocador e eu ri.

-Para de rir! Isso é sério, Lena. -dessa vez ela quase gritou comigo e eu entendi que ela realmente estava chateada.

-Kara, calma. Tá tudo bem, não precisa se preocupar comigo desse jeito, eu sei me cuidar.

Entrelacei meu braço no dela e continuamos andando pela calçada.

-Pra onde você tá indo? -ela perguntou abaixando um pouco mais a voz.

-Também não sei.

-Você tá se arriscando pra não fazer nada?

-Se eu me arriscar pra tomar um sorvete e te levar comigo, compensa? -tentei soar descontraída.

-Claro que não, eu preferia saber que você está segura, mas como de qualquer forma você não vai obedecer, não vou deixar você tomar sorvete sozinha, eu amo sorvete.

-Sei... -disse com um sorriso largo e tentei roubar um dela também, mas ela não estava pra brincadeiras. No fundo, eu adorei aquele jeito bravo e exigente da Kara, ela é uma caixinha de surpresas que eu tenho prazer em desvendar.

Eu sabia que ela estava me acompanhando só pra garantir que eu estaria bem. Kara tem um instinto protetor que não sei explicar, ela ama ajudar as pessoas e desde aquele atentado na L-Corp, que parece que ela vem tentando realmente cuidar de mim. Ela é a pessoa mais boa que já tive o prazer de conhecer, e é por isso que agora penso em não estragar nossa amizade só pra satisfazer o meu desejo de tê-la.

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora