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JÉSSICA NARRANDO:

De todos os medos que eu tenho perder ele é o mais assustador. O mais avassalador.

Estamos à horas nessa sala de espera sem notícias. Já perguntamos para as enfermeiras, Mariana inclusive já fez um barraco, mas nada. Nenhuma notícia.

Enquanto aguardávamos notícias Mariana foi na lanchonete do hospital e comprou algo para que eu comesse. Só assim para aguentar ficar em pé. Comi com tanta vontade, meu Deus, eu estava faminta.

— Parentes do senhor, Vicente? — pergunta um médico se aproximando da sala de espera.

Mariana trouxe alguns documentos falso do Matheus e aqui no hospital ele se chamaria "Vicente".

Mariana e eu nos levantamos praticamente correndo e nos aproximamos do médico. Meu coração parecia bateria de escola de samba, minhas pernas tremiam que nem sei como ainda estou em pé.

— Eu sou a esposa dele. — digo ao me aproximar do doutor.

— Me acompanhe, por favor.

O Doutor andou sentido contrário e eu juntamente com a Mariana fomos atrás. Paramos em frente uma sala que o doutor abriu e deu passagem para quê entrássemos. Respirei fundo e entrei.

— Sente-se por favor. — ele diz se sentando.

Nos sentamos ansiosas. Minhas mãos tremiam.

— Bom, serei breve. O Senhor Vicente foi um guerreiro. Lutou com todas suas forças para permanecer vivo. Ele levou quatro tiros. Um na barriga, um no peito, um na perna e outro nas costas. Fizemos uma cirurgia muito delicada para remover as balas.

— Ele está bem? — pergunto mordendo o lábio nervosa.

— Está desacordado no momento, mas estável. Talvez quando ele acorde ele não consiga mexer as pernas...

— Ele vai ficar paraplégico? — Mariana pergunta com a mão na boca abafando o choro.

— Quando ele acordar faremos os exames necessários. A bala atingiu um nervo das costas que pode sim afetar seus movimentos. Mas tudo veremos quando o paciente acordar.

— Eu posso vê-lo? — pergunto.

— Sim. Mas antes eu gostaria de saber como tudo aconteceu, a polícia ja foi acionada e logo irão vir pegar seu depoimento.

Engulo em seco.

— Fomos assaltados — menti — Ele reagiu ao assalto e esse foi o resultado.

— Esse mundo — o médico balançou a cabeça negativamente — está perdido.

— Realmente, doutor. Agora podemos ver ele? — Mariana pergunta.

— Claro. Me acompanhem. — diz se levantando.

Seguimos o médico até o quarto em que o Matheus estava. Confesso que estou feliz por ele estar aqui, vivo. Ele foi um guerreiro e permaneceu aqui com a gente. Meu Deus. Eu amo esse homem.

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora