A sala de espera do hospital parecia um abismo. Cada tique-taque do relógio era um martelo martelando meu peito. Sentado naquela cadeira fria e dura, meus olhos se fixavam na porta da UTI, como se a intensidade do meu olhar pudesse acelerar o tempo e trazer notícias melhores.
A porta se abriu e meus amigos entraram: Ruan, Valentino, Cláudio, Verônica e Mia. Seus rostos, antes tão cheios de vida, agora refletiam a mesma angústia que me consumia.
- Diego, como ela está? Ruan perguntou, sua voz carregada de preocupação.
- O estado dela é crítico. Os médicos estão fazendo tudo o que podem, mas precisamos esperar para ver como ela vai reagir ao tratamento.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto. Ruan se aproximou e me envolveu em um abraço forte, tentando me confortar.
- Onde está a Vera? Perguntou Mia, seus olhos marejados.
- Ela está lá dentro, com a Roberta. Têm cinco minutos cada um para visitá-la. Depois serei eu.
Alguns minutos depois, Vera saiu da UTI. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Ao me ver, ela correu para braços de Luan.
- Como ela está, Vera? Ele perguntou. A resposta me deixou arrasado.
- Ela está... lutando. Chorando nos braços do meu primo.
Sem conseguir conter mais as lágrimas, entrei na UTI. Roberta estava deitada na cama, pálida e com vários aparelhos conectados ao seu corpo. Seu rosto estava sereno, mas sabia que por trás daquela aparência frágil, ela lutava por sua vida.
Sentei-me ao lado da cama e peguei sua mão em minhas mãos. Era fria e úmida. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, caindo sobre sua mão, as coloco no meu rosto.
- Roberta, por favor, fica bem. Eu não consigo imaginar a minha vida sem você. Nós vamos superar isso juntos. Eu te amo.
Falei com ela como se ela pudesse me ouvir, repetindo essas palavras até que a enfermeira me pediu para sair. Ao deixar a UTI, senti um vazio imenso. A cada passo que dava, a esperança dentro de mim diminuía.
Saí da UTI com o coração dilacerado. Cada passo que dava em direção à saída era como uma punhalada na alma. A imagem de Roberta, pálida e frágil, conectada a tantos aparelhos, me atormentava. Queria ficar ali, ao lado dela, a todo custo. Mas Verônica me puxou para longe, me dizendo que precisava ir para casa e descansar.
- Diego, por favor, vá para casa. Você precisa de forças para enfrentar tudo isso. Amanhã você volta para cá. Ela implorou, seus olhos cheios de compaixão.
- Mas como vou contar para as crianças que a mãe delas está no hospital? Perguntei, a voz embargada.
- Conte a verdade, Diego. Elas são crianças, mas tem idade suficiente para entender. Respondeu, firme.
A raiva me consumia. Soquei a parede com força, deixando meus dedos brancos avermelhados.
- Aquele maldito do Jonas destruiu a nossa felicidade! Gritei, a voz rouca. Verônica me abraçou forte.
- Não, Diego. A felicidade é algo que se constrói juntos, e vocês vão superar essa dificuldade unidos com todos nós. Disse minha irmã com lágrimas nos olhos.Cláudio se juntou, nos oferecendo mais um abraço reconfortante.
Saímos do hospital, a cabeça a mil. Ao chegar em casa, Caio e Elie correram para nos encontrar.
- Cadê a mamãe? Perguntaram, ansiosos.
Expliquei que a mamãe estava trabalhando e que um homem muito mau a machucou. Ela estava no hospital para ser cuidada.
As crianças começaram a chorar. Não consegui explicar a eles a gravidade da situação. Verônica interveio:
- Ela precisa ficar no hospital para curar os ferimentos, mas logo estará em casa com vocês.
As crianças continuaram chorando, mas aos poucos foram se acalmando. Levei-as para o quarto e as abracei forte. Caio me perguntou quando a mamãe voltaria. Respondi que em alguns dias. Elie se aninhou em meus braços, em silêncio.
Depois de colocar as crianças para dormir, fui para o meu quarto e tomei um banho quente. A água escorria pelo meu corpo, mas não conseguia lavar a dor que sentia. Sentei-me na cama e me entreguei às lembranças. A porta se abriu e D. Abigail entrou com um sanduíche e um copo de suco.
- Teve mais notícias? Ela perguntou, os olhos cheios de tristeza. Assenti com a cabeça, sem conseguir falar.
- Coitadinha da Roberta. Ela suspirou. E as crianças? Como estão? Contei que elas estavam muito abaladas.
- O que os médicos disseram? Ela perguntou, com a voz baixa.
- O estado dela é crítico. Respondi, as lágrimas rolando pelo meu rosto. D. Abigail sentou ao meu lado e me abraçou.
- Vai ficar tudo bem, meu filho. Tenha fé.
As horas se arrastavam como se fossem dias. Deitado na cama, tentava encontrar o sono, mas era impossível. A imagem de Roberta, pálida e frágil, naquela cama de hospital não saía da minha cabeça. Cada ruído, por menor que fosse, me despertava em um susto, como se estivesse esperando por uma ligação, uma notícia.
A fome me atormentava, mas a ideia de colocar algo na boca era insuportável. A angústia era tão grande que qualquer coisa me parecia irrelevante. Levantei da cama e caminhei pela casa sem rumo, como um zumbi. A casa, que antes era um refúgio, agora parecia vazia e fria.
Olhei para a foto da família no celular, Roberta sorria radiante, abraçada a mim e às crianças no dia piquenique. Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Como a vida podia ser tão cruel? Um momento estávamos felizes, planejando o futuro, e no outro, tudo se despedaçava.
Sentei-me na poltrona da sala e fiquei olhando para a janela. A noite estava escura e silenciosa, mas dentro de mim, uma tempestade se agitava. A cada segundo que passava, a preocupação com Roberta aumentava. Será que ela estava sentindo muita dor? Será que os médicos estavam conseguindo controlá-la? Milhares de perguntas martelavam minha mente, sem encontrar resposta.
A saudade era uma dor física. Senti falta do seu toque, do seu sorriso, da sua voz. Lembrei-me de todas as nossas conversas, de todas as nossas aventuras. A vida sem ela parecia sem sentido.
O sol começou a raiar e eu ainda estava sentado na mesma poltrona, perdido em meus pensamentos. A esperança era uma faísca que se apagava a cada minuto. Mas, por mais difícil que fosse, precisava ser forte. Por Roberta, por nossas crianças e por mim mesmo.
Assim era o que eu esperava, mas tudo seria diferente...
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Meu amor de giz
RomanceRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...