MATHEUS NARRANDO:
Eu deveria ser forte, eu deveria saber lidar com tudo isso, mas eu não consigo, simplesmente não dá...
INVÁLIDO.
Eu vou ser um inútil para o resto da minha vida. Eu não quero isso. Não aceito isso. Não quero ser um fardo para a Jéssica ou para qualquer um dos meus amigos. Preferia mil vezes ter morrido do que ficar nessa situação.
Escuto o barulho da porta sendo aberta e fecho meus olhos. Eu não quero falar com ninguém. Não quero ver ninguém.
— Senhor Vicente? — me chama tocando meu ombro. Abro meus olhos contra gosto e encaro a enfermeira — Eu vim te buscar para fazermos os exames.
— Eu não quero fazer exame nenhum.
— Você precisa fazer.
— Eu já disse que não quero fazer merda de exame nenhum. Agora pode ir embora? Me deixa em paz porra. — perco a paciência que eu nem tenho.
A enfermeira me olha com "pena" e sai do quarto.
Pena? Eu não preciso que as pessoas tenham pena de mim. Eu só preciso que me deixam em paz.
Se eu me arrependo de ter entrado na frente daquela arma? A resposta é não. Eu faria isso novamente sem pensar duas vezes. Antes eu do que a Jéssica.
É uma parada estranha não conseguir mexer as pernas. Eu tento e não dá. Não sinto nem quando toco minha perna. Não sinto nada. É foda.
Escuto novamente a porta se abrir e fecho meus olhos fingindo que estou dormindo.
Será que é tão difícil para as pessoas entender que eu não quero ver e falar com ninguém?
Sinto seu cheiro e logo já sei que é ela. Nesse momento eu não consigo lhe encarar então permaneço de olhos fechados.
— Meu amor — acaricia meu rosto — A enfermeira me disse que você não quer fazer os exames... Você precisa fazer... — fungou. Ela está chorando — Ainda tempos esperança de você voltar a andar... Você não pode desistir assim... — suspira — Por favor... Por favor...
— Desculpa, mas não dá. — digo baixo, mas o suficiente para ela escutar. Permaneci com os olhos fechados.
— Amor, por favor. — choramingou — Você precisa fazer os exames...
— Eu não quero, Jéssica. — digo firme.
— Você me ama? — pergunta limpando o rosto.
— Com todo meu coração.
— Então, por favor, faz isso por mim...
— Eu entrei na frente de uma arma por você. Isso não é prova de amor suficiente?
— Claro que é. Mas, meu amor, você não entende... — balança a cabeça negativamente — Você precisa fazer essas exames, é para o seu bem.
— Namoral, não fica insistindo nesse assunto não. Minha decisão já está tomada.
Jéssica respirou fundo e se virou para sair do quarto, mas voltou e me deu um selinho demorado.
— Eu te amo. — diz entre o beijo.
— Eu te amo.
Ficamos nos encarando por longos minutos. Em silêncio.
— Já foi pra casa? — pergunto e ela balançou a cabeça positivamente — Viu as crias? Como foi?
— Eles estavam com saudades — sorriu com os olhos cheios de lágrimas — e agora eles estão com saudades de você também.
Sorri lembrando dos meus filhos. Mas logo a realidade me veio a tona. Eu nunca mais poderia jogar bola com o Alex, brincar de esconde-esconde, pega-pega com eles. Como seria nossa vida de agora em diante?
— E essa carinha aí? — Jéssica se senta na cama.
— Pensando nas crias, pô. Mó saudades.
— Logo você vai se recuperar e voltar para a casa.
— É — digo apenas.
Jéssica se aconchegou um pouco mais ao meu lado deitando sua cabeça em meu peito. Meu Deus. Eu amo essa mulher.
— Meu amor é teu, amor da minha vida, dengo que Deus me deu tipo terra prometida. — sussurro.
— Me entrego de corpo e alma pra você, porque sei que os seus braços são o meu porto seguro. Me sinto segura. Protegida. Aqui é meu lugar, dentro do teu abraço.
Com uma certa dificuldade beijo o topo da sua cabeça.
Com ela tudo é certo. Eu simplesmente não quero e não consigo imaginar minha vida ao lado de outra pessoa. Nada faria sentido, muito menos nada seria assim, perfeito. Não haveria todo esse encanto, e toda mágica que sinto quando estou ao lado dela. Mano, eu faço planos. Eu nunca na minha vida fiz planos e agora, graças a ela, eu faço planos. Eu fico imaginando toda a nossa vida juntos, e tudo que eu consigo idealizar é tão lindo, tão puro, tão cheio desse amor perfeito que só é possível porque estamos juntos, porque somos, juntos, apenas um. Eu vejo nosso futuro porque todas as vezes que eu olho em seus olhos eu posso ver tudo que sonhei. E mais do que isso, toda vez que eu olho pra ela, sinto a certeza que lhe quero para sempre. Sim. Para sempre... Eu quero sempre acordar com ela ao meu lado e logo pela manhã sussurrar um "eu te amo". Eu quero tomar café da manhã com ela todos os dias e dizer o quanto ela fica linda com carinha de sono. Eu quero que ela brigue comigo por ter deixado a toalha molhada em cima da cama. Eu quero preparar o almoço com ela e mesmo se ficar terrível, vamos dizer que ficou bom apenas para agradar um ao outro. Eu quero tudo que tenha eu e ela. Nos dois. Juntos.
Estávamos em silêncio apenas curtindo a presença um do outro, até a porta se abrir e Arthur entrar no quarto acompanhado pela Mariana.
— Ai meu casal, que lindos. Tão fofinhos. — Arthur diz chamando nossa atenção.
Jéssica tratou de se levantar rapidamente arrumando a roupa que ficou um pouco amassada.
— Como você está? — Mariana pergunta se aproximando da cama.
— Eu pareço bem? — arqueio uma sobrancelha.
— Cara, tu vai ficar bem. — Arthur diz tentando parecer confiante — Faz os exames que tem que fazer e logo tu se recupera.
— Veio aqui pra falar dessa merda de exame? — pergunto bolado — Eu já disse que não vou fazer porra nenhuma. E se vierem falar disso podem ir embora.
— Fica sussa parça. Eu vim ver como você estava... Fiquei mo preocupadão cara. — Arthur diz.
Jéssica ficou ao lado da minha cama, enquanto Arthur se sentou na poltrona que tinha aqui no quarto e a Mariana também. Passamos o resto do dia conversando sobre coisas aleatórias.
"Ganhei na loteria quando tu entrou na minha vida."
Matheus&Jessica.
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Depois que te conheci
RomanceEla: Uma nova pessoa, mãe, guerreira, batalhadora. Ele: Um homem frio e ainda mais fechado para todos. Jéssica e Matheus viveram uma pequena e marcante história de amor e ódio! Do fruto do amor dos dois, nasceram Alice e Alex. Por conta de traições...