Depois que te conheci

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ARTHUR NARRANDO:

"Mãe, hoje eu choro por ter que viver sem tua presença, sem tuas reclamações, sem aquele jeito todo especial de cuidar que você tinha, sem teu colo, sem teus conselhos, sem teus mimos, por não ser forte como foste... E as palavras me faltam pra falar da falta que você vai me fazer, a dor da sua ausência vai me consumir a cada dia, eu penso que não vou conseguir é muito mais difícil sem você aqui, a saudade aperta, as lágrimas escorrem, sempre que lembro que assim como uma vela a sua luz apagou na terra e começou a brilhar no céu, agora tú és a estrela mais linda, meu anjo da guarda e o motivo do meu luto e da minha saudade... O que me motiva é saber que um dia eu irei te encontrar, te abraçar e dessa vez eu não vou te soltar por nada, até lá eu continuarei te eternizando na minha memória e sentindo teu amor apenas dentro de mim..."

— Amor — Larissa chama a minha atenção — Me mandaram mensagem dizendo que o corpo chegou na quadra.

Íamos fazer o velório na quadra. Minha mãe era querida por toda a comunidade. Tinha mulher mais boa que ela não.

Limpo as lágrimas e ajeito minha roupa.

Pagamos duas babás para ficar com as crianças. Conversamos em conjunto e decidimos que não é bom pra eles ter essa última imagem da minha mãe. Se é certo ou errado, não sei. Mas essa foi nossa decisão.

Coloco um óculos, pego minha carteira e a chave do carro. Entramos no carro em silêncio e dei partida no mesmo indo em direção a quadra.

Como eu já imaginava, a quadra estava lotada. Minha mãe era querida pela comunidade mas sei que muitos estão aqui por curiosidade.

Estaciono meu carro e desço segurando na mão da Larissa. Entramos na quadra e todos abriam caminho para que passássemos. No centro da quadra seu caixão estava ali.

Minha mamãe...

Me aproximo lentamente até ela, tudo ao meu redor parece sumir. Eu não consigo ver e nem escutar nada ao meu redor. Minha vista está embasada por conta das lágrimas. A única coisa que eu vejo é o caixão em minha frente e minha mãe ali.

A ficha ainda não tinha caído... Mas ver ela assim... puta que pariu...

É real, minha mãezinha se foi...

Coloco minhas mãos em cima das mãos geladas da minha mãe. Choro. Choro tanto que nem sei. Os soluços eram altos e eu não me importava das pessoas verem meu sofrimento.

Meu peito doía tanto. Parecia que estava rasgando minha alma. É uma dor absurda. Que sufoca. Me falta o ar.

Sinto alguém me abraçar de lado e nem me dou ao trabalho de olhar, sei que é meu irmão.

— Ô dona Ana — Matheus diz ao meu lado — Não faz assim comigo, cara. — diz com a voz falha.

— VOLTA TIA — Mariana fungou.

Tudo ao meu redor parecia girar. Parecia que eu nem estava sabe? As coisas aconteciam em câmera lenta. Bagulho doido.

Eu vi a Mariana desmaiar. Jéssica também passou mal. Larissa foi ajudar as amigas. Matheus também. E eu não consegui mover um músculo.