Depois que te conheci

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MATHEUS NARRANDO:

Eu não podia acreditar na besteira que acabei de ouvir. Eu vou ter que fazer um parto? Eu? Pelo amor de Deus que coisa mais absurda!

Puxo o telefone da mão da Jéssica e grito com a doutora.

— Tu tá drogada doutora? — pergunto bravo vendo o olhar fulminante da Jéssica.

— Não temos tempo, Matheus! Eu vou te passando as cordenadas aqui, vou te ligar pelo video beleza? — ela diz rapidamente.

— Eu não vou fazer isso! To indo para o hospital! — digo tentando ligar o carro, apenas tentando mesmo. Porque eu tô tão nervoso, tremendo tanto que mal consigo relar na chave.

Ta doído esse povo. Sou traficante, não médico obstetra, eu em.

— Se for necessário você vai sim fazer a droga desse parto Matheus! — Jéssica diz agarrando meu braço.

Respirei fundo diversas vezes tentando ficar calmo. Isso é uma loucura.

— Jéssica, pelo amor de Deus, isso é tão louco. Eu não consigo. Não dá. — balancei a cabeça negativamente.

— Matheus, olha pra mim — ela gritou — Você ja matou tanta gente nessa sua vida, ja viu tanto sangue, levou tanto tiro. O que é fazer um parto perto de tudo que você já viveu ou viu?

— Nada se compara em trazer meu filho ao mundo, porra. Eu sou traficante, não médico. Sei fazer isso não.

— Você vai fazer. — ela diz firme.

Ficamos por longos minutos nessa discussão interminável até que acabei concordando com essa loucura. Liguei de vídeo para a doutora que pediu para que eu abaixasse o banco do carro e pegasse alguns panos, peguei uns cueiro sei lá como chama essa porra!

— Pronto, Matheus? — a doutora pergunta com um sorriso reconfortante.

Balanço a cabeça negativamente. Eu não estava nem preparado pra entrar na sala de parto e agora vou fazer um parto!

"Senhor, me ajude!" — pedi silenciosamente em pensamentos.

— Ele está prontíssimo, doutora! — Jessica diz ofegante.

— Jéssica, conta até 3 e faz força. — a doutora pede.

Jéssica seguiu as cordenadas que a doutora falou, ficamos nessa por longos minutos, Jéssica estava suando pra caralho, fazia e fazia força e nada!

Era terrível. Uma sensação de incompetência. Não podia fazer nada para ajudar minha mulher. Ela estava sofrendo pra caramba. Gritava, puxava os cabelos, apertava minha mão. Fazia força. E o bebê não nascia logo. Foram as horas mais terríveis da minha vida.

— Eu não aguento mais! Ele é muito grande... — Jessica diz com a voz falha. Ela já estava bem cansada.

— Você consegue, minha querida! Já já você estará com seu neném nos braços, vamos. 1,2,3 vai! — a doutora diz tentando passar confiança para a Jessica.

— Vai meu amor, tu consegue. — acaricio seus joelhos.

— AAAAIIII — grita.