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𝐇𝐀𝐘𝐋𝐄𝐘

Jogo as compras do mercado de qualquer jeito dentro dos armários enquanto tento tirar a poeira excessiva dos móveis. Faz algum tempo que eu não venho aqui para dar uma faxina, no final acabou resultando em poeira e mais poeira. Mas é claro que eu não estaria limpando se não houvesse um motivo.

Hoje mais cedo, logo depois de assistir à reação do comandante, fui informada de que ele havia encontrado uma das escutas que estavam na cozinha, e que a casa ficará fechada, até que retirassem todas e tudo o que eles acharem suspeito. Não me importei já que era uma variável, eu sabia que ele poderia encontrar.

Algumas horas mais tarde ele me mandou mensagem pelo número que passei a ele, me perguntando se poderia ficar em minha casa, se não fosse incomodo, usando uma desculpa esfarrapada de que sua casa estava tento vazamento de gás. Patético.

Novamente uma variável, já que eu tinha em mente que isso poderia vir a acontecer, e como o ditado diz, mantenha seus inimigos por perto. E é isso que vou fazer.

Pela parede de vidro da sala que dá uma ótima visão da cidade vejo que o sol já se pôs quase por completo, acendo as luzes terminado de limpar alguns móveis quando o telefone do interfone da portaria toca. Pelo outro lado da linha o porteiro me pergunta se pode deixar um homem de cabelos pretos e olhos azuis subir, digo apenas para que o deixe subir, com pressa eu vou pegando todos os materiais de limpeza que usei e deixando todos de qualquer jeito dentro da lavanderia.

Tudo parece limpo demais, e o cheiro de lavanda exalando pelos quatro cantos do apartamento, qualquer um perceberia que foi arrumada. Arrumo algumas fotos e livros no suspensório da televisão para que parece com uma casa normal, ouço o barulho do elevador privativo abrindo sinto meus músculos enrijecerem na hora, não acredito que passarei dias com o ser que mais odeio no universo, só espero não matá-lo antes do previsto por mim.

Me virei, indo em direção ao meu mais novo "colega" de apartamento, e então, eu o vejo, o homem que está em primeiro lugar na minha lista negra e que logo abaixo de seu nome, sua sentença de morte assinada por mim. Suspiro fundo, relaxando o meu corpo para me parecer o mais tranquila possível.

-Oi. - diz assim que gruda o olhar em mim.

-Oi. Vem, fique à vontade. - digo neutra.

-Obrigado Lana, de verdade. Você é um anjo.

-Talvez eu seja um anjo. - digo brincalhona com um sorriso no rosto.
- mas sou o anjo que você jamais gostaria de conhecer - Completo a frase em minha mente.

- Vem vou te mostrar a casa. Pode deixar sua coisa aqui em cima do sofá.

Ele faz o que eu digo e começa a me seguir, eu lhe mostro o apartamento. De longe percebe-se que ele é um homem observador, seu olhar percorre cada canto e cada mínimo detalhe enquanto eu lhe mostro os cômodos.

-Como anda o trabalho? - pergunto assim que adentramos o quarto de hóspedes, onde ele irá ficar.

Por alguns segundos, parece procurar a palavra certa antes de me responder.

-Cansativo. - ele observa o quarto enquanto eu apontava para a porta do closet e banheiro.

-Eu estava pensando em pedir comida japonesa, o que você acha? - digo me encostando no batente da porta.

-Claro, por minha conta. - Se oferece.

-Não, eu pago.

-Falei primeiro. - ele sorri e eu estalo a língua.

-Não vou falar de novo. - digo saindo do quarto, revirando os olhos com repulsa.

-Você é teimosa hein. - falou alto para que eu possa escutar.

𝐀𝐒𝐒𝐀𝐒𝐒𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐑𝐌𝐄𝐋𝐇𝐀 | ʲᵃᵈᵉⁿ ʰᵒˢˢˡᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora