75. Meus amigos

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-PoV Lena-

Entrar no carro com a Sam e fechar a porta foi como se eu tivesse baixado o volume do mundo.

O tempo todo as pessoas me faziam perguntas ou me diziam o que fazer, mas eu não queria escutar nada, eu só precisava de um pouco de silêncio.

Sam começou a dirigir e eu agradeci a calmaria de apenas nós duas no carro, mas o som do toque de um celular fez minha cabeça latejar e eu reclamei.

-É o seu. -minha amiga falou e eu nem tinha notado que estava com meu celular na mão.

Não faço ideia em que momento aquilo chegou pra mim, mas eu nem lembrava mais de que aquele celular era meu.

Atendi sem vontade alguma porque sabia que poderia ser algo importante, mas eu realmente não conseguia processar mais nada naquele dia. A mulher do outro lado falou dezenas de coisas, mas as únicas palavras que fixei foram: corpo, mãe, funeral.

Pensar na Lillian sempre me fazia chorar de novo, então eu não consegui responder, nem muito menos entender o que aquela mulher queria de mim.

-Posso atender pra você? -Sam perguntou estendendo sua mão e eu entreguei o celular pra ela tão rápido que nem pensei antes.

Permiti que minha mente desligasse pelo resto do caminho, mas de fundo eu ouvia a voz da Sam resolvendo toda a minha vida.

Eu não conseguia ao menos agradecer por tudo aquilo, mas eu estava extremamente grata.

-Chegamos! -ela disse desligando o carro e segundos depois estava abrindo a porta pra mim.

-Essa não é a minha casa. -falei desconhecendo completamente aquela garagem.

-Não, não é. É a minha. A avenida inteira do seu prédio tá completa de repórteres e curiosos. Você não vai querer ir pra lá hoje.

-Obrigada. -foi a única coisa que consegui responder.

O tempo todo parecia que eu estava desligada, Sam me conduzia a fazer as coisas e quando eu despertei um pouco, percebi que estava na varanda de sua casa usando pijamas e com uma xícara de chá nas mãos.

Minha amiga sentou ao meu lado também segurando uma xícara e ficou em silêncio.

-Cadê a Ruby? Ela me viu assim? -perguntei.

-Ela tá com a minha mãe. Já sabe que você tá bem. Não precisa se preocupar.

-Okay. Ótimo. Você... poderia me atualizar?

-Certeza? -Sam perguntou. -A gente pode conversar quando você acordar.

-Eu não vou conseguir dormir.

-Então tudo bem. Seu irmão foi levado pra Central City, o Star Labs vai cuidar dessa questão dos poderes dele. Teoricamente ele tem direito a estar no funeral da Lillian, mas eu disse que você não autorizou. Sobre o funeral, ele vai acontecer amanhã muito cedo. Eu achei que quanto mais rápido, melhor. Também falei com o John e com a segurança do seu prédio pra isolarem a área e eu conseguir te deixar em casa depois. Mas acho que o principal é... que a Kara não para de perguntar por você. Ela queria vir aqui, mas eu não deixei. Espero não ter feito nada errado.

-De maneira alguma, eu acho que nunca vou conseguir te agradecer por tudo isso. Eu não teria feito nada diferente. Muito obrigada mesmo.

-Não precisa agradecer, Lena. Isso não chega perto de tudo o que você já fez por mim. Eu não esqueci as incontáveis vezes que eu não tinha com quem deixar a Ruby e terminava levando ela pra o trabalho. Você sempre pedia pra ficar com ela na sua sala, e eu sei que era porque se o Lex visse a gente ele iria me demitir. Você nunca me disse nada porque sabia que eu não tinha outra alternativa e ainda me protegeu todas as vezes. Eu não queria que nada disso tivesse acontecido com você, mas aconteceu, e é bom poder estar perto o suficiente pra te ajudar no que você precisar. Pra falar a verdade, eu gosto muito de ser sua amiga, eu nunca tive irmãos, mas você é o mais próximo que já tive de uma irmã.

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