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• Matheus Narrando •

Ando sem rumo pelas ruas do Rio de Janeiro, meus pensamentos não param nem um só segundo. Eu só consigo pensar nos meus filhos, na Jéssica, nas mãos daquele filho da puta. Aonde será que eles estão?

Mentalmente me chingo e me julgo de todas as maneiras possíveis, eu deveria me manter afastado deles, eu só trago tristeza para a vida da Jéssica, e agora também tem meus filhos... Eu não quero que eles vivem num inferno, eu quero que eles tenham paz. Apenas isso.... E pra eles finalmente terem paz, eu preciso me afastar, mesmo que me doa, mesmo que seja o fim pra mim... mesmo que eu nunca seje feliz, mas a Jéssica e as crianças elas precisam ser feliz.

Mas eu simplesmente, não consigo ficar longe, é mais forte que eu... São meus filhos e minha mulher!

Todos os dias me culpo pelo pesadelo em que a Jéssica viveu a alguns anos atrás e hoje me culpo por tudo estar acontecendo novamente, e eu novamente não sei o que fazer...

Eu falei pra Jéssica ficar longe de mim, eu disse pra ela não queira me conhecer e ela fez tudo ao contrário. E transformou sua vida nesse inferno. Por minha culpa. Por culpa desse caralho de amor.

Paro em uma praça que estava completamente vazia, pego meu celular e fico por um momento olhando para uma foto da Jéssica com as crianças que ela havia postado em suas redes sociais antes de tudo acontecer.

Sinto uma vontade incontrolável de ligar pra ela. Bobeira da minha cabeça? Talvez...

Mas eu só preciso ouvir sua voz, mesmo que seja do correio de voz.

Algo dentro de mim gritava: Liga, liga!

Sem pensar duas vezes digitei o número da Jéssica, sem esperança que ela fosse me atender.

Mas então, me surpreendendo, no terceiro toque escuto um barulho no fundo.

Ligação on:

— Jéssica? Jéssica? É você? Aonde você tá? — digo desesperado.

— Matheus... — diz baixo — Eu não posso falar muito, mas por favor, tire a gente daqui...

Sinto um alívio ao escutar sua voz e solto a respiração que estava prendendo.

— Você sabe aonde você tá?

— Não sei... Parece um galpão abandonado... Mas, eu não sei aonde fica.

— Liga o GPS do seu celular que eu vou te rastrear.

— Ok — diz apenas.

— Aconteça o que acontecer, eu amo vocês.

Ligação off

Desligo a ligação antes que ela falasse alguma coisa.

Rapidamente consigo rastrear aonde eles estavam.

Obrigado, meu Deus!!!

Um sorriso involuntário saiu de meus lábios, enfim terei minha família de volta.

Ligo o carro novamente e vou em direção a casa da Jéssica aonde todos estavam.

No caminho, todos meus pensamentos estavam nesse resgate. Precisamos tirar eles de lá, sem que ninguém se machuque dessa vez.

Sem perceber já estava em frente a casa da Jéssica, desço do carro rapidamente e entro dentro da casa vendo todos sentados no sofá. Todos me olham assustados, por conta da maneira em que entrei na casa.

— Ainda bem que você chegou! Pensei que eu iria ter que te matar pra aprender a não ser esquentadinho. — Mariana diz.

— Eu sei aonde eles estão! — digo animado.

— Aonde? Como você sabe? — Cadu pergunta.

— Não te devo satisfação. O negócio é o seguinte eu vou buscar eles agora, só vim chamar o Arthur.

— Eu quero ir junto! — Cadu diz, mas claro que eu não deixaria.

— Mas você não vai! — digo firme.

Digam o que for, mas eu sinto que esse tempo todo o Cadu sabia aonde meus filhos estavam e não falou nada. Ele viu todo o sofrimento da Jéssica e permaneceu calado. E depois que eu trazer meus filhos e minha mulher pra casa vou lhe contar tudo. Toda a verdade sobre esse desgraçado que ela chama de noivo.

— E quem vai me impedir? — ele diz me afrontando.

— Eu! — lhe encaro — A única coisa que você iria fazer atrás, seria para atrapalhar.

— Não vão começar a brigar né? O importante é ir buscar eles...

— Então bora logo mano — diz saindo da casa.

Dei uma última olhada para o Cadu, e sai também encontrando com o Arthur que já estava dentro do carro.

Dei partida e fomos para o morro organizar a invasão nesse galpão. E dessa vez sem erro, César vai morrer, nem que seja a última coisa que eu faça na vida!

Chegamos no morro e rapidamente convocamos todos nossos soldados de confiança .

Eu não queria esperar mais nem um segundo, eu só queria buscar meus filhos e minha mulher.

Todos já estavam reunidos na boca, Arthur estava dando algumas cordenadas de como seria a invasão enquanto eu andava de um lado pro outro.

— Não quero erros! Aconteça o que acontecer apenas tirem a Jéssica e as crianças daquele galpão! Sem nenhum arranhão. — aviso.

— Bora então! — Arthur diz pegando sua arma.

Todos pegamos nossas armas, coletes e fomos para o tal galpão. Arthur e eu fomos em minha moto, enquanto alguns foram em vans, outros em carros e motos... Reuni bastante dos meus soldados, pois nao sabia ao certo, o que o filho da puta do César tinha armado.

Eu sei que o Cesár não está sozinho nessa. Sei que ele deve ter se aliado com a vadia da Patrícia que vou queimar em praça pública para todos aprender que ninguém brinca comigo. Sei também que deve ter se aliado com o Diego, afinal aonde ele estaria todo esse tempo? Com certeza junto com o Cesar. E só de pensar que um dia um chamei esse cara de irmão sinto uma raiva que queima meu peito. Pô, a gente cresceu junto, eu, Diego, Arthur e Mariana. Sempre fechamos juntos para qualquer fita e esse filho da puta também me traiu. E eles vão pagar da pior forma possível. Vou mostrar pra eles o meu pior lado, o lado que eles nunca vão esquecer. Eu sou bonzinho quando quero, mas também sou muito, muito cruel. E eles vão se arrepender de um dia ter me conhecido.

"É proibido desistir. Respira fundo e continua!"

Depois que te conheciOnde histórias criam vida. Descubra agora