42. Você precisa de ajuda

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-PoV Kara-

Depois de conseguir impedir um assalto sem usar os meus poderes, finalmente consegui enxergar um pouco de esperança no meio de tanta coisa ruim que andava acontecendo.

Minha irmã tinha certeza de que eu não era a culpada pela morte do Corben e o discurso da Lena me fez entender que eu não escolhi ser a Supergirl unicamente por ter poderes, mas porque eu acredito que posso contribuir pra um mundo melhor.

Eu me despedi rapidamente da minha irmã, porque ainda teria tempo de sobra pra conversar com ela em casa e aproveitei a oportunidade pra voltar na CatCo e encontrar a Lena.

Eu me sentia tão envergonhada por todas as minhas atitudes nas últimas semanas, que eu não fazia ideia de como começar meu pedido de desculpas. Eu dei a Lena um peso que ela não precisava carregar e ainda fui insensível por me afastar e deixá-la sozinha se sentindo culpada por coisas que ela jamais teve culpa.

O motivo do nosso distanciamento foi principalmente porque eu não vinha sendo sincera e não tive coragem suficiente pra lhe contar a verdade, então eu me afastei com medo de magoá-la e foquei minhas frustrações num ciúme doentio que só fez nos distanciar ainda mais.

Entrar novamente no elevador da CatCo foi uma sensação estranha, nos últimos dias eu passei mal quase todas as vezes que entrei ali, mas dessa vez eu me sentia mais confiante. Aquilo era um passo minúsculo pra minha melhora, mas já era alguma coisa.

Quando as portas se abriram no meu andar, parecia que estava havendo uma festa, a equipe inteira estava feliz pelas notícias da volta da Supergirl, e os telefones não paravam de tocar. Com certeza tinha algo a ver com os relatos de "super-heroísmo" que a Lena pediu que as pessoas compartilhassem em sua entrevista.

Meus olhos percorreram rapidamente o salão e eu vi quando minha namorada olhou em minha direção e ficou paralisada.

Naquele momento, eu não consegui conter um suspiro mais longo. Além de me sentir aliviada, era aquele rosto que eu precisava ver depois de um dia tão difícil.

Lena não fez menção de vir ao meu encontro, mas permaneceu parada no mesmo lugar me olhando, seus olhos pareciam um pouco marejados e seu coração batia num ritmo diferente, mas esse era desconhecido pra mim. Eu não sabia se ela estava me odiando, se estava triste, se estava decepcionada, ou, se era um combo de tudo isso.

Eu dei alguns passos em sua direção e ela virou de costas pra mim caminhando vagarosamente até a sacada do andar. De longe eu conseguia ver que era o único lugar sem nenhum aglomerado de pessoas, então eu a segui até lá.

Fiquei alguns segundos vendo a Lena de costas pra mim olhando a cidade com os braços cruzados, mas tomei coragem e falei:

-Eu não sei por onde começar, mas... eu queria muito pedir perdão por cada comportamento meu que te magoou. Eu sei que isso não é desculpa, mas eu tava fora de mim. Eu vim o caminho inteiro pensando nas coisas que eu fiz, e sinceramente? Eu quase não me reconheço nelas.

Lena olhou pra trás me encarando com seriedade e logo depois voltou a sua posição de antes, mas dessa vez apoiando as mãos na sacada. Ela demorou um pouco pra me responder, mas sua voz triste quebrou o silêncio.

-Eu me culpei muito por não conseguir ajudar minha própria namorada, mas no dia que você olhou pra mim e disse que não me queria por perto, eu entendi que tava sobrando na sua vida...

-Lena, não!!! -eu a cortei. -Claro que não. Você não tá sobrando na minha vida, você é a coisa mais importante dela.

Lena riu sarcasticamente me olhando de relance e depois voltou a olhar a cidade à sua frente.

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora