80. O motivo você já sabe...

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-PoV Kara-

Eu nem sabia se a Sam ainda tinha algo pra me dizer, mas eu estava errada quando falei que aguentava, na verdade eu precisei sumir pras duas não me verem chorar como eu realmente queria.

Eu fui pra o lugar mais distante de pessoas que consegui e gritei tanto que chegou um momento que eu não tinha mais nada pra pôr pra fora. Eu chorei até não terem mais lágrimas e depois fiquei deitada no chão olhando pra o céu durante longos minutos. Talvez horas.

Não sei.

"Ela precisa ouvir".

Aquelas palavras da Sam martelavam fortemente na minha cabeça.

Uma outra vez a Sam já tinha me feito cair na real, mas ela não sabia ainda que eu era a Supergirl. Eu perguntei pra ela o que ela achava da situação e a resposta não foi exatamente o que eu queria ouvir, mas foi o que eu precisava. Naquele momento eu agradeci por ela não saber que eu era a Supergirl, porque eu achava que se ela soubesse não teria dito tudo o que disse, mas eu estava errada, ela continua dizendo o que eu preciso ouvir.

Aquele tempo ali sozinha me fez processar muita coisa que eu estava sentindo. Algumas eu consigo entender, outras não, mas eu sei que a única pessoa que eu deveria conversar no momento é ela. Sam é a única que eu tive a certeza de que jamais vai me poupar de nada.

Eu fui na casa dela mesmo sabendo que já era tarde, mas eu precisava tentar. Eu a ouvi falando com a Ruby antes da garota dormir e esperei por mais algum tempo até ter certeza de que ela estava mesmo dormindo.

Eu bati na porta muito levemente e a Sam me atendeu logo em seguida.

Era nítido que ela estava surpresa com a minha visita, mas me mandou entrar.

-Será que a gente poderia conversar? -pedi cruzando os braços talvez pela vergonha e ela aceitou.

-Claro. Sobre o que você quer falar?

-Você sabe... Sobre a minha reação hoje. Eu entendo tudo o que você me disse. Mas queria te contar minha versão também. Eu sei que se eu estiver sendo insensata você vai me dizer. E é disso que eu tô precisando agora.

-Você tá disposta a conversar, e isso já é um passo enorme. Eu vou só buscar um chá. Você aceita?

-Aceito, sim. Obrigada.

Sam deixou a sala e voltou rapidamente, pelo cheiro, o chá já estava pronto e ela só fez servir nossas xícaras.

A gente sentou uma do lado da outra e eu não sabia por onde começar, então ela mesma perguntou.

-Como você se sentiu quando soube que a Andrea agora é a proprietária e editora-chefe da CatCo?

-Hmm. -balbuciei enquanto finalizava meu primeiro gole do chá e devolvi a xícara pra mesinha da sala. -Eu não sei se vou saber te explicar tudo agora porque eu ainda tô processando, mas eu posso adiantar duas coisas. Eu me senti traída por não fazer ideia do que tava acontecendo e um pouco ameaçada também.

-Ameaçada? -Sam repetiu parecendo confusa.

-É... Sempre que qualquer coisa acontece na minha vida o meu escape é o trabalho. Eu posso ser ruim em tudo, mas eu sou uma excelente repórter e isso me ajuda a sentir que eu ainda tenho alguma coisa aqui. Porque boa parte da minha vida eu nunca senti que de fato pertenço a esse lugar... até conhecer a Lena. Mas sem ela, só me resta o trabalho. Quando eu vi a Andrea chegando com milhares de ideias que fogem totalmente do que a CatCo tá se tornando e que de certa forma eu ajudei a formar, eu tive medo. Eu tive medo de perder a única coisa que ainda faz eu pertencer aqui.

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora