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• Arthur Narrando •

Eu tomei a decisão mais dolorosa que poderia tomar, a decisão de seguir em frente, doí muito não vou mentir dizendo que é fácil porque não é, mas infelizmente foi necessário porque eu cansei de esperar por algo que nunca vai acontecer, algo que nunca vai dar certo. Cansei de tentar e de ter esperanças, eu sabia que esse dia iria chegar, sabia que um dia meu coração iria se cansar de tanto apanhar e sofrer por algo que não é pra ser. A verdade é que eu ainda a amo e muito, mas percebi que não faz muito sentido insistir em algo que só eu quero, que só eu estou lutando pra que dê certo e mesmo querendo muito isso no fundo sabemos que não é pra ser, pelo menos não agora.

Eu tomei a decisão mais dolorosa da minha vida, mais sei que foi o melhor para nós. Eu não aguentava mais, estou no meu limite. Cansei de ser maltratado, pisado, humilhado.

Sai do Alemão com tanta raiva que minha maior vontade era de jogar o carro na frente dê algum caminhão e morrer. Talvez, matar alguém resolveria...

Não respeitei semáforos, sinalização, nem porra nenhuma. Nunca liguei pra esse caralho mesmo.

A única coisa que eu queria era chegar na Rocinha o mais rápido possível, precisava de um colo, um abraço, um abrigo, e nada melhor do que um abraço da minha coroa.

Cheguei na Rocinha, sinalizei para os vapores que ficavam de guarda na entrada e subi o morro a milhão, indo até o barraco da minha velha.

Estacionei o carro em frente sua casa e desci, entrando pra dentro da mesma, sem chamar mesmo.

— Mãe? — chamo assim que chego na sala e vejo a mesma vazia — Mãe?

— Oi, meu filho. — minha mãe diz aparecendo na porta da sala enxugando suas mãos em um pano de prato — Aí, meu Deus, o que aconteceu? — pergunta ao ver meu semblante.

Não consegui dizer nada, apenas chorei, chorei tudo que estava guardado durante todo o tempo. Perdi as forças das pernas e acabei caindo de joelhos no chão chorando.

Acho que juntou tudo. Acabei de enterrar um dos meus melhores amigos. Acabei de perder a mulher que eu amo.

— Oh, meu menino — minha mãe se ajoelha com dificuldade em minha frente — Chora, desabafa tudo... — acaricia meu rosto — O Léo está descansando agora...

— Não... Não é só isso, mãe. É tudo. Eu tô cansado, sabe? Terminei com a Larissa... — digo em prantos.

— O quê? — ela pergunta surpresa — Ah, meu filho, desculpa. Eu não sabia...

— Não tem que se desculpar, não tinha como a senhora saber né... — digo.

— Como isso aconteceu? Digo... Vocês não estavam bem? — pergunta.

— Vamos levantar e te conto tudo. — digo me levantando e ajudando minha mãe a se levantar.

Minha coroa se sentou no sofá e bateu as mãos sobre seu colo me convidando pra deitar a cabeça no mesmo e assim eu fiz. Minha mãe começou a me fazer cafuné, era tão bom estar assim com minha coroa.

— Estávamos péssimos... — comecei a falar — Acho que ela nem me ama mais...

— Claro que ela te ama, meu filho. Isso é nítido... — minha mãe diz.

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora