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JÉSSICA NARRANDO:

Sabe quando dá aquele aperto no peito, quando dá um nó na garganta, vêm medo de não sei o quê com tudo, vem coragem pra enfrentar o mundo, mas chorar por medo do amanhã, vêm saudade e quanta saudade que bate aqui, incertezas e alegrias. Sabe quando vêm tudo misturado e junto, parece uma bola de neve, não apenas branca, de todas as cores, sentimentos e pessoas, vêm aquele eterno não saber. Sabe quando você quer correr, alcançar algo que não vê, quando você fica parado, olhando tudo desmoronar, olhando as coisas se perderem e você olha com lágrimas nos olhos, querendo gritar, querendo segurar, mas fica calado, esperando que entendam seu silencio, mas ninguém olha, as pessoas continuam, ninguém para. Sabe quando têm tanta coisa já que uma palavra faz transbordar? Ninguém vê, mas sabe.

Sinto um aperto em meu peito surreal. Dói o peito. Sufoca. Eu não consigo nem respirar.

Logo começo a escutar os barulhos dos tiros avisando que sim, estava acontecendo novamente, invasão.

Matheus se levantou rapidamente pegando seu radinho e falava alto, andava pra lá e pra ca. Ele colocava seu colete, arrumava suas armas tudo rapidamente. Eu me sentei na cama e permaneci imóvel. Eu não conseguia me mexer nem falar nada. Algo dentro de mim estava me sufocando.

— Se tranca no cofre com as crianças e só saía de lá quando eu te chamar ok? — Matheus pergunta parando em minha frente.

Balanço a cabeça negativamente.

— Por favor, não vá. — consegui dizer sentindo meu rosto molhar por conta das lágrimas.

— Eu preciso ir, morena. — me abraça.

— Matheus, eu te imploro cara. Fica aqui? — peço.

Matheus me olhou por longos segundos e suspirou.

— É meu morro, amor. Eu não posso deixar os caras se fudendo lá fora sozinhos. Eu preciso ir, mas eu volto pra ti. Para nossos filhos. — acaricia minha barriga sem volume.

Como ele sabia que eu estava grávida? Eu ainda nem tinha falado nada para ele.

Seguro firme em sua camisa. Eu não podia deixar ele sair de casa, eu sabia que ele não iria voltar. Eu sentia no fundo da minha alma.

— Não dificulta as coisas vida. — suspira — Por favor, me deixa ir ta?

— Amor — choramingo.

Matheus segura firme em minha nuca e me da um selinho demorado.

— Eu te amo — diz saindo do quarto.

Arrumo forças que nem sei da onde e vou até o quarto dos meus filhos. Pego os três colocando ambos no cofre protegidos. Vejo a Larissa correr com o Enzo no colo e entra no cofre também. Ela estava ofegante.

— As coisas estão terríveis la fora — suspira.

Ficamos por um longo tempo ali naquele cofre. Os tiros não paravam. Eu estava a ponto de explodir. Meu peito doía, queimava. Minha boca estava seca.

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora