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𝐇𝐀𝐘𝐋𝐄𝐘
DIAS DEPOIS

Fiquei dada como presa a uma semana e meia atrás, fiquei em um hospital para que cuidassem de minha perna então aí sim poder ir para a cadeia. Durante todos esses dias em que fiquei no hospital eu não falei uma palavra sequer, minha captura foi anunciada em todas as redes de televisão do país e não se fala em outro assunto a não ser isso.

Hoje pela manhã quando me retiraram do hospital eu pude perceber a dimensão dos meus atos, em mim não há remorso algum por eles, sei que tudo o que fiz de alguma forma tinha motivação. Algumas pessoas seguravam cartazes me chamando de nomes horríveis, outras me xingavam enquanto eu saía escoltada do hospital.

Ao chegar em frente a delegacia onde irei ficar detida até o meu julgamento, havia mais pessoas, eu realmente não me importo com nenhuma delas pois sei  que no final de tudo eu faria exatamente tudo igual.

Ao contrário do que achei que aconteceria me levam para uma sala, o clássico interrogatório, é claro. Sou posta sentada diante uma mesa de metal com as mãos presas nas braçadeiras da cadeira também de metal, o policial que me acompanhava saiu me deixando sozinha. Pelo menos é o que eles querem que eu ache.

Há um espelho na parede que fica de frente para mim, eles estão ali, eu sei que Jaden está ali. Eu não tenho expressão, me mantenho neutra esperando seja lá o que me aguarda.

A porta é aberta por uma mulher alta de cabelo preto e pele branca entra. A tenente. Ela tem papéis em mãos e vem até mim serena.

—Hayley, é muito bom vê-la, finalmente conseguimos te pegar não é mesmo? — ela ironiza sua fala, mas eu em momento nenhum respondo. Ela caminha até sua cadeira se sentando em seguida selecionando alguns papéis.

—Primeiramente vou ler seus direitos para você entendê-los, você tem direito de permanecer calada porém tudo o que disser será usado contra você no tribunal, tem o direito de solicitar um advogado e pode estar com ele durante o interrogatório, se não tiver dinheiro para o advogado nós arrumaremos um para você, se escolher não ter um durante o interrogatório você pode decidir parar de responder as perguntas. Isso é tudo, você entendeu?

Ela olha para mim esperando por uma resposta mas eu não dou. Eu sei que cada palavra que eu pronunciar será colocada contra mim, não pretendo alimentar mais nada daqui pois eles sabem que fui eu.

—Vamos começar então Hayley, você matou onze pessoas, incluindo civis e a esposa do senador certo? — ela pergunta e novamente eu não respondo. —Claro que você não vai falar não é? Se você acha que vai se livrar daqui é melhor parar de sonhar. Você foi pega em flagrante, você querendo ou não só vai sair dessa morta.

Mesmo que ela me pergunte e me provoque eu não irei responder, eu não olho para ela, meus olhos estão fixos no espelho atrás dela, eu imagino que Jaden esteja ali, observando-me com ódio e eu gosto disso.

Eu imagino seus traços queimando de ódio e traição. Me odeie Hossler, por favor me odeie. Não me ame, eu não valho a pena. 

—Claro que você não vai dizer, vou solicitar um advogado para você, ok? — ela então se levanta desistindo de tentar arrancar algo de mim. 

Com a voz presa na garganta eu pronuncio não me arrependendo, apenas fazendo jus ao futuro no qual já sei que terei.

—Não preciso de um. Estou presa, me leve de volta para cela.

—Precisa de um perante o tribunal, você querendo isso ou não. — com isso ela se levanta para sair.

Eu permaneço ainda olhando para o espelho até que por fim me tirarem dali. 

𝐀𝐒𝐒𝐀𝐒𝐒𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐑𝐌𝐄𝐋𝐇𝐀 | ʲᵃᵈᵉⁿ ʰᵒˢˢˡᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora