🏠 As marcas

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Três anos depois..

Sala da diretoria da escola Montessori.

- Boa tarde, senhor Ribas. Pode se sentar, por gentileza. Essa é a professora de Caio e essa de Elie. 

- Prazer. Imagino os motivos dessa reunião. Vou direto ao ponto.

- Senhor Ribas, estamos bastante preocupados com o comportamento dos seus filhos, principalmente de Caio. Ele está cada dia mais agressivo. Ontem ele bateu em um colega, que acabou quebrando o braço, a família da criança em questão está pressionando a escola. 

- Peço desculpas, vou procurar pessoalmente a família. Caio e Elie frequentam as terapias regulamente, mas não sei o que fazer?

- Boa tarde, senhor Ribas. Sou a professora de Caio. Trouxe esses desenhos para o senhor ver. Pego as folhas nas minhas mãos. Começo a chorar.

💭 Coitado do meu menino. Ele sente falta da mãe.

- O senhor sabe quem é essa mulher? A professora me indaga.

- Acredito que seja a mãe. Ela sorri e responde.

- Caio disse que a mãe não existe na sua família, porque ela nunca esteve lá, mas que o seu maior sonho é ter uma mamãe de verdade. Os olhos dela estavam lacrimejando.

- Compreendo. Minha irmã é super presente na vida deles, tinha esperança dela ser essa referência maternal na vida deles.

- Infelizmente, não está sendo. Tente passar mais tempo com as crianças, senhor Ribas. Sugiro terapia familiar.

- Existe algum profissional capaz de auxiliá-los além dos psicólogos. O neuropediatra descartou qualquer tipo de transtorno. Digo.

-Talvez psicopedagogo ou psicomotricista talvez consiga auxiliar no processo. A emoção de Elie também precisa ser observada, pois algo está traumatizando aquela criança.

A reunião está voltada para os sentimentos reprimidos que meus filhos trazem dentro de si. Depois de duas horas, fico aguardando meus pequenos. No momento da saída procuro a mãe da criança agredida pelo meu filho. No início ela estava bastante nervosa, mas mantive a humildade, porque era uma mulher que amava o seu filho e não gostava de vê-lo machucado. Quando eles olham para o portão, começam a correr, me abaixo e eles se jogam no meu colo.

- Papai veio buscar vocês! Vamos, querem tomar sorvete?

- Sim, papai! Caio fala e Elie balança a cabeça confirmando positivamente. Saímos de mãos dadas. Coloco eles na cadeirinha. Dou partida no veículo. Preciso conversar com meu filho. 

- Caio, estive na escola conversando com a sua professora. Ela relatou sobre o que aconteceu ontem com seu coleguinha.

- Papai, ele me chamou de fraco. Então bate nele. As lágrimas escorrem do rosto do meu pequeno.

💭 O que ele sempre ouviu da mãe, que era um fraco.

- Caio, você não tem o direito de agredir ninguém, mesmo que eles tenha te ofendido. Um erro não justifica o outro.  Ele vira o rosto para janela e começa a chorar. Elie estica os braços e acaricia seu rosto.

💭 Tudo minha culpa. Eu que sou o fraco.

Ficamos em silêncio até a sorveteria. Caio está cabisbaixo ao nos sentarmos na mesa. Fazemos o pedido. Faço cafuné na sua cabeça e dou abraço apertado.

- Papai ama você, Caio. Tenho que te ensinar a ser uma pessoa seja do bem e viva para fazer o que é correto.

- Desculpa, papai! Vou tentar me controlar. Elie sorri.

Meu amor de gizOnde histórias criam vida. Descubra agora