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𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑔𝑎𝑟𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑡𝑒𝑛𝑑𝑒𝑚 𝑎 𝑠𝑒 𝑎𝑝𝑎𝑖𝑥𝑜𝑛𝑎𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑠𝑒𝑢𝑠 𝑚𝑜𝑛𝑠𝑡𝑟𝑜𝑠…

𝐇𝐀𝐘𝐋𝐄𝐘

Estou deitada de barriga para cima observando mais uma vez o teto branco. Alguns dias atrás descobri que estamos em outubro de 2026.

É inimaginável que estou presa a 1053 dias, daqui algumas semanas, serão três anos dentro deste lugar.

Aqui dentro eu não tenho nada além de um caderno velho onde escrevo tudo, uma pequena caneta quebrada e agora os números em minha mente que estão me fazendo companhia.

Uma porta, quatro paredes, uma lâmpada que é apagada todas as noites, 130 metros quadrados de espaço. Além do colchão duro que uso para dormir. É estranho pensar que durante este tempo eu não troquei mais de quinze palavras com alguém.

De acordo com minhas contas, fazem 25.272 dias desde que não vejo Jaden. A sensação é estranha, eu sinto sua falta mas ao mesmo tempo não. Serei morta e ele agradecerá por isso.

Não tenho ideia de que horas são, mas quando as luzes da solitária se apagam sei que já está na hora de dormir. Estou presa em um lugar onde não há escapatória. Não importa o quanto eu tente nunca fugirei daqui.

Rolo para o lado tentando me aconchegar no colchão duro feito pedra, o que é quase impossível. No final é sempre assim eu deito rolo, espero o sono vir mas ele não vem, e quando vem é aterrorizante.

Eu não sei onde meus amigos estão, não sei se foram pagos ou mortos. Mas eles nunca voltaram, nunca vinham para mim. Me deixaram aqui para morrer, mas aceitei com o tempo, afinal foi isso que eu decidi.

Rolo para direita, esquerda, fico de bruços e tento todas as posições para dormir mas não consigo. Me sento no colchão, olhando a escuridão eu tento pensar em algo qualquer coisa mas nada vem. É como se eu estivesse vazia.

Estou jogada em um poço, meus sentimentos se foram, eu não sinto nada, nada além da grande solidão em meu interior. 

Não sei dizer quanto tempo eu não sinto uma lágrima descer por minhas bochechas, ou quando um sorriso tomou minha boca. Eu não tenho nada além de solidão. Estou corrompida por isso até minha morte e eu sei disso.

Com as costas apoiadas na parede eu puxo minhas pernas para mim, me abraçando em seguida.

De repente as luzes se acendem, olho ao redor com as sobrancelhas erguidas. Não se passou muito tempo desde que elas se desligaram então porque estão acesas.

De repente a porta é aberta um homem alto, não, enorme com músculos gigantes  entra ele este vestido com o uniforme policial e tem um fuzil em mãos. Um frio se instala em meu estômago, sem saber o que fazer eu recuo um pouco para trás, se é que isso pode ser possível já que eu estava recuada no canto da parede.

—Precisamos ir senhorita. — sua voz grave, e por minha concepção consigo sentir todo local vibrar ao meu redor. —Agora. 

Balancei a cabeça em confirmação saindo do meio do meu transe, começo a andar para fora. O corredor está vazio, eu não tenho ideia de para onde este homem me levará mas começa a seguí-lo assim que ele passa em minha frente nos guiando pelo extenso corredor. 

—Pra onde estamos indo? — perguntei em um sussurro. O homem na minha frente nem ao menos se importa em me responder, isso me frustra mas eu não digo nada.

Nós andamos as praças até um elevador, que mal demora três segundos para as portas abrirem depois de solicitado por um cartão, engulo em seco assim que as portas são abertas e eu vejo dois policiais que pra falar a verdade estão longe de serem um. Em seus pés há dois homens caídos ambos rodeados de poças de sangue. 

𝐀𝐒𝐒𝐀𝐒𝐒𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐑𝐌𝐄𝐋𝐇𝐀 | ʲᵃᵈᵉⁿ ʰᵒˢˢˡᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora