51. Ela também é minha família

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-PoV Kara-

Sair da minha primeira sessão de terapia foi um pouco assustador porque eu percebi que não conseguia responder muitas coisas importantes sobre mim mesma.

Pelo menos, Lena estava certa sobre ter a Kelly como minha psicóloga, parecia mesmo ser a melhor decisão.

Além dela ser muito carinhosa e paciente, Kelly me passava tanta segurança que contar a ela da minha identidade secreta como Supergirl foi o menor dos meus problemas.

Difícil mesmo foi falar como eu estava me sentindo e perceber que aquilo era algo que eu já sentia há anos. Na verdade, eu já cheguei na Terra traumatizada, ter que esconder meus poderes durante anos, perder o meu pai adotivo e vivenciar uma relação abusiva, só agravou minha situação. Quando o Metallo morreu e quando eu conheci de perto o poder da kryptonita sobre mim, foi só o estopim pra eu entrar em colapso.

Eu não sei dizer exatamente se aquela primeira sessão tinha me feito bem ou não. Eu acredito que não. Mas, tudo são processos e eu tinha acabado de começar um.

Algumas coisas não são ditas a gente do que acontece depois de uma terapia. Mas, ficar de frente a um problema que você acabou de explorar numa sessão parece ainda mais aterrorizante. Eu não estava pronta pra encarar nenhum dos meus problemas, mas eu já conseguia enxergar melhor o que me fazia mal. E entendi que existe um limite pra o que eu devo aguentar, e esse limite pra o "problema Mike" é zero.

Quando eu cheguei no salão da CatCo eu o vi saindo da minha sala. Lena tinha deixado claro que não queria ele ali, mas mesmo assim, ele não se importa nem um pouco de ser inconveniente.

O rosto do Mike estava boa parte coberto por um enorme curativo e os olhos dele estavam levemente roxos. O soco da Lena havia sido um golpe e tanto, mas aparentemente não foi o suficiente pra ele entender que não é bem vindo nem na CatCo e nem em lugar nenhum da minha vida.

-Ei! Kara! -Mike chamou mesmo depois de eu ter desviado dele. -Eu posso falar com você rapidinho? -ele pediu.

-O que você tá fazendo aqui, Mike?

-Eu tive que passar no RH pra assinar minha demissão e aproveitei pra vim me desculpar com você.

Eu ouvi aquilo automaticamente revirando os olhos e minha primeira reação foi tentar me livrar dele de qualquer forma. Eu só queria que ele sumisse da minha frente o mais rápido possível.

-Bom, eu tô te livrando das desculpas, você pode ir. -respondi.

-Não, espera, é sério. -Mike insistiu se pondo na minha frente e eu conseguia sentir meu sangue ferver de raiva. -Eu tava pensando esses dias... -ele continuou. -e... eu acho que ainda podemos ser amigos. A gente não precisa viver igual cão e gato, muito pelo contrário, seria ótimo sair com você como amigos e relembrar os velhos tempos...

-Dá pra você calar a boca?! -meu pedido saiu grosseiramente e me surpreendeu até a mim mesma. -Eu não aguento mais ouvir essas suas baboseiras, Mike. -completei.

-Kara, a gente já passou por tanta coisa juntos, eu achei que você ia querer deixar tudo isso no passado.

-É, Mike. Você tem razão, a gente já passou por muita coisa mesmo. Tipo quando meu pai desapareceu e você prometeu ficar comigo, mas saiu com os seus amigos pra se drogar em qualquer esquina. Você foi extremamente egoísta, ainda mentiu pra mim dizendo que tava em casa e mesmo depois de eu ter descoberto a verdade você nunca se desculpou.

-Kara, eu...

-Fica quieto, eu ainda não terminei. Teve uma outra vez que eu te indiquei pra trabalhar no hospital que a minha irmã trabalhava e você fez questão de me trair com todas as mulheres que conseguiu. Eu fiz a Alex sujar o nome dela te indicando, manchei minha reputação, virei piada naquele hospital e mesmo assim você também nunca me pediu desculpas. E o pior, é que depois que você foi demitido, eu ainda tive que ir lá pra me desculpar por você pra minha irmã não ficar mal vista pelos chefes dela.

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