Wrong Choice - Vinnie Hacker

61

      POV Vinnie

 
  Eu provavelmente estava no inferno pagando por meus pecados, ou em algum tipo de limbo o qual eu vivia e revivia sobre as merdas que havia feito, tirei essa conclusão assim que Cassie me dispensou e a vi quando subi para o segundo andar da casa, pela janela pequena do corredor iluminado podia ver a morena passar pelos portões da casa com um braço por cima dos ombros do garoto misterioso que andava a acompanhando ultimamente, eu não sabia qual era seu nome, de qual turma ele era e muito menos o que ele era de Cassie, mas certamente não era só um amigo.

  Era notável no brilho intenso dos olhos do garoto, o jeito que ele falava com ela e a encarava, ele parecia sempre muito tímido e mesmo que eu não quisesse, dava pra ver que Cassie gostava de seu jeito, ela o dava olhares curiosos sempre que ele corava e o tocava com cuidado, me perguntei se as pessoas de fora também viam nosso relacionamento daquele jeito.

  Suspirei passando as mãos por meus cabelos pela milésima vez naquela noite, não tinha nada pior do que ver a pessoa que você mais ama te dando um olhar tão pesado quanto Cassie me deu, não havia desprezo como pensei que fosse ter, ela estava profundamente magoada e me senti pior ainda por vê-la daquele jeito, principalmente por saber que a culpa era totalmente minha, eu estava em um buraco que eu mesmo cavei e estava merecendo tudo aquilo.

  Eu até poderia continuar naquela festa e fingir que estava gostando de ouvir Juny cantar as várias músicas que repetiam enquanto me esquirvava de suas investidas para cima de mim, mas desse jeito eu certamente voltaria para a casa completamente bêbado e dormiria no chão gelado do banheiro mais uma vez, por isso decidi jogar tudo pelos ares e agir feito um verdadeiro babaca, o qual eu estava sendo chamado durante os últimos dias por Becky e Milles, mesmo que o último dissesse bem baixo toda vez que passava ao meu lado nos corredores.

  Puxei fundo minha respiração e quando dei por mim, eu já estava saindo pelos portões de ferro e suavizava meus passos à medida em que via os dois andando em certa velocidade a pelos menos 35 metros de mim, Cassie parecia bem mais alegre do que quando seus olhos estavam focados em mim e senti meu peito doer por isso.

   Era a primeira vez que eu fazia algo tão insano como perseguir alguém no meio da noite, para minha sorte as ruas não estavam totalmente vazias já que algumas pessoas caminhavam pelo mesmo caminho que nós passávamos, assim ficava mais difícil para eles me notarem.

  O arrependimento de estar fazendo aquilo já começava a dar seus primeiros indícios quando minhas mãos começaram a suar frio, meu coração batia forte demais em meu peito e eu não sabia se isso se dava ao fato de eu estar os perseguindo ou se era por ver Cassie tão feliz ao lado de alguém que não era eu; os dois pareciam tão felizes, a morena agora segurava a cintura do garoto e o mesmo tinha seu braço por cima dos ombros finos dela, sua gargalhada contagiante podia ser ouvida por qualquer um que passasse por ali, tudo à sua volta brilhava e minhas pernas fraquejaram mais uma vez, se eu não tivesse feito toda aquela merda poderia ser eu a fazendo sorrir daquele jeito.

  A noite estava incrivelmente fria e estranhei quando passei minhas mãos por meus braços e não senti o tecido grosso do casaco que eu usava quando cheguei naquela casa, eu provavelmente havia o tirado e não me lembrava onde tinha o deixado, apenas ignorei aquilo e me foquei em entrar em algum beco escuro sempre que Cassie ameaçava se virar, se ela me visse com certeza daria muito problema e eu perderia de vez qualquer pingo de chance que eu ainda poderia ter, mesmo que eu já não acreditasse muito nisso.

  A esperança é a última que morre, certo?

  Errado.

  Esse ditado é o mais fajuto que eu já ouvi, tirei essa conclusão assim que presenciei a cena mais dolorosa do mundo, algo que realmente foi capaz de estilhaçar meu coração em um milhão de pedacinhos até que não restasse mais nenhum caco presente dentro de meu peito.