A conversa fluía animada, e Diego comentou sobre o relacionamento de Greice e Valentino, que estavam namorando e haviam ido passar o Natal com a família do marido da mãe de Greice. Foi nesse momento que minha mãe, D. Márcia, soltou uma frase que me deixou incrédula:
- As amigas da Roberta são tão bobas quanto ela, todas acreditam que rapazes ricos e brancos vão se casar com mulheres da periferia.
O pai de Luana, intrigado, perguntou o motivo de tal afirmação. Minha mãe, sem hesitar, respondeu:
- Porque é a pura verdade! Elas acham que estão vivendo um romance de novela e se casarem com um homem rico.
Antes que pudesse responder, Diego segurou minha mão, me impedindo de entrar em uma discussão. O pai de Luana, no entanto, defendeu nossa posição:
- O amor, quando é verdadeiro, supera todas as diferenças. Meu pai, Alcides, concordou:
- A vida nos apresenta muitos desafios, mas o amor sempre encontra um caminho. D. Márcia, irônica, retrucou:
- Para os burgueses, na primeira dificuldade é chutar a mulher da periferia. Era visível ódio no olhar dela.
Vera tentou argumentar, mas minha mãe a interrompeu, afirmando que nós duas éramos idiotas por acreditar que homens brancos se casariam conosco.Eu não consegui mais me controlar. Levantei-me e, com a voz firme, disse:
- Mãe, a senhora não pode generalizar e culpar a gente por tudo o que aconteceu com tia Maria. Só porque aconteceu uma tragédia com sua irmã , não significa que a mesma coisa vá acontecer conosco.
- Quem é tia Maria, Betinha. Vera perguntou. D. Márcia ficou surpresa com minha reação. Continuei:
- Eu não vou permitir que a senhora continue diminuindo homem que amo ou me faça sentir inferior por causa da minha origem. Formei uma família com ele e que me respeita, e isso é tudo o que importa.
Minha mãe gritou, afirmando que Diego nunca se casaria comigo. Respondi com a mesma intensidade:
- Não tem problema, mãe. Porque, na verdade, já tenho a família que sempre sonhei. Uma família que me acolhe, que me ama e que me respeita. Diego, por favor, busque as crianças!
- Roberta, se acalme...interrompo sua fala.
- Agora! Diego, busque as crianças, por favor! Meus olhos estavam fixos em minha mãe.
Diego, percebendo a tensão, se levantou e foi buscá-las. Todos tentam acalmar a situação, mas eu estava determinada a colocar um ponto final naquela discussão.
- Mãe, sei o quanto a senhora sofreu com a partida da minha tia, mas Diego não é responsável por isso. Ele não culpado. Pelo contrário, me protegeu, cuidou de mim e me ajudou a superar a minha dor. E sabe de uma coisa? Prefiro mil vezes viver em família, mesmo que não tenha em uma cerimônia tradicional e com aliança no dedo, do que viver com alguém que não amo e viver infeliz.
- Você não tem noção de como minha mãe e meu pai sofreram. Não vou viver isso com você e Vera. Minha mãe responde com lágrimas escorregando no rosto.
- Afinal, de quem estão falando? Vera pergunta.
- Quem deve te contar é minha mãe. Diego! Chamo por ele.
Meu pai tentou acalmar os ânimos e Douglas pediu para que minha mãe parasse. Mas nada adiantou.
- Ele não vai casar com você, Betinha. Ela insiste.
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Meu amor de giz
Storie d'amoreRoberta Antunes sempre viveu uma vida cheia de desafios. Não ter admiração da mãe, enfrentar o preconceito das pessoas e enfrentar a ingratidão daqueles que se dedicou a ajudar, podem ser motivo para desistir, mas para ela tudo é motivação para cont...