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• Matheus Narrando •

Durante todo o caminho até o morro do alemão permanecemos em total silêncio. Na verdade, não tinha nem o que dizer. Ainda não conseguia acreditar em tudo que aconteceu e estava me preparando psicologicamente para ver a Maju depois de tanto tempo.

Optamos por cada um ir com seu próprio carro, o clima tava tenso demais.

Chegamos em frente ao morro, abaixei meu vidro e parei na entrada em frente aos vapores que ficavam na barreira.

— Tô subindo, pode pá? — avisei um dos vapor.

— Pode pá, chefe. — diz liberando nossa entrada.

Assenti e subi o morro.

Fui subindo bem devagar, quase parando mesmo. Fazia mó cota que eu não encostava aqui e tudo estava como antes. Porém, hoje, tudo aqui estava bem triste. Era visível no semblante de cada morador. As lojas, bares, estavam todos fechados por luto. E tinha uma movimentação doida pra cima e pra baixo. Segui caminho até a quadra aonde iria acontecer o velório e tals.

A quadra também estava lotada pra caralho, acho que mal dava pra respirar lá dentro. O bagulho parecia um formigueiro de tanta gente que tinha. Logo na entrada tinha uns vapores com suas fuzil fazendo a guarda do local. Procurei um lugar pra estacionar, e assim que achei estacionei rapidamente, descendo do carro logo em seguida.

Encostei um pouco no carro e fechei meus olhos tentando assimilar tudo que estava acontecendo. Senti alguém me abraçar e abri meus olhos vendo a Jéssica com a cabeça em meu peito me abraçando forte. Retribui o abraço e ficamos assim por um bom tempo.

— Valeu por estar aqui comigo. — agradeço.

— Sempre vou estar aqui! — ela diz me dando um selinho demorado.

E nos só se separamos porque escutamos alguém pigarrear, nos afastamos vendo a Mariana, André, Larissa e Arthur nós olhando.

— Vamos entrar? — Mariana pergunta.

—  Sinceramente, mano? Tô tentando criar coragem pra isso. — falei sincero.

— Eu sei que é foda, mas vocês precisam ser fortes nesse momento. — Larissa aconselha.

Balancei a cabeça positivamente e dei a mão pra Jéssica indo em direção a quadra.

Cumprimentei os vapores que estavam na entrada de segurança e adentrei a mesma sentindo um bagulho estranho. Tava com o coração apertado pra caralho.

Caminhamos entre às pessoas, até que já estava visível o caixão. Paralisei aonde eu estava, não consegui me mexer. Porra!

Senti um impacto no corpo, e minha roupa molhar. Olhei pra baixo e vi uma cabeleira ruiva me abraçando. Era a Maju.

Continuei parado do mesmo jeito, sem me mecher. Percebo que a Jéssica soltou minha mão e deu alguns passos para trás indo ao lado da Mariana. Com certeza, ficou bolada.

— Que bom que você veio! — Maju diz entre soluços ainda me abraçando — Eu tô tão fodida, bebê.

— Maju... — resmungo tentando afastar do abraço. Eu não podia esquecer simplesmente tudo que aconteceu. Eu sofri pra caralho.

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora