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• Jéssica Narrando •

As horas passavam e a cada segundo ia ficando tudo mais agoniante... Depois em que recebi a ligação do Matheus, fiquei com um pouquinho de esperança, porém achei muito estranho os capangas do César, ter me deixado com o celular, o que me fez pensar que ele está armando alguma coisa.

Talvez, ele armou uma armadilha para o Matheus?!

Só de pensar nessa possibilidade já sinto um aperto em meu peito, mesmo não estando mais juntos, eu não desejo o mal para ele. Pelo contrário, eu desejo tudo do bom e do melhor. Aliás, apesar dos pesares a gente teve uma história juntos. E ele me deu os três maiores motivos de eu viver, meus filhos.

Alice e Alex estavam deitados ao meu lado, só de olhar para eles aqui meu coração se aperta. Eu tentei, tentei, proteger eles durante todo esses anos e agora aqui estamos.

Eu não queria mais eu sinto que todo meu esforço durante quatro anos foram jogados fora. Porque aqui estamos. Sequestrados.

Eu não queria, jamais, que meus filhos presenciasse essas cenas sabe? Parece filme de terror. E eu sei que são marcas que vão ficar neles para sempre. Não tem como esquecer ou apagar da memória, mesmo sem querer, as lembranças nunca vão deixar eles em paz. E isso me dói. Me dói por não ter conseguido evitar isso. Me dói saber que daqui a pouco vai começar aquela chuva de tiros la fora e aí ficara ainda mais traumatizante tudo isso para eles.

Eu não me conformo dos meus bebês estarem passando por essa situação, que saco. Eles são apenas crianças, droga. Não mereciam isso.

Escuto um barulho na porta e por impulso abraço meus filhos apertados. Enquanto estiver aqui, não vou deixar eles relarem um dedo nos meus pequenos.

Observo a porta se abrir, e por ela entrar três homens e o César. Sinto nojo desse infeliz.

— Veja bem... — ele diz pensativo se aproximando de nós.

Vejo César dar sinal com a cabeça e seus três capangas se aproximar de nós, aperto ainda mais as crianças em meus braços. Alice chora assustada.

— Não se aproxime! — digo firme. Até parece que resolveria alguma coisa.

— KKKKKKKK — Cesár ri sarcástico — Você não tem o que exigir aqui, meu bem.

Em um rápido movimento dois dos homens puxam as crianças de mim e o outro me segura apertado enquanto me debato tentando me aproximar dos meus filhos.

— Fica quieta! — Cesár diz dando um tapa em meu rosto

— Não bate na minha mãe! — Alex grita se debatendo para sair do aperto do capanga.

— Kkkkkkkkkk incrível como se parece com o pai... pena que nunca mais vão se ver...

— O que você quer? O que eu te fiz?

— Eu quero me vingar de todos vocês...

— Você é um nojento, escroto, doente!

— E você é tão bobinha baby... Você não sabe de nada. Podem sair! — ele diz para seus capangas enquanto se aproximava e segurava em meu braço.

Vejo os três capangas saírem dali com meus filhos. Alex tentava sair do aperto enquanto gritava chingando um deles, enquanto Alice chorava desesperada.

César pega uma corda de seu bolso e começa amarrando meus braços e pernas, tento me debater a todo custo.

— Se você continuar com essa atitude, pior será para seus filhos.

— Eles são apenas crianças... Você não pode! — digo chorando.

— Acredite, eu posso e eu faço. Dessa vez, não tô pra brincadeira.

— Escroto, nojento, filho de uma puta! — grito com raiva.

Minha vontade era matar esse imbecil, que raiva.

Em um movimento rápido César me deita no chão e fica por cima de mim, me olhando nos olhos.

— Você é linda sabia?

— Vai se fuder!

— Pena que vai morrer... — diz acariciando meu rosto. Nojo define o que estou sentindo nesse momento. Cuspo em seu rosto mostrando todo meu nojo e desprezo por esse miserável. — Sabe Jéssica, você realmente mudou muito... além de estar mais gostosa, claro, está afrontosa. A quatro anos atrás você não se debateu tanto assim, você era tão bobinha e não era tão valente. O que mudou em? —alisa meu corpo.

A cada segundo, pedia a Deus para que não permitisse que o pesadelo que vivi a anos atrás se repetisse... Eu não queria sofrer tudo novamente.

César rasga minha blusa e começa a me beijar. Tento empurra-lo mas é em vão, ele parecia uma parede, nem se mechia com meus empurrões.

César se levanta rapidamente, e tira sua roupa em questão de segundos. Imundo.

Me remexo querendo sair a todo custo daqui, mas novamente é em vão...

Pense: eu, mulher, com exatos 1,55 de altura. 50 kilos. Ele, homem, com uns 1,90 de altura e provavelmente uns 90 kilos. Eu não tenho chance, não mesmo.

Olho com raiva para o César com milhões de chingamentos para lhe dizer, até que vejo uma tatuagem.... Aquela tatuagem impossível não reconhecer...

— Não pode ser... — sussurro pra mim mesma com a voz falha.

Esse monstro se deita sobre mim novamente e tenta me beijar, mas jogo um cuspi bem em sua cara novamente.

Rapidamente, ele desfere vários tapas sobre meu rosto enquanto me chinga. Cesar aperta meu pescoço com força o que está me deixando sem ar.

Esse é meu fim.

Até que começamos a escutar barulhos de tiro. Rapidamente, ele se levanta correndo, coloca sua roupa e sai pegando sua arma.

Seria o Matheus?

Deus, que seja o Matheus! Que ele consiga nos tirar daqui em segurança. E que esse pesadelo enfim acabe. Eu não aguento mais. Não aguento mais essa guerra. Inimigos por toda a parte. Não tenho um segundo de paz aqui no Brasil. Não tem como respirarmos tranquilos. O Matheus tem muitos inimigos e claro que pra atingir o Matheus os inimigos vão tentar pegar no seu ponto fraco que eles pensam que sou eu e as crianças. Sera que vai ser sempre assim, meu Deus?

"Força, coragem e determinação. Três palavras que podem mudar qualquer futuro."

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora