9. Eu prometo a você

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-PoV Lena-

Se não fosse a quantidade de calmantes que tomei pelo susto do meu quase acidente, acho que eu não teria conseguido dormir. Kara disse que me amava, foi lindo, ela comparou o que sentia por mim a mesma sensação de usar seus poderes, que é quando ela se sente livre, e consegue ser ela de verdade. Ela conseguiu me deixar sem palavras, eu realmente me senti amada, e eu só lembro de em um momento da minha vida me sentir amada daquela forma, que foi antes de perder a minha mãe biológica.

Quando eu entrei pra família Luthor não foi fácil me adaptar, e com o tempo as coisas só pioravam, principalmente depois que meu pai morreu. Minha mãe parou de fingir que gostava de mim e o Lex virou um manipulador e um mentiroso, além de assassino e ladrão. Eu tentei me aproximar de outras pessoas, e fui feita de idiota dezenas de vezes por ser muito ingênua e não enxergar o interesse e a maldade das pessoas, então o próprio Lex me ajudou a criar essa armadura e eu prometi a mim mesma nunca mais deixar ninguém se aproximar de mim de novo. Com certeza esse foi o motivo pra eu começar a me relacionar de forma não-monogâmica e nunca me envolver. Meus relacionamentos eram todos baseados em regras, limites e principalmente níveis de envolvimento, tudo era friamente calculado com todas as partes envolvidas.

Ainda no ensino médio, minha melhor amiga Andrea ficou com um garoto que eu gostava, mesmo eu falando dele pra ela todos os dias. Ela nunca me disse que gostava dele também ou nada parecido, eu apenas vi os dois se beijando e me senti traída, mesmo que de fato eu não tenha sido, afinal, eu não tinha nada com ele, éramos apenas amigos. Mas, aquilo pra mim foi uma das coisas que me fez ver que eu não aguentava mais ser enganada pelas pessoas que eu amava. Eu desculpei minha amiga -não de coração-, e mesmo nós não sendo tão próximas como já fomos, a gente ainda se fala, mas eu optei por não ter amigos de novo.

Como sempre digo, James foi a única pessoa que eu deixei se aproximar mais um pouco, mas já faz um bom tempo que venho me decepcionando com suas atitudes, e depois do ocorrido com a Kara eu nem consigo vê-lo como amigo mais. Ele me pediu desculpas pelas coisas que falou, disse que foi muito invasivo e que estava preocupado comigo. Claro que não acreditei e sei que ele está com ciúmes, mas eu não posso afastar da minha vida a única pessoa que me defendeu por anos, eu tinha que pelo menos dar uma chance a ele.

Mas, agora eu me deparei com algo totalmente diferente, eu estou apaixonada pela loirinha kryptoniana que salvou a minha vida de mais um dos atentados do meu próprio irmão, e ela disse que me ama da forma mais linda e eu travei. Kara foi embora e eu não consegui dizer nada além de boa noite. Quando eu acordei no outro dia já sem os efeitos dos remédios eu consegui pensar melhor, Kara foi corajosa e confiou em mim pra contar seu segredo mais profundo, agora ela tinha acabado de me encorajar a fazer o mesmo.

Depois que recebi minha alta voltei pra casa com os dois seguranças, minha perna cortada incomodava um pouco porque estava recente, mas havia sido só um corte de raspão, nada que precisasse de pontos nem de cuidados maiores, eu sentia mais as dores pelo meu corpo, mas fora isso eu estava bem. Então tomei coragem e me arrumei pra encontrar com a Kara, eu precisava falar com ela.

Levei um tempo pra me arrumar, eu estava com muita cara de cansada então caprichei um pouco mais na maquiagem, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e vesti um vestido branco mais justo com um sobretudo marrom.

Ainda com a companhia dos meus seguranças, fui até o apartamento da Kara deixando eles esperando no carro.

Kara me atendeu exatamente no mesmo segundo que bati na porta. Eu estava apreensiva, talvez nervosa... eu nunca fico nervosa, mas ela consegue me fazer sentir tudo que nunca senti antes. Eu tinha várias coisas pra dizer a ela no momento que eu a olhasse, vim o caminho todo treinando o que falar, mas quando eu olhei pra ela só consegui sorrir.

Chemical Hearts - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora