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𝐇𝐀𝐘𝐋𝐄𝐘

Alguns dos seguranças fazem uma ronda simples ao redor da casa. A garota está no jardim desde o momento que voltei do casarão.

É outono as folhas estão caindo e ela continua lá, olhando para os altos muros que a prendem.

Suspiro deixando alguns papéis na mesa e descendo para o andar de baixo. Caminho sem pressa até a porta que abre espaço para o jardim. A loira roda sua cabeça para trás e assim que me vê se levanta.

-Como você tá? Está aqui desde que eu cheguei. - pergunto vendo ela encolher um pouco os ombros.

-Só estava pensando. - ela suspirou voltando os olhos para o muro. - Eu queria saber se posso sair. Os homens de terno não me disseram nada, nem ao menos olharam pra mim. - com isso se vira para mim novamente mas com algum tipo de esperança nos olhos.

-Claro, mas terei que te acompanhar. Não quero que se perca. - ela concorda com a cabeça e com isso eu me viro de costas.

Nós rodeamos a casa ao invés de passar por dentro, ao chegar no portão um dos seguranças abre e assim que a loira passa eu peço para que um deles nos acompanhe de longe.

A caminhada começa sem muita pretensão, ela caminha à frente de mim enquanto eu ando atrás. Ela parece decorar cada passo, ela olha ao redor até que então para de frente para a mata, ela olha além parecendo se recordar de algo.

A loira começa a entrar para dentro e eu aumento os passos para alcançá-la.

-Onde você vai? - pergunto firme.

-Você não parece acreditar em mim, eu ouvi vocês discutindo, então deixe-me te mostrar. - diz sem olhar para trás.

Olho para trás notando que um dos meus homens continua aqui. Sigo ela para dentro da mata ela não diz nada apenas anda até chegarmos em uma cova. Eu olho para a cova retangular larga mas não tão profunda, há um pano jogado no chão.

Estamos de frente para uma cena de crime, ela se senta no chão e me deixa observando cada canto desse horror.

-Eu estava fugindo do orfanato porque eu era espancada todos os dias sem exceção pela dona de lá. Eu caminhei até a estrada e fiquei esperando por horas, o meu sonho era vir para Los Angeles para ser atriz, dois caras me ofereceram carona. Infelizmente eu tenho essa coisa de achar que as pessoas são boas. - ela ri amarga. - Eles pararam em algum lugar na estrada depois que me deram água, eu estava mole não conseguia me mexer, foi aí que aconteceu....

-Não precisa me contar. - sua história me dá vontade de vomitar, e me faz relembrar tudo o que eu luto para superar.

-Eles me arrastaram, eu podia estar de olhos fechados mas eu senti tudo. Eles cavavam enquanto falávamos coisas nojentas sobre meu corpo. Quando finalmente consegui abrir os olhos vi que estava anoite, um deles viu e começou a me enforcar até que eu desmaiar. Eu acordei com a falta do oxigênio, lutei pra caralho para sair daí de dentro me arrastei até a estrada e foi quando seus amigos me encontraram. - ela se levanta do meio das folhagens e por fim diz. - Espero que acredite agora.

Por fim ela sai,apertei minha mandíbula quando ouço seus passos sobre as folhas e me viro para o segurança que continua estável, aponto para o pano no chão e ele assentiu indo pegar. Seus passos estão um pouco distantes até que ela para. Eu a encontro curvada para frente parecendo procurar algo no meio dos arbustos, na mesma hora minha sobrancelha aqueia.

-O que você está fazendo? - pergunto.

-Acho que tinha visto um coelho, eu ia tentar pegá-lo.

-Temos que ir já está escurecendo, eu tenho um compromisso hoje à noite.

𝐀𝐒𝐒𝐀𝐒𝐒𝐈𝐍𝐀 𝐕𝐄𝐑𝐌𝐄𝐋𝐇𝐀 | ʲᵃᵈᵉⁿ ʰᵒˢˢˡᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora