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MAJU NARRANDO:

Não consigo parar de me afogar nesse mar chamado vida, e isso dói tanto. Sinto que estou desistido aos poucos, que não consigo achar motivos para continuar tentando... Me pergunto se em algum momento, realmente tive motivos para viver, para continuar...

Estou me preparando psicologicamente para assumir o morro do alemão. Vou assumir o lugar do Léo. Mas eu não sei se é isso que eu quero para a minha vida. Mas esse foi o último pedido dele. Eu preciso cumprir.

Ando tranquilamente pela cidade apenas para me afastar de toda aquela loucura que está o morro com a festança que o Palhaço está armando. Sim, palhaço é o vulgo do melhor amigo do Léo, cujo sempre foi seu braço direito e agora será o meu.

Paro meu carro no semáforo e dou uma conferida em meu celular. Ouço algumas batidinhas no vidro e vejo um menino todo sujinho, com roupas rasgadas do lado do meu vidro. Abro o mesmo e começamos uma conversa.

Eu sinto tanta pena. Ele é apenas uma criança. Não merece passar por isso. Ninguém merece.

Chamo ele para comer alguma coisa e ele sem pensar duas vezes aceitou. Lógico. Ele estava faminto.

Infelizmente eu não ando com dinheiro na carteira. Só uso meu cartão de débito e não consegui dar para ele um bom dinheiro. Mas saindo daqui vou ao banco sacar e trago amanhã pra ele.

Volto para a casa com o coração partido por conta do Murilo. Dou sinal para os vapores que ficavam na barreira e subo até minha casa.

Estaciono meu carro na garagem e dou de cara com o Palhaço na minha sala. Esse homem não sai do meu pé.

Sinto que ele me odeia porque o Léo deixou o morro nas minhas mãos.

— Ai credo, que susto. — digo fechando a porta e colocando as chaves e minha bolsa na mesa que tinha ali.

— Tava aonde ? — levanta as sobrancelhas.

— Eu não te devo satisfação não.

— Não tínhamos combinado de terminar o treinamento? — ele questiona.

— Temos a vida toda pra treinar. Relaxa cara. Você acha que eu sou o quê? Um robô?

Palhaço não aceita um minuto para que eu descanse se dependesse dele eu ficaria treinando 24 por 48. Quando estamos no treinamento ele age como se eu fosse um homem, não pega leve de jeito nenhum. Tive treinamento de tiro. autodefesa, luta. E mais um milhão de coisas. Segundo ele, ele quer me transformar na MELHOR ATIRADORA da facção.

— Você não quer ser A MELHOR? — pergunta — Para ser a melhor que a facção ja viu, tem que se dedicar 1000% ta ligada?

— Eu sei e eu me dedico. Mas eu também preciso de um tempo pra pensar cara. — respondo.

— Outro ponto, traficante tem coração não.

— Sem coração a gente morre. — retruco.

Percebo Palhaço torcer o nariz se segurando para não me mandar para o inferno.

— Tu entendeu, otaria. Coloca gelo nesse coração aí.

— Como se fosse fácil. Meu coração nem me escuta, esse idiota.

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora